25 setembro 2010

Moradores da região do Morumbi fazem abaixo-assinado contra monotrilho

Sexta-Feira, 24 de Setembro de 2010
 

Folha.com

Os moradores da região do Morumbi (zona oeste de São Paulo) estão se mobilizando contra o projeto da linha 17-ouro do metrô. A linha facilitará o acesso ao bairro, mas em vez de ser uma boa notícia, os moradores dizem acreditar que o metrô trará degradação para a região. Por isso, eles organizam um abaixo-assinado contra o projeto e cogitam entrar com ação no Ministério Público.

Isso porque a linha que vai ligar Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara (zona sul) e integrar o aeroporto à rede sobre trilhos será em formato de monotrilho: trens que trafegam sobre vias elevadas. "O monotrilho vai passar quase na beira da nossa janela", reclama Oresman de Queiroz Fernandes, 48, que mora no 13º andar e tem a janela da sala voltada para a avenida Jorge João Saad, onde o monotrilho será instalado.

Oresman é síndico do edifício e aderiu ao abaixo-assinado. No prédio dele, que tem 52 apartamentos, 25 pessoas assinaram o documento, segundo o síndico.

Patrícia Cristina Tozzi Rodrigues, 45, é outra que aderiu ao movimento. Também síndica de condomínio, na Jorge João Saad, ela afirma que coletou 80 assinaturas em três dias e sua meta é chegar a 250 nomes. Ela mobilizou ainda os prédios próximos ao seu: fez um documento com reportagens sobre o assunto e distribuiu para os vizinhos, com o abaixo-assinado.

Os moradores usam exemplos de outras regiões da cidade como Minhocão e partes do metrô para justificar a iniciativa. "Minha mãe mora bem próximo ao metro Capão, que é de superfície, e a imagem é horrível. O viaduto dá margem para camelôs, indigentes e brigas de rua. Imagina a gente pagando um IPTU caríssimo aqui na região e tendo isso em nossa porta", diz Fernandes. Hoje ele paga R$ 900 de IPTU por ano e R$ 750 de condomínio.

QUALIDADE
Além do receio da degradação, os moradores questionam a eficiência do monotrilho. "Se a ideia é melhorar o transporte e a mobilidade, o adequado é o metrô. O monotrilho tem baixa velocidade, está ultrapassado", diz Júlia Titz de Rezende, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança do Morumbi), organização que está a frente do abaixo-assinado.

A ideia do documento surgiu após uma audiência pública sobre o assunto, e o abaixo-assinado circula há cerca de duas semanas. "Começamos o abaixo-assinado e ele está se espalhando", diz. As assinaturas devem ser contadas na próxima semana.

Rezende tem acompanhado as audiências e reclama que o poder público "precisaria ouvir o que a comunidade tem a apresentar". A síndica Patrícia Rodrigues concorda. "A audiência foi só um protocolo. Chegaram com um projeto pronto, as respostas eram evasivas e não havia vontade de mexer em nenhum parafuso do projeto. Só comunicaram o que está acontecendo", afirma.

Os moradores querem a revisão do projeto e a substituição do monotrilho por um metrô subterrâneo. "O Metrô alega que vai ser de superfície porque é mais econômico e mais rápido. Mas nós não temos culpa de eles estarem tão atrasados", afirma Rodrigues.

Além de incomodar por causa da possível degradação da região, o monotrilho também gera insatisfação por conta das desapropriações necessárias a sua implantação. Uma moradora cuja casa está entre as que podem ser desapropriadas questiona se o trem trará benefícios para a região: "A maioria da população é contra, então não entendo onde está o interesse público."

Ela acredita que vale mais a pena esperar mais tempo por um metrô subterrâneo do que aceitar a proposta atual. "O povo mais pobre está sendo iludido. O Metrô diz que não pode fazer subterrâneo, então o povo aceita o monotrilho. Mas ele não vai resolver o problema, e fazendo um monotrilho agora, nunca vamos ter metrô", diz.

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