O relógio da Central do Brasil marca 18h. Centenas de passageiros apressados correm para se espremer dentro de um trem. Acordada desde as 4h, a doméstica Edna dos Santos, de 35 anos, está louca para ir para casa, mas ainda não pode ultrapassar a roleta e se unir à multidão.
Ela precisa esperar o marido para que depois, ao chegar à estação de Queimados, ela comece uma nova viagem, carregada por ele de bicicleta. Assim, o casal economiza duas passagens de ônibus.
— Pego dois ônibus e um trem para chegar ao trabalho, em Laranjeiras. As passagens subiram muito e pago uma parte do meu bolso. Fica pesado. Então, espero meu marido para ir com ele, pegando a bicicleta noutra estação — conta Edna.
Por semana, a doméstica ganha da patroa R$ 50 para pagar as passagens. Apenas num dia, porém, se não pegasse a carona, desembolsaria R$ 15,30 com transporte.
— Pedi aumento salarial porque a passagem do metrô subiu para R$ 3,10, a do ônibus, para R$ 2,50, e a do trem, para R$ 2,80. Mas ela disse que não pode pagar mais. Não sei se vale a pena, mas preciso do trabalho porque tenho carteira assinada — afirma.
Edna nunca parou para pôr o gasto com passagens na ponta do lápis, mas sabe que boa parte da renda fica nas bilheterias. De acordo com o IPC-C1, famílias como a de Edna, comprometem 13,33% do orçamento com transporte.
A alta nos preços das passagens fez com que a diarista Rosicleia Alves, de 50 anos, perdesse dias de trabalho.
— Como o patrão paga o transporte, ficou mais caro me trazer todos os dias. Agora, só trabalho para ele duas vezes na semana — diz.
Dicas de economia:
Carona
Se você mora perto de um amigo que trabalha próximo ao seu emprego, vale fazer um acordo para revezar a carona e dividir o gasto com combustível entre todos os passageiros.
Bicicleta
Ir de bicicleta a uma estação de trem ou de metrô ajuda a economizar na passagem e, de quebra, a manter a boa forma física.