26 maio 2011

Transporte público perde espaço para o individual

Comunicado do Ipea revela que a frota de carros aumentou 9% ao ano e a de motocicletas, 19%

Os brasileiros estão trocando o transporte coletivo pelo individuai e a tendência deve se intensificar se não houver uma atuação mais forte do Governo Federal. Essa é a conclusão do Comunicado do Ipea nº 94, A mobilidade urbana no Brasil, lançado nesta quarta-feira, 25/05, no Rio de Janeiro.

O número de usuários de veículos individuais cresceu 9% ao ano, no caso dos carros, e 19% no caso de motocicletas. O uso do transporte público caiu de 68% para 51% do total de viagens motorizadas. Essas mudanças estruturais tiveram enormes conseqüências nos  gastos dos usuários, no  consumo de energia  e na  piora nos níveis de poluição, no congestionamento e nos acidentes de trânsito.

Apresentada pelo Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Carlos Henrique Carvalho, a pesquisa revelou que os sistemas de mobilidade são ineficientes e pioram as desigualdades sócio-espaciais.

O estudo apontou que mais de 20% da população no Brasil gasta mais de uma hora por dia no trajeto casa-trabalho.

“Não sou contra o estímulo ao mercado e à indústria, pelo contrário, isso mostra crescimento econômico, só que é preciso políticas públicas e racionalidade na utilização”, alerta ele, que complementa: “Na Europa, o índice de veículos cresce quase na mesma proporção que no Brasil, as famílias têm automóvel, mas utilizam o transporte público graças aos incentivos do governo”

Uma das soluções para desafogar as grandes cidades seria a integração dos transportes, como já ocorre em grandes centros como Rio e São Paulo. E mais: uma melhoria no próprio transporte, que precisa ser atrativo para a população trocar o conforto do carro pelo ônibus ou pelo metrô.  Uma última estratégia, apontada por Carvalho, seria a criação de subsídios do governo no preço do diesel para as empresas de transporte coletivo, o que provocaria um abatimento no valor da passagem, repassado ao usuário.

Os sistemas de ônibus urbanos e metropolitanos são a modalidade de transporte público predominante no Brasil,  operando  em cerca  de  85%  dos municípios.

O transporte público coletivo  urbano  atende  majoritariamente  a  pessoas  de média e baixa renda no Brasil, o que torna o valor da tarifa desses serviços um instrumento importante na formulação de políticas de inclusão social e também na gestão da mobilidade urbana.

Em 2008, foram vendidos no Brasil cerca de 2,2 milhões de automóveis e 1,9 milhão de motocicletas. 

Este aumento decorre tanto  da  elevação  do  poder  aquisitivo das pessoas quanto das deficiências do transporte público e do apoio crescente do governo  federal,  na  forma  de  isenções de  impostos  e  facilidades financeiras para a aquisição  de  veículos  individuais. Se estas condições permanecerem, as frotas  de automóveis e motos deverão dobrar até 2025.


Os dados do Comunicado fazem parte do livro Infraestrutura Social e Urbana no Brasil: subsídios para uma agenda de pesquisa e formulação de políticas públicas e também serão apresentados durante o XIV Encontro Nacional da ANPUR (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional). O evento, cujo tema será realizado no Rio de Janeiro, de 23 a 27 de maio de 2011.

Confira a íntegra do Comunicado do Ipea n° 94 - A mobilidade urbana no Brasil

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8605&Itemid=2

Arquivo INFOTRANSP