Tempo de viagem de 45 minutos é considerado bom pelos usuários, que reclamam, no entanto, de atrasos
Projetos do governo Estadual preveem investimentos no transporte ferroviário. Dentre eles, a conclusão da Linha Sul do Metrô e a construção do ramal Parangaba-Mucuripe
Terminal do Papicu: passageiros enfrentam filas e horas de espera para conseguir embarcar nos coletivos
Metrofor promete melhorias, como a recuperação de antigos carros e a reestruturação das estações
Na única linha férrea ativa de Fortaleza, a Oeste, as dificuldades também são muitas. Os usuários enfrentam problemas, que vão desde o pequeno número de veículos para atender à demanda até atrasos. Apesar das reclamações, os usuários afirmam preferir este transporte ao ônibus.
Nas primeiras horas de ontem, a reportagem acompanhou os passageiros no trajeto de Caucaia a Fortaleza. A grande maioria dos usuários daquele sistema de transporte público é formada por profissionais liberais, trabalhadores, operários e estudantes.
A cidade da Região Metropolitana é considerada dormitório (as pessoas trabalham ou estudam na Capital e vão para Caucaia apenas dormir).
A viagem ter duração aproximada de 45 minutos, tempo de deslocamento considerado bom se comparado com a de ônibus. Mas o percurso Caucaia-Estação Ferroviária João Felipe, no Centro de Fortaleza, é a apenas um trecho. A grande maioria dos usuários precisa ainda utilizar o ônibus para chegar ao destino. E aí, são obrigados a enfrentar engarrafamentos e coletivos lotados.
Reclamações
No caso dos trens, o problema apontado pelos passageiros é a quantidade de veículos que poderia ser maior. Os atrasos também foram motivos de reclamação. Mas, eles apontam vantagens. De acordo com o servidor público Luis Clóvis, a rapidez, o custo baixo e um conforto maior que os demais transportes públicos são as grandes vantagens da linha férrea.
"Mesmo com os atrasos, eu prefiro os trens. Até me sinto mais seguro, já que em cada vagão tem um segurança", diz.
Segundo Edilson Aragão, diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), para aumentar a capacidade de atendimento da demanda, trazendo melhorias aos usuários, o órgão está recuperando antigos carros e reestruturando as estações.
Edilson Aragão, que também é professor do Curso de Arquitetura da Universidade de Fortaleza (Unifor), afirma que a situação da mobilidade urbana na Capital cearense se dá principalmente pela falta de integração entre os sistemas de transportes, sendo assim a insatisfação algo automático.
"É necessário que tenhamos ônibus articulados e com corredores exclusivos, por exemplo. No caso dos trens, o ideal é que cada um saísse da estação em um intervalo de 15 minutos (hoje de 30 minutos). Contudo, isto só será possível com o metrô", explica o professor.
O especialista comenta que os problemas nos transportes públicos estão relacionados com o desenvolvimento da cidade, já que este crescimento tem como consequência um maior adensamento populacional, mais veículos nas ruas e avenidas e mais demanda para ônibus, trens e vans.
"Este desenvolvimento tornará Fortaleza mais ou menos agradável. As pessoas também podem contribuir com algumas estratégias que diminui o uso dos transportes, como morar próximo ao trabalho".
Para a assistente social Rita Maciel Ferreira, 35, usuário do transporte público, a solução seria a implantação de corredores de ônibus, implantação de ciclovias e rodízio de carros. Diariamente ela enfrenta quase duas horas para se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa. No fim do dia, ela perde aproximadamente quatro horas no trânsito. "É um absurdo. Além do sacrifício, perco horas produtivas do meu dia ".
Rita reside em Caucaia e se desloca, diariamente, para Fortaleza de trem. Ao chegar à Estação João Felipe, pega ônibus para o Terminal do Papicu e, em seguida, outro em direção a Praia do Futuro. No fim do dia, faz o percurso inverso.
Situação semelhante vive o operário João Batista Silva, 56, que reside no bairro Siqueira e trabalha nas imediações da Avenida Beira-Mar.
"Gasto um tempão para chegar ao trabalho. Às vezes saio de casa às 5 horas e só consigo chegar no prédio onde faço serviço depois das 7 horas. O meu patrão não acredita, pensa que estou mentindo", relata.
Lei da selva
Batista Silva conta que o pior é retorno para casa. O tempo gasto é maior devido aos engarrafamentos e à demanda. O operário conta que, às vezes, precisa esperar até três conduções para conseguir embarcar.
"Os ônibus vêm tão cheios que a gente não consegue entrar. Tem mulheres que caem na escada, são empurradas. É uma tristeza. E o pior é que não há fiscalização nos terminais. É a lei do mais forte", constata o operário, pai de três crianças.
"Muitas vezes, só vejo os meus filhos nos finais de semana, porque saio cedo e só chego em casa tarde da noite e eles já estão dormindo", conta João Batista Silva.
ENQUETE
Na única linha férrea ativa de Fortaleza, a Oeste, as dificuldades também são muitas. Os usuários enfrentam problemas, que vão desde o pequeno número de veículos para atender à demanda até atrasos. Apesar das reclamações, os usuários afirmam preferir este transporte ao ônibus.
Nas primeiras horas de ontem, a reportagem acompanhou os passageiros no trajeto de Caucaia a Fortaleza. A grande maioria dos usuários daquele sistema de transporte público é formada por profissionais liberais, trabalhadores, operários e estudantes.
A cidade da Região Metropolitana é considerada dormitório (as pessoas trabalham ou estudam na Capital e vão para Caucaia apenas dormir).
A viagem ter duração aproximada de 45 minutos, tempo de deslocamento considerado bom se comparado com a de ônibus. Mas o percurso Caucaia-Estação Ferroviária João Felipe, no Centro de Fortaleza, é a apenas um trecho. A grande maioria dos usuários precisa ainda utilizar o ônibus para chegar ao destino. E aí, são obrigados a enfrentar engarrafamentos e coletivos lotados.
Reclamações
No caso dos trens, o problema apontado pelos passageiros é a quantidade de veículos que poderia ser maior. Os atrasos também foram motivos de reclamação. Mas, eles apontam vantagens. De acordo com o servidor público Luis Clóvis, a rapidez, o custo baixo e um conforto maior que os demais transportes públicos são as grandes vantagens da linha férrea.
"Mesmo com os atrasos, eu prefiro os trens. Até me sinto mais seguro, já que em cada vagão tem um segurança", diz.
Segundo Edilson Aragão, diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), para aumentar a capacidade de atendimento da demanda, trazendo melhorias aos usuários, o órgão está recuperando antigos carros e reestruturando as estações.
Edilson Aragão, que também é professor do Curso de Arquitetura da Universidade de Fortaleza (Unifor), afirma que a situação da mobilidade urbana na Capital cearense se dá principalmente pela falta de integração entre os sistemas de transportes, sendo assim a insatisfação algo automático.
"É necessário que tenhamos ônibus articulados e com corredores exclusivos, por exemplo. No caso dos trens, o ideal é que cada um saísse da estação em um intervalo de 15 minutos (hoje de 30 minutos). Contudo, isto só será possível com o metrô", explica o professor.
O especialista comenta que os problemas nos transportes públicos estão relacionados com o desenvolvimento da cidade, já que este crescimento tem como consequência um maior adensamento populacional, mais veículos nas ruas e avenidas e mais demanda para ônibus, trens e vans.
"Este desenvolvimento tornará Fortaleza mais ou menos agradável. As pessoas também podem contribuir com algumas estratégias que diminui o uso dos transportes, como morar próximo ao trabalho".
Para a assistente social Rita Maciel Ferreira, 35, usuário do transporte público, a solução seria a implantação de corredores de ônibus, implantação de ciclovias e rodízio de carros. Diariamente ela enfrenta quase duas horas para se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa. No fim do dia, ela perde aproximadamente quatro horas no trânsito. "É um absurdo. Além do sacrifício, perco horas produtivas do meu dia ".
Rita reside em Caucaia e se desloca, diariamente, para Fortaleza de trem. Ao chegar à Estação João Felipe, pega ônibus para o Terminal do Papicu e, em seguida, outro em direção a Praia do Futuro. No fim do dia, faz o percurso inverso.
Situação semelhante vive o operário João Batista Silva, 56, que reside no bairro Siqueira e trabalha nas imediações da Avenida Beira-Mar.
"Gasto um tempão para chegar ao trabalho. Às vezes saio de casa às 5 horas e só consigo chegar no prédio onde faço serviço depois das 7 horas. O meu patrão não acredita, pensa que estou mentindo", relata.
Lei da selva
Batista Silva conta que o pior é retorno para casa. O tempo gasto é maior devido aos engarrafamentos e à demanda. O operário conta que, às vezes, precisa esperar até três conduções para conseguir embarcar.
"Os ônibus vêm tão cheios que a gente não consegue entrar. Tem mulheres que caem na escada, são empurradas. É uma tristeza. E o pior é que não há fiscalização nos terminais. É a lei do mais forte", constata o operário, pai de três crianças.
"Muitas vezes, só vejo os meus filhos nos finais de semana, porque saio cedo e só chego em casa tarde da noite e eles já estão dormindo", conta João Batista Silva.
ENQUETE
Reivindicações
"A quantidade de veículos deveria ser maior. A demanda é muito grande. O resultado disso são os atrasos e a lotação" LINDETE LOPES, 57 ANOS, Costureira
"A situação dos ônibus tem que melhorar. Os trens são até melhores, porque são mais rápidos e menos lotados" WLADIMIR CARVALHO, 22 ANOS, Motorista
MELHORIAS
Mobilidade urbana deve ser prioridade na Copa do Mundo
Daqui há aproximadamente dois anos Fortaleza estará recebendo um dos mais importantes eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol. Preparar a cidade para receber grandes públicos é um desafio, tendo em vista todos os problemas pelos quais a Capital enfrenta.
A Secretaria Especial da Copa, ligada ao Governo do Estado, apresenta projetos para a realização do evento relacionados à mobilidade. Dentre eles está a conclusão da Linha Sul do Metrô, que transportará cerca de 350 mil pessoas por dia na primeira etapa, e a construção do Ramal Parangaba-Mucuripe operado com Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), que passará por 22 bairros, atenderá 90 mil passageiros/dia e fará integração com os demais sistemas de transporte público. O Ramal terá um investimento total de R$ 265,5 milhões. As obras estão previstas para terem início no mês de outubro deste ano.
O titular da Secretaria, Ferruccio Feitosa, destaca que Fortaleza está em uma situação bastante confortável e privilegiada com relação à preparação da mobilidade urbana da Cidade. "Estaremos inaugurando ainda este ano duas importantes estações de metrô, Sul e Oeste, além do VLT que beneficiará 20% da população. São grandes conquistas, já que hoje a Capital cearense conta, basicamente, com os ônibus".
Segundo a Coordenadoria de Projetos Especiais e Relações Institucionais e Internacionais da Prefeitura (Cooperii), a questão da mobilidade urbana é prioridade no eixo de infraestrutura. O órgão informa que estão previstas cinco grandes obras prioritárias com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade. As intervenções acontecerão nas avenidas Via Expressa, Alberto Craveiro, Paulino Rocha, Dedé Brasil e Raul Barbosa, consideradas vias importantes no acesso ao Estádio Castelão, que ganharão melhorias na drenagem, na malha viária e na iluminação pública e a construção de viadutos e mergulhos onde forem necessários.
Corredores
A Avenida Alberto Craveiro, acesso principal ao Castelão e que será chamada a Avenida da Copa. As obras incluirão também a construção de corredores exclusivos para ônibus em várias avenidas, como Alberto Craveiro, Dedé Brasil, Paulino Rocha e Raul Barbosa.
De acordo com a Coordenadoria de Projetos Especiais e Relações Institucionais e Internacionais da Prefeitura, o investimento nas intervenções de responsabilidade da Prefeitura é de R$ 261,5 milhões.
A Cooperii assegura que as obras estão em fase de análise dos projetos executivos por parte da Caixa Econômica Federal. Após o retorno das análises, o Município de Fortaleza poderá iniciar o processo licitatório e, em seguida, começar as intervenções físicas previsto para setembro deste ano.
As obras preveem melhorias de infraestrutura, o que vai atender antigas reivindicações dos fortalezenses no tocante a mobilidade urbana e diminuição no tempo de viagem gasto pelo usuário do sistema.
SOFRIMENTO
Contadora gasta 4h no deslocamento
Em pé e com livros nas mãos, a contadora de histórias Caroline Vieira, 30, enfrenta mais um dia no Grande Circular II. O trajeto do trabalho, na Beira-Mar, para sua casa, em Messejana, leva mais de duas horas. No total, entre a ida e a volta, Caroline gasta cerca de quatro horas dentro do ônibus.
Para ela, o pior da situação é enfrentar as filas intermináveis, a lotação dos veículos e percorrer todo o percurso em pé, fazendo malabarismos para não cair com as freadas bruscas dos motoristas do ônibus.
Outros passageiros também reclamaram do desconforto e da falta de segurança. Em alguns trechos, passageiros não conseguem nem mesmo entrar nos coletivos que estão lotados. Nos terminais, o problema é semelhante. Usuários se acotovelam para conseguir uma vaga.
"Os usuários de transporte coletivo sofrem demais, principalmente, as mulheres que, por serem mais frágeis, são vítimas constantes de desrespeito".
Caroline comenta que, durante os seus seis anos de Grande Circular, já presenciou cenas de acidentes e imprudências que resultaram até mesmo em mortes. Por conta disso, a usuária toma certos cuidados, como não ficar na porta do ônibus. "É uma maratona. A gente já chega cansado no trabalho. No final do dia, eu estou completamente exausta", assegura.
Segundo ela, o conforto dentro dos ônibus é inexistente. Sobre a segurança, Caroline afirma se sentir pouco segura tanto com relação à acidentes de trânsito quanto com assaltos. "Temos que enfrentar. Precisamos do transporte. Acho, pelo menos, que deveriam investir mais no sistema, pensar mais nos usuários".
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=977127