Para bloquear vista de prédio de luxo, elevado da Linha 17-Ouro deverá ter cobertura plástica que escurece quando o trem passa
Para evitar incômodos a moradores de um prédio de luxo, o
Metrô de São Paulo estuda "esconder" o monotrilho da Linha 17-Ouro, que
funcionará na zona sul da capital.
Uma ideia avaliada pela empresa,
controlada pelo governo do Estado, é instalar um envelope de plástico ao
redor do elevado por onde circularão os trens.
A estrutura tem cristais
que vão escurecer na hora em que a composição rodar por ali, impedindo
que os passageiros possam ver os apartamentos.
Esse mecanismo, segundo Jurandir Fernandes, secretário estadual dos
Transportes Metropolitanos, poderá ser colocado em um trecho da linha
que fica perto de um edifício residencial no Panamby, bairro nobre da
cidade.
"(Com) esse prédio, nós temos esse compromisso: iremos e podemos
envelopar o trecho", disse o dirigente ontem, em audiência pública
sobre o Metrô na sede do Ministério Público do Estado, no centro da
capital.
Sobre o material que compõe o envelope, Fernandes explicou que ele
muda de tonalidade por meio de um circuito elétrico, acionado quando o
trem está se aproximando.
"A gente pode deixar essa barreira totalmente
translúcida, bonita, leve, mas, na passagem do trem, ela simplesmente
muda.
Como exemplo, aqueles brinquedos que, conforme você mexe, eles
ficam mais escuros ou mais claros.
Essa movimentação você pode fazer com
uma descarga elétrica no circuito que fecha os cristais (no plástico)",
explica Fernandes.
O secretário afirmou que envelopamentos já foram utilizados em outras
linhas do Metrô, como a 2-Verde, perto da Estação Tamanduateí, na zona
leste.
Ali, no entanto, o material empregado foi o metal, ou seja, bem
menos "leve" do que o que a Companhia do Metropolitano agora avalia para
a Linha 17-Ouro.
Depois da audiência pública, a Assessoria de Imprensa do Metrô
informou que o projeto executivo daquele trecho da Linha 17 está sendo
elaborado e o tipo da barreira visual ainda será definido.
Existem duas opções, segundo o órgão: usar um sistema de células
fotoelétricas para "embaçar" (e não escurecer, como disse o secretário)
os vidros dos próprios trens quando eles passarem na região do Panamby
ou instalar uma barreira metálica com uma proteção plástica naquele
local.
Contra. A diretora do Movimento Defenda São Paulo, Marcia Vairoletti,
que acompanhou a audiência pública - e é contra a obra em forma de
monotrilho -, questionou a eficácia dessa barreira. "Vai continuar sendo
semelhante ao Minhocão (pelo fato de ser elevado).
É apenas para
justificar uma obra que não tem justificativa", critica. Para Marcia, o
Metrô pode ter avaliado essa medida para fazer os compradores de
apartamentos milionários em condomínios da região "ficarem com a boca
fechada" e não reclamarem tanto da obra.
Fernandes disse que a tecnologia do escurecimento dos vidros "não é
cara" e as obras naquela região começam no primeiro semestre do ano que
vem.
Atualmente, só a parte central da Linha 17-Ouro está sendo
construída.
Ela ligará a região do Aeroporto de Congonhas à Estação Morumbi da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A previsão é de que o
primeiro trecho do ramal seja inaugurado em 2015.
O terceiro trecho da
linha, até o Jabaquara, ainda está em fase de desenvolvimento - e deverá
ser concluído em 2016.