23 junho 2013

Conheça o monotrilho que pode vir ao ABC


DGABC
Innovia Monotrilho 300, modelo que será fornecido para a Linha 15-Prata do metrô, estará na concorrência da PPP (Parceria Público-Privada) que construirá a Linha 18-Bronze, projeto que ligará o Grande ABC ao sistema metroviário de São Paulo.

A convite da Bombardier, fabricante do trem, a equipe do Diário foi a Kingston, no Canadá, para conhecer a planta onde são realizados os últimos testes do monotrilho que conectará a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, na Zona Leste da Capital.

A empresa já adiantou que tentará vencer a licitação para fornecimento do sistema do monotrilho do Grande ABC, que passará por São Paulo, São Caetano, Santo André e São Bernardo. 

E o governo do Estado assegurou que o desempenho do veículo na Capital servirá como critério técnico para definir a empresa responsável por tirar do papel a junção da região com o metrô.

Do consórcio que triunfou no certame da Linha 15-Prata por US$ 1,44 bilhão, Bombardier e Queiroz Galvão afiançaram que encaminharão propostas ao Metrô para atuar na Linha 18-Bronze. 

Pelo grupo Bombardier/Queiroz Galvão/OAS, as duas últimas ficam com as obras civis, como a construção dos pilares de sustentação do trem.

O modelo Innovia Monotrilho 300 será implementado, a princípio, em São Paulo e na cidade de Riad, na Arábia Saudita. Tecnologias mais antigas da Bombardier já estão presentes nos sistemas metroviários de Tampa Bay, Jacksonville e Las Vegas, nos Estados Unidos.

Além de know-how mundial, a Bombardier garante reposição de peças dos trens em funcionamento. Para isso, investiu US$ 15 milhões na construção de fábrica em Hortolândia, interior de São Paulo. É lá que já são desenvolvidos os carros utilizados na Linha 15-Prata, com aval dos técnicos da empresa francesa.

DETALHAMENTO

Com estimativa de acolher até 150 passageiros por carro, o Innovia Monotrilho 300 possui sistema de tração elétrica e sustentação por pneus sobre vigas de mais de 60 metros de altura e sem condutor.

O principal diferencial, segundo o vice-presidente da Bombardier, Alain Aumais, é a redução de peso e acréscimo de desempenho.

Pesando 14 toneladas por composição, o modelo foi projetado sem preenchimento de espaços ociosos, o que, segundo a empresa, diminuiu em 30% o peso total. 

O trem, mais leve, pode alcançar 80 km/h, embora a velocidade média de atuação na Linha 15-Prata deva ser de 40 km/h. Além disso, possui sistema de recuperação de energia com frenagens.

A fabricante promete ainda cortar ao máximo a emissão de ruídos. Como o sistema é elevado, há preocupação de poluição sonora perto de residências e prédios. 

Mas a empresa diz que o som do monotrilho, para quem estiver fora do trem, será de 20 decibéis, equivalente ao sussurro de um humano.

A estrutura interna não é a praticada em sistemas de monotrilho espalhados pelo mundo. 

Cada carro tem dois motores, um à frente e outro no fim da estrutura, que são acoplados internamente na cabine. Essa metodologia permitiu redução da altura do trem, melhorando a performance nas curvas, pois a força da gravidade também é menor.

Carro funciona em SP até março de 2014

Primeiro itinerário do mundo a receber o Innovia Monotrilho 300, da fabricante francesa Bombardier, a Linha 15-Prata tem previsão para entrar em operação no primeiro trimestre do ano que vem, com ligação de duas estações: Vila Prudente e Oratório, ambas na Zona Leste, margeando a Avenida Anhaia Melo, e fazendo conexão direta com a Linha 2-Verde do Metrô.

O trajeto ainda comporta mais 15 estações, passando por São Lucas, Sapopemba, São Mateus, Avenida Jacu-Pêssego e Cidade Tiradentes. A etapa de São Mateus tem previsão de entrega para fim de 2014, com 27 trens disponíveis. Todo o trecho tem estimativa de funcionamento completo em 2016.

Ainda neste ano, o governo do Estado deve colocar em atividade, em fase protocolar, a ligação entre Vila Prudente e Oratório. 

O período será de testes e adaptação, com horários reduzidos.

A obra vai consumir investimento de US$ 1,44 bilhão, terá 24 quilômetros de extensão e 17 estações no total. 

Serão também 54 trens disponíveis a partir de 2016, com sistema automático, sem condutor, a exemplo do que está instalado na Linha 4-Amarela.

Há expectativa de atender 48 mil passageiros por hora, com promessa de redução drástica no tempo de viagem. 

Hoje o percurso de Cidade Tiradentes à Vila Prudente demora mais de duas horas. A Bombardier, com seu Innovia Monotrilho 300, assegura percorrer a mesma distância em 50 minutos.

As vigas de concreto, já colocadas em boa parte da linha, têm 60 metros de altura. 

As estações também ficarão em superfície. Segundo o governo do Estado, a metodologia permite a agilidade na obra, sem necessidade de desapropriação em massa ou perfuração do solo em larga escala. Em contrapartida, o monotrilho não oferece a mesma capacidade de transportar pessoas que o metrô.

De acordo com cálculos da Bombardier, a adoção de metrô convencional estenderia o projeto para mais de 2020, com previsão de dobrar os gastos.

Veículo é testado no Canadá e fabricado em Hortolândia

Com menos de 20 funcionários na linha de produção, a fábrica da Bombardier em Kingston, no Canadá, é responsável por todos os testes no modelo que será levado à licitação para a Linha 18-Bronze, que acolhe o Grande ABC.

A planta possui quatro pistas, com diferentes nivelações e inclinações, e compartimento para aferição de qualidade e impermeabilidade. Há também sistema de simulação de quebras, para verificar o comportamento do veículo em situações de emergência.

Toda a produção dos trens que estarão na Linha 15-Prata fica em Hortolândia, cidade próxima a Campinas. São 250 funcionários que atuam num espaço que demandou investimento de US$ 15 milhões da empresa.

A Bombardier afirmou estar munida para repor peças danificadas. Parte dos produtos será disponibilizada por fornecedores.

Amortecimento permite ir em pé, mesmo em curvas acentuadas

Em Kingston, a equipe do Diário andou no modelo de testes do Innovia Monotrilho 300. Numa área de 5.900 quilômetros quadrados, onde está instalada a planta de projeções da Bombardier, o monotrilho que pode chegar ao Grande ABC fez o percurso de ida e volta na pista por dez vezes, durante 20 minutos.

Ainda sem todos os acabamentos do carro – até porque equipamentos de testes estão à disposição dos funcionários, o que não estará aos passageiros –, o trem alcançou a marca de 78 km/h na reta e, em curva, chegou a 67,5 km/h. O sistema de suspensão permite que o passageiro consiga acompanhar a viagem em pé, sem sequer segurar em hastes de proteção, inclusive na curva.

Na parte interna há pouco espaço, em comparação ao metrô paulistano. Mas o monotrilho da Linha 15-Prata adotará a mesma fórmula da Linha 4-Amarela, em que a transposição de composições pode ocorrer internamente.

O barulho dos motores também incomoda, porém, a fabricante garantiu que o ruído será minimizado com sistema a ser instalado com o carro completo.

Responsável pela obra civil, a Queiroz Galvão disse que adotou sistema diferenciado na junção das vigas, o que deixará imperceptível a transição para quem utilizar o veículo. 
 

Arquivo INFOTRANSP