Um
estudo apresentado na sexta-feira, 7 de junho, mostrou que se o metrô
paulistano deixasse de existir, a economia local perderia R$ 6,15
bilhões por ano, o equivalente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB,
soma de todos os bens e serviços produzidos no município) da capital
paulista.
O estudo fez parte de um workshop promovido na Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
(USP), em que foram mostradas pesquisas sobre os impactos da existência
do metrô no município sob vários aspectos, como economia, acessibilidade
e saúde.
Segundo o professor Eduardo Haddad, coordenador da
pesquisa, os cálculos foram baseados na infraestrutura ligada à
mobilidade e no modo como ela afeta a produtividade dos trabalhadores.
“Isso, por sua vez, afeta a competitividade das firmas, e, por meio de
relações de renda, produtivas e comerciais, afeta toda a economia
brasileira”, destacou à Agência Brasil Haddad, que é professor do
Departamento de Economia da USP e diretor de pesquisas da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Com as pessoas que usam o
transporte público demorando mais a chegar ao trabalho, elas tornam-se
menos produtivas e as empresas obtêm menos lucro, fazendo com que o
governo arrecade menos, destaca a pesquisa.
Outro ponto levantado na
consulta foi que a redução do bem-estar proporcionado pelo metrô faria o
consumo das pessoas cair e, com isso, diminuiria a arrecadação
governamental.
Além disso, como a capital paulista é um grande
polo econômico, a inexistência do metrô geraria impacto negativo na
economia nacional – o país perderia R$ 19,3 bilhões por ano, o
correspondente a 0,6% do PIB. “Apesar de ser uma infraestrutura local, o
metrô [de São Paulo] causa impacto sobre toda a economia brasileira”,
concluiu Haddad.
Problema de mobilidade
Ao longo de 74
quilômetros e 64 estações, o metrô paulistano transporta diariamente 4
milhões de passageiros, o equivalente a 20% das viagens no transporte
público.
De acordo com Haddad, o valor de R$ 19,3 bilhões ao ano
(impacto no país) corresponde a 65% dos custos da construção de toda a
rede do metrô.
A despesa com cada quilômetro do metrô fica em torno de
R$ 300 milhões.
Na opinião do pesquisador, o exemplo da capital
paulista pode ser pensando para outros municípios. “Isso é importante
não apenas para São Paulo, mas, quando se pensa em mobilidade em outras
grandes cidade brasileiras, esse problema também se coloca”.
Mais poluição
Já
o ar na capital paulista seria, em média, 30% mais poluído caso o
metrô, que transporta diariamente 4 milhões de passageiros, não
existisse.
O resultado foi obtido por meio de uma simulação feita pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que mostra aumento nas
concentrações dos poluentes no ar, principalmente de material
particulado.
Responsável pela pesquisa, a professora do
departamento de ciências exatas e da terra da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), Simone Georges Miraglia, explicou que esse
percentual foi obtido em determinadas condições meteorológicas, que
podem variar conforme o dia.