14 agosto 2011

Urbanista aponta caminhos da mobilidade urbana

Luc Trottier defende a ocupação do centro das cidades e o uso intensivo do transporte público

Imagine uma cidade praticamente sem carros particulares rodando pelo seu centro, com ruas de calçada larga e em que quase todos andam de trem ou ônibus.
 
É assim que, pelo menos em parte, o arquiteto e urbanista suíço-canadense Luc Trottier, especializado em arquitetura sustentável e mobilidade urbana, pensa como seria o ideal para ser viver. "Eu sei que é praticamente impossível viver sem carro, mas isso seria ótimo em vários sentidos", ponderou Luc, durante entrevista realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Pós-graduado na França, Luc Trottier veio a Natal em companhia da esposa e acabou aceitando o convite do Departamento de Políticas Públicas da UFRN, para proferir a palestra, que superlotou um auditório no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e mais uma sala de aula, que transmitia o encontro ao vivo, via internet.
 
 O estudioso se baseou na sua tese de mestrado, chamada "Arquitetura e mobilidade -repensar a composição urbana da ótica de uma mobilidade durável.

Inimigo da presença do carro particular nas cidades, durante a palestra e em entrevista concedida à reportagem de O Poti/Diário de Natal Luc trouxe à tona diferentes - e inovadores - conceitos sobre densidade e mobilidade urbana, defendendo exatamente o contrário do senso comum e do que ocorre na maioria das cidades de todo o planeta. "A solução para uma melhor mobilidade é encurtar distâncias, favorecendo o pedestre. Há de ser ter uma maior concentração populacional para promover qualidade de vida, além de uma melhora no trânsito.
 
Cidades como Paris, com mais de 20 mil habitantes por quilômetro, e Barcelona (16 mil habitantes por km²) são excelentes cidades para se viver, mesmo com a alta concentração de pessoas", explicou o arquiteto e urbanista.
 
O adensamento, no entanto, deve ser orientado, pois, de acordo com ele, a construção de arranha-céus não é o caminho e sim o investimento em quarteirões.

Partindo da lógica de que tendo tudo mais perto, aliado a preferência das ruas para o pedestre e não para o carro, o cidadão irá preferir andar, ao invés de usar o carro - o vilão, em vários sentidos, para Luc Trottier. "A aceleração da urbanização nas cidades nos últimos 50 anos criou uma fragilidade nas cidades e falta de uma reforma no setor de transporte, o único a não mudar na história recente, favoreceu a situação atual das cidades.
 
Este setor é o único que continua em um gasto crescente de energia, enquanto todos os outros consomem menos a cada ano", afirma Luc. Segundo ele, a presença maciça do carro como transporte em todo o mundo causa enorme impacto tanto na ecologia como na economia, tornando-o um fator dominante nas cidades. 
 

Arquivo INFOTRANSP