Debate fez parte do Seminário RespirAR, promovido pela TV Globo.
Incentivo aos transportes alternativos foi um dos pontos abordados.
Pesquisadores discutiram nesta quinta-feira (25) a relação entre poluição e mobilidade no trânsito de São Paulo. O debate fez parte do Seminário RespirAR, promovido pela TV Globo e realizado no teatro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Os palestrantes Paulo Saldiva, professor titular de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, Tanya Müller, secretária do Meio Ambiente da Cidade do México, e Douglas Dockery, professor de Epidemiologia Ambiental da Universidade de Harvard, conversaram sobre políticas públicas de combate à poluição e maneiras de melhorar a mobilidade sem prejudicar o ambiente.
O incentivo aos transportes alternativos sustentáveis, a melhoria do transporte público e a adoção de práticas simples, porém efetivas, foram alguns dos pontos abordados pelos três especialistas.
“Mudar a atitude de cada um é fundamental”, disse Saldiva. Em sua opinião, empresas que se dizem preocupadas com as questões ambientais deveriam incentivar mais a carona solidária, “não apenas reciclar papel e copinho”. “Essa carona ajuda também na socialização”, acrescentou.
Depois de acompanhar por 25 anos pacientes com problemas cardiovasculares, o professor Dockery traçou uma clara relação entre doenças e as partículas no ar. “A expectativa média de vida dos paulistanos cai em 3,5 anos por conta dessa poluição.”
México
O incentivo ao uso de bicicleta foi tema de explanação da secretária Tanya. Enquanto um carro trafega a 12 km/h em média nos horários de pico, o veículo não poluente anda a 16 km/h. “Um trecho de 8 km que seria percorrido em 40 minutos por um automóvel acaba sendo feito em apenas 30 minutos de bicicleta”, disse.
Além de ser mais eficaz quando há tráfego lento, a bicicleta não polui e melhora a saúde de seu usuário, que pratica um exercício físico. Para isso, porém, é preciso algumas alterações nas vias. Na Cidade do México foram criadas ciclovias, cicloestacionamentos e o programa Ecobici – a pessoa pode alugar diariamente uma bicicleta para trafegar de um ponto a outro da cidade após pagar uma anuidade. Há atualmente 90 cicloestações no município.
O seminário, que contou também com a presença de representantes de cidades paulistas e de ONGs, marcou o fim da série de reportagens especiais sobre poluição feitas pela TV Globo. O objetivo foi discutir possíveis soluções para o problema. “As questões ambientais têm cada vez mais relevância nas políticas públicas e no coração do cidadão”, disse o diretor-geral da Rede Globo, Octávio Florisbal
São Paulo
Durante a abertura do seminário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ressaltou as políticas de transporte que ajudam a combater a poluição do ar. “Investimento em Metrô e trem é extremamente relevante. Todos os nossos esforços são para o transporte sobre trilhos”, ressaltou o governador.
Outras medidas que, segundo Alckmin, ajudaram a melhorar a qualidade do ar - principalmente na cidade de São Paulo - foram a ampliação do Rodoanel Mário Covas, que retira principalmente veículos de carga das ruas e avenidas paulistanas, a recuperação da Serra do Mar e a implantação de impostos sobre os combustíveis. “A taxa de ICMS sobre a gasolina, que é mais poluente, é de 25%, enquanto a de álcool fica em 12%. Com isso, o carro flex acabou se tornando um carro a álcool.”
Também presente no seminário, o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, disse que o combate à poluição depende de todos e lembrou que a cidade de São Paulo, que já foi considerada a mais poluída visualmente, “em seis meses passou a ser a com menos poluição visual”.