A origem das bitolas das ferrovias Texto publicado em 30 de Outubro de 2007 - |
por Sílvio dos Santos * |
Caros leitores, Hoje, falaremos sobre a origem das diversas bitolas nas ferrovias ************************* A bitola de uma ferrovia é a medida entre as faces internas dos boletos dos trilhos. A bitola padrão, normal ou stander é a de 1,435 metro, apesar de que em numerosos países elas são diferentes do número destacado. Foi George Stephenson, inventor e fabricante de locomotivas e construtor da primeira estrada de ferro na Inglaterra, em 1825, que escolheu essa medida para a maior parte das pioneiras ferrovias que ele mesmo construiu. Desde o início, essa bitola foi largamente contestada. A bitola de 1,435m, 4 pés e 8,5 polegadas em medida inglesas, já era utilizada na maioria das minas de carvão da Grã-Bretanha. Ela teve sua origem, provavelmente, na largura das carroças puxadas por uma parelha de cavalos, as quais eram utilizadas nessas minas. Estudos realizados em 1835 previam que a bitola de 1,435m permitiria uma velocidade baixa, entre 35 a 40 km/h, e propunham uma nova bitola de 2,134m. Essa nova locomotiva seria mais estável, teria uma maior superfície aquecida e, portanto, mais potência e maiores velocidades. Entretanto, em 1841, Stephenson conserva a bitola de 1,435m e aumenta a potência da locomotiva com o alongamento da caldeira, definindo a forma tradicional das locomotivas a vapor. Em 1845, na Inglaterra, uma comissão real foi encarregada de definir a largura das linhas ferroviárias. Os ensaios realizados em diferentes bitolas estabeleceram a superioridade das bitolas maiores. Contudo, a necessidade de padronização tem por objetivo evitar os numerosos e custosos transbordos de passageiros e de cargas. A bitola de 1,435m já era a mais utilizada e, por isso, a comissão real proíbe a construção de outro tipo de bitola, com exceção da Irlanda onde a norma era construir com a bitola de 1,600m. Portanto, a bitola padrão não era a ideal, uma vez que as bitolas maiores permitiam uma melhor estabilidade além de potências maiores, mas foi escolhida por questões econômicas, pois reconstruir as estradas de ferro existentes teria um custo muito alto. Quanto às vias estreitas, com bitola de 1,000m, elas permitiam uma economia notória: as plataformas menos largas e os raios de curvatura menores, permitiam uma melhor adaptação à topografia do terreno. Essa característica contribuiu para a construção de diversas estradas com bitolas menores do que um metro, entre 0,60 a 0,70m, principalmente nas regiões montanhosas. A linha com bitola de 0,60m foi utilizada pelo engenheiro francês Paul Decauville, dando o seu nome a esse tipo de via, a qual foi utilizada no mundo inteiro na agricultura, na indústria e até mesmo no uso militar. No Brasil, a Decauville foi muito utilizada na plantação de bananas ao longo do litoral. No mapa antigo abaixo pode-se notar as vias de Decauville que percorriam os bananais, como em Piaçaguera e Cubatão, na Baixada Santista, no início do Século XX. Linhas de Decauville na Baixada Santista Referências bibliográficas Encyclopedie des Chemins de Fer - François Get et Dominique Lajeunesse - Editions de la Courtille - Paris - 1980 - 557p. |
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