Cada amostra de ar coletada continha um bilhão de bactérias, algo equiparável ao encontrado no ar exterior
Norman R. Pace, microbiologista da Universidade de
Colorado em Boulder, foi um dos primeiros pesquisadores a utilizar o
DNA para estudar micróbios.
Ele pesquisou os extremófilos (organismos
que vivem em ambientes extremos) das fontes termais do Parque Nacional
de Yellowstone e chegou a mergulhar com o submersível Alvin para
examinar a vida microbiana das fontes hidrotermais.
Como qualquer
microbiologista que já viu muita coisa, ele cumprimenta os visitantes
com um "toca aqui".
Pace também pesquisou um ambiente exótico que é muito mais familiar
para os nova-iorquinos: o metrô da cidade.
Mas qual era seu objetivo? Descobrir exatamente como é o ar que se respira lá baixo – e se as
criaturas invisíveis seriam motivo de preocupação. Além disso, seu
estudo fornece uma "base prévia", ou seja, uma noção de quais são as
condições normais do ar nessas áreas – o que é extremamente útil no
caso de um ataque bioterrorista, das inundações recentes ou de qualquer
outra catástrofe.
Em cada uma de sete estações pesquisadas – Times Square, Grand
Central (com as linhas 4, 5, 6 e 7), Union Square, Chambers Street,
Bowling Green e a estação abandonada da IRT na prefeitura – a equipe de
Pace coletou dois metros cúbicos de ar, o equivalente ao que uma pessoa
respira todos os dias.
Como referência, a equipe também coletou o ar da superfície na Union
Square e dentro do mezanino da Grand Central.
As descobertas foram
publicadas na revista "Applied and Environmental Microbiology".
Cada amostra continha um bilhão de bactérias e,
surpreendentemente, costumava refletir a qualidade do ar exterior,
conforme descobriram Pace e os colegas. Contudo, a equipe destacou uma
diferença fundamental no subterrâneo: "O volume de fungos é um pouco
mais alto.
Porém, há muita madeira podre por lá, de forma que isso não
chega a surpreender."
A equipe não identificou qualquer patógeno humano e apenas cinco por
cento das espécies microbianas (que representam um quinto das
identificáveis) eram provavelmente originadas na pele humana – em
calcanhares, cabeças e antebraços, principalmente.
"Todas as vezes que você desce, a pressão do ar dentro de seus
sapatos aumenta", afirmou Pace. "Você pisa e libera um pouco de ar
quente, que por sua vez carrega a microbiologia do pé."
Essa "nuvem
convectiva" é irradiada pelos corpos dos cerca de 1,6 bilhão de
passageiros que utilizam o sistema de metrô todos os anos. Bactérias
associadas à pele humana foram encontradas até mesmo na estação
abandonada, no centro da cidade.
O veredito: o ar lá de baixo não é causa para preocupação e, do
ponto de vista da microbiologia, o ar úmido de lá de baixo não é
diferente de qualquer local cheio de gente.
"Não identificamos nada estranho e certamente nada ameaçador",
afirmou Pace. "Pelo menos, nada mais ameaçador que a pessoa ao seu lado
na plataforma do trem."