09 junho 2013

Editora de ZH relata episódio inusitado em trem italiano

 
 Percurso Nápoles-Roma foi atrasado pelas diferentes polícias italianas
 
Editora de ZH relata episódio inusitado em trem italiano Rosane Tremea/Rosane Tremea
Policiais italianos em trem evacuado em Nápoles, na Itália Foto: Rosane Tremea / Rosane Tremea
 
Não lembro de ter perdido trem, avião, ônibus, carona... Sempre fui meio mineirinha. 

Só que, na última viagem, os “quase perdi” andaram ali, ali. Salva pela impontualidade dos trens italianos.

Mas aquele seria o último trecho “longo” de nossa viagem, com uma passagem promocional premium não reembolsável e, se não pegássemos aquele trem, além de termos de comprar um novo bilhete (sim, sangue italiano!), perderíamos também horas preciosas em Roma. 

Então, lá estávamos nós, beeem antes da hora na estação de Nápoles. Tempo para um sempre bem-vindo cappuccino e muito mais. 

Especialmente, tempo para acomodar nossas pesadas bagagens (sim, alma feminina, que não pensa nos degraus na hora de fazer a mala!), em operações sempre difíceis.

Como nunca havia acontecido naquelas muitas viagens, meia hora antes apareceu no painel a plataforma do nosso trem. 

Que sorte! Binário 16, vagão 6, nos aguarde. 

Das primeiras a entrar, assumimos as duas últimas poltronas, bem próximo da porta.

Que beleza! Bagagem pesada logo atrás dos assentos, mochilas (também peso chumbo) no bagageiro superior, sentamos, abrimos mesinhas, sacamos leituras, fones etc. 

Seria só curtir a viagem a 300 km/h com vista privilegiada, serviço de bordo com lanchinhos incluídos no preço, jornais, wi-fi etc, etc. Seria! Minutos antes da saída, eu distraída, minha irmã ouve um burburinho vindo lá detrás:

– Acho que a polícia está no trem.

Imagina, o que a polícia faria aqui, na hora de partir?!

Mas, a curiosidade matou o gato e a jornalista. 

Fui conferir. E, sim, estavam logo ali os policiais, muitos deles. E discutiam. Muito! Olhavam para um bagageiro fora do meu alcance visual. 

E as discussões em alta voz eram interrompidas pela porta automática e antirruído. 

Em seguida, por um enviado especial do nosso vagão, descobrimos o que acontecia logo ali no vagão número 7: bagagem abandonada, suspeita de bomba, vagão evacuado.

Durante 20 minutos, os policiais italianos discutiram e gesticularam (imagina!). 

Que eles não se entendiam ou chegavam a uma conclusão era certo. Nem sabia que existia tanto tipo de polícia/segurança diferente na Itália (da empresa, da estação, da cidade, do Estado, entre outras).

Mais 20 minutos (dava tempo para o trem e a estação inteira terem explodido) entra um passageiro afobado e vai gritando, pra não deixar dúvidas:

– Binário dicianove! Binário dicianove!

Lá se foram o trem inteiro, nós, as malas pesadas, as mochilas pesadas e tudo o mais descer, percorrer intermináveis plataformas até o “binário 19”, trocar de trem. 

No meio do caminho, claro, um acesso de riso que quase fez as mineirinhas sofrenildas abandonarem as malas e perderem o trem.

Quarenta e oito minutos depois, o Nápoles-Roma partia a 300 km/h. Esse trem não explodiu. 

Chegamos sãs e salvas. 

O outro ficou lá. Até onde eu sei, inteirinho.



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