O equivalente à população de Araçatuba vai e vem todo dia de São Paulo para municípios vizinhos, como os do ABC e Guarulhos
São Paulo é a maior "cidade-dormitório" do País. Todos
os dias, 180 mil paulistanos atravessam os limites do Município para
trabalhar em fábricas de automóveis no ABC paulista ou no Aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos, entre outros destinos.
Os trabalhadores
intermunicipais se concentram em distritos fronteiriços, como Sacomã,
Jaguaré ou Itaim Paulista.
Os dados fazem parte de estudo do Ibope em parceria com o Estadão
Dados, com base nos questionários detalhados do Censo 2010.
O
levantamento integra série 96xSP, que traz reportagens sobre temas como
migração e deslocamento nos 96 distritos da capital.
Se São Paulo é um dormitório, também é o maior polo de atração de
trabalhadores do Brasil.
Estima-se que entrem diariamente na capital
paulista de 3 a 4 vezes mais pessoas para trabalhar do que paulistanos
que saem com o mesmo propósito.
O equivalente à população de uma cidade como Araçatuba, no interior,
vai e vem todo dia de São Paulo para as cidades vizinhas.
O número é 2,5
vezes maior do que o de cariocas que saem do Rio para trabalhar nos
municípios próximos.
O gerente de projetos Alexandre Severini, de 38 anos, é um desses
paulistanos.
Ele se considera "privilegiado" por morar na Saúde, zona
sul da capital, e trabalhar em uma empresa de autopeças em São Caetano
do Sul. "Todo dia vou e volto no contrafluxo. Não demoro nem meia hora",
conta.
O entusiasmo, porém, não seria tão grande se ele não fosse de carro.
De transporte público, ele calcula que demoraria mais de uma hora,
dividida entre dois ônibus, trem e metrô. "Minha mulher, que é
urbanista, já me aconselhou a largar o carro. Mas não há metrô fora de
São Paulo, é difícil", afirma.
Marcos Bicalho, assessor técnico da Associação Nacional de
Transportes Públicos (ANTP), diz que, na verdade, a facilidade de se
deslocar no contrafluxo não é algo favorável. "Mostra que você tem uma
infraestrutura cara que está ociosa, pois só é usada em um sentido por
vez." Por isso, segundo ele, a ANTP defende a tese chamada de "não
transporte". "A melhor solução para uma cidade é aproximar a moradia das
pessoas dos locais onde elas trabalham", explica.
Conexões. Alguns distritos têm número relevante de pessoas que
ultrapassam as fronteiras pela proximidade geográfica com outros
municípios. É o caso do líder no número de pessoas que trabalham fora, o
Sacomã. A maior parte vai para cidades como São Bernardo do Campo e São
Caetano do Sul.
Outros fluxos intensos de deslocamento pendular são Sapompeba-Santo
André, Jaguaré-Osasco e Vila Prudente-São Caetano do Sul. No centro
expandido, destacam-se os bairros de Vila Mariana, Perdizes e Itaim Bibi
- 7,5 mil moradores desses distritos trabalham em cidades como Santana
de Parnaíba e Guarulhos.