Eleita a melhor cidade do mundo para andar
de bike, a capital holandesa se depara com um efeito colateral no
mínimo curioso de seu sucesso - os congestionamentos de magrelas
Hora do rush. O sinal verde abre e você avança alguns
metros. Então para novamente.
Aguarda, aguarda, aguarda...e dá a
partida. Para de novo, menos de dez metros à frente.
Na hora de
estacionar, roda, roda e nada de encontrar vaga.
Tão comuns aos centros urbanos abarrotados de carros, cenas como essas
não causam surpresa – a não ser pelo fato de ocorrerem em um lugar que
carrega o título de paraíso mundial dos ciclistas (veja o top 20 das melhores cidades) e onde as magrelas são o principal meio de transporte para mais da metade da população.
Amsterdã, capital da Holanda, tem enfrentado um efeito colateral no mínimo curioso de seu sucesso: os congestionamentos de bicicletas.
O problema é fruto de um descompasso - a expansão da infraestrutura
ciclo viária da cidade simplesmente não está dando conta do fluxo cada
vez mais crescente de ciclistas.
Numa população citadina de 800 mil pessoas, existem ao todo 880 mil
bikes, isso é quase o quádruplo do número de automóveis.
No país, elas
também são maioria, superando em 1,2 milhões a população inteira da
Holanda.
Na capital, desde 1990, as viagens de bicicletas aumentaram
40%, ao passo que os deslocamentos de carro cresceram 22%.
Com tamanha presença, faltam lugares para estacionar as magrelas nas
ruas. No ano passado, cerca de 30 mil bicicletas foram “rebocadas” da
Estação Ferroviária Central da cidade.
Outro problema local bem familiar
ao "carrocentrismo" é o abandono de veículos nas ruas, no caso, de
bicicletas.
Em 2012, pelo menos 12 mil bikes abandonadas ou quebradas foram
retiradas do centro da cidade. Há quem reclame.
Segundo uma pesquisa, 1
em cada 5 moradores de Amsterdã se dizem irritados pelos destroços de
magrelas nas ruas.
Risco de acidentes
Ao longo dos últimos 50 anos, o número de acidentes fatais de trânsito
em Amsterdã reduziu consideravelmente, de mais de 100 vítimas por ano
para cerca de 15.
O problema: mais da metade do acidentados (56%) são de
ciclistas.
Em 42% dos casos, os acidentes resultam de erros relacionados com o
direito de passagem.
Os dados são de um estudo realizado pelo instituto
holandês SWOV, especializado em segurança no trânsito.
Embora se trate de falha humana, existem oportunidades para diminuir
ainda mais os ricos, através de uma melhor distribuição da
infraestrutura.
Diminuir o limite de velocidade e sinalizar melhor o
direito de passagem nos cruzamentos são duas maneiras de conseguir isso.
Outras causas comuns de acidentes de trânsito, segundo a pesquisa, é o
avanço do sinal vermelho. E o erro aqui não é apenas dos ciclistas, mas
de outros veículos duas rodas, como motos e scooters.
Atento à questão, o governo local desenhou um plano plurianual que visa
a prevenção de acidentes entre ciclistas, ciclomotores e pedestres.
Além de tornar mais segura a malha cicloviária da cidade, o programa
investe na mudança de comportamento, com ações de educação e
conscientização, e promete mais fiscalização para evitar infrações.
http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/amsterda-sofre-com-congestionamento-acredite-de-bicicletas