20 agosto 2011

Projeto urbanístico vencedor para o Rio 2016 aposta no legado dos Jogos

O escritório de arquitetura britânico responsável pelo projeto do Parque Olímpico de Londres para as Olimpíadas 2012, também foi contratado para .... Foto: EFE
Projeto do Parque Olímpico do Rio foi apresentado nesta sexta-feira

Deixar como herança aos cariocas a estrutura das Olimpíadas de 2016 integrada à cidade é a principal marca do plano urbanístico vencedor do Projeto Olímpico do Rio de Janeiro, anunciado nesta sexta-feira.
 
O urbanista australiano Adam Williams e arquiteto britânico Bill Hanley disseram que o projeto do Rio reproduz alguns conceitos presentes no plano de Londres, também assinado por eles.
 
Para evitar desperdício, o plano apresentado pelo escritório londrino da Aecom, uma multinacional americana, prevê estruturas provisórias para evitar subaproveitamento no futuro.
 
"Para alguns, o projeto talvez não pareça espetacular à primeira vista. Mas nós quisemos ser pragmáticos, fazendo algo que se adeque às necessidades da cidade e funcione em seu contexto, sem recorrer a grandes gestos arquitetônicos", disse Williams.
 
O projeto traça os planos de urbanização de uma área de mais de mil quilômetros quadrados na região do Autódromo de Jacarepaguá, um terreno triangular com dois lados voltados para uma lagoa, na zona oeste do Rio.
 
Durante os jogos, o Parque Olímpico vai abrigar disputas de 15 modalidades esportivas, como basquete, judô e saltos ornamentais (os projetos de cada instalação esportiva não fazem parte plano urbanístico e serão escolhidos em novo concurso).
 
As diretrizes para o plano urbanístico estabelecem que, após os jogos, parte da área deve se transformar em um bairro, enquanto outra - com estruturas olímpicas permanentes - daria lugar ao Centro Olímpico de Treinamento (COT).
 
A recomendação era que pelo menos 60% da área desse lugar a empreendimentos futuros (residenciais ou comerciais), ficando o restante (cerca de 40%) para o COT.
 
"Nós desafiamos esse número e propusemos que apenas 25% continue sendo o Centro Olímpico. Achamos que 40% era grande demais, um espaço que seria custoso manter, e vimos que a área menor pode satisfazer as exigências da cidade e do comitê olímpico", argumenta Williams.
 
De acordo com o urbanista, o principal aprendizado com a Olimpíada de Londres foi conceber espaços eficientes para abrigar os jogos, mas sem gerar estruturas que vão ser subutilizadas e custar caro para manter no futuro.
 
Concurso
 
Promovido pela prefeitura e pelo Instituto de Arquitetos Brasileiros (IAB), o concurso internacional contou com 60 trabalhos apresentados por escritórios de 18 países.
 
Os projetos eram identificados por números, para que o júri avaliasse as propostas sem conhecer seus autores. Outros finalistas também eram estrangeiros: em segundo lugar, ficou um projeto dos Estados Unidos, e em terceiro, um de Portugal.
 
Presidente do IAB, Sérgio Magalhães ressalta dois parâmetros fundamentais estabelecidos para os concorrentes: eles deveriam levar em consideração "o tempo olímpico" e "o tempo da cidade como um todo".
 
"Tinha que ser um projeto excepcional durante os jogos e também para o o tempo além de 2016. Esse projeto conseguiu isso, com um desenho urbanístico de muita qualidade e até com certa referência a valores paisagísticos do Rio, como o calçadão de Copacabana", aponta Magalhães, chamando a atenção para a via sinuosa preta e branca que corta o terreno e remete a um dos ícones do Rio.
 
Inspiração
 
Adams diz que a referência a Copacabana foi uma de diversas inspirações buscadas para fazer com que o espaço parecesse algo familiar aos cariocas e não algo estrangeiro.
 
A equipe buscou inspiração na cultura da cidade e em arquitetos com Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e no paisagismo de Roberto Burle Marx. O Aterro do Flamengo, projetado por Burle Marx, por exemplo, foi a referência para desenhar a orla da Lagoa de Jacarepaguá. "Sabemos que os cariocas gostam muito de praticar esportes e atividades de lazer, algo que o Aterro proporciona", afirma Williams.
 
"Não queríamos chegar e projetar prédios mirabolantes. Queríamos ter elementos com os quais as pessoas pudessem se identificar e que já funcionassem bem na cidade", concluiu.
 
Trânsito
 
O resultado do concurso foi anunciado no Parque Aquático Maria Lenk, ao lado do Autódromo, e parte do futuro complexo. Williams admite que ficou um bom tempo parado no trânsito, em pleno meio-dia, antes de conseguir chegar de Jacarepaguá, na zona oeste, e no caminho de volta à Copacabana, na zona sul, trajeto que será feito por muitos turistas e jornalistas durante os jogos.
 
Ele acredita, entretanto, que a cidade já esteja remediando os problemas do trânsito e da mobilidade pública com a abertura dos corredores expressos de ônibus (BRTs) e com a expansão do metrô, projetos que deverão ficar prontos a tempo da Olimpíada.
 
O urbanista não nega que o terreno que tem "em mãos" seja isolado e pouco amigável a pedestres. Mas acredita que, com o tempo, aquela área ficará cada vez mais integrada à cidade.
 
"A região da Barra é uma parte do Rio relativamente nova. As estruturas corretas estão começando a entrar nos eixos, e com o tempo isso vai amadurecer. Há muita oportunidade aqui, muito potencial de desenvolvimento, e espero que nossas conquistas sejam replicadas e possam influenciar uma área maior", afirma.
 
"Espero que ajude as pessoas lá fora a pensarem na Barra quando pensarem no Rio, da mesma forma que pensam no Leblon", finalizou.

http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI5305083-EI14532,00-Projeto+urbanistico+vencedor+para+o+Rio+aposta+no+legado+dos+jogos.html

Arquivo INFOTRANSP