PSD diz que empresa está em "ruptura absoluta"
A Metro do Porto deve dois mil milhões de euros à Banca e as receitas de bilheteira só cobrem 70% das despesas de funcionamento da empresa. A situação é de "ruptura absoluta", garantem os deputados do PSD, eleitos pelo Porto, exigindo a intervenção do Governo.
Nos seus oito anos de funcionamento, o metro do Porto "apenas beneficiou de 5% de fundos" atribuídos pelo Governo. Por causa disso, viu-se forçado a recorrer à Banca para construir infra-estruturas. A leitura é dos deputados do PSD, eleitos pelo círculo eleitoral do Porto, que ontem, segunda-feira, se reuniram com o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Ricardo Fonseca.
Para colocar as actuais cinco linhas a funcionar e a sexta prestes a ser inaugurada, a Metro do Porto acabou por acumular dívidas à Banca que, segundo o deputado Jorge Costa, atingem os dois mil milhões de euros.
"A Metro até é um bom exemplo de gestão em termos de arrecadação de receitas", começa por sublinhar. Só que, a venda de bilhetes não chega para tudo. "As receitas das bilheteiras apenas cobrem 70% das despesas operacionais e não chegam nem para pagar metade dos custos de investimento, cujos juros dos empréstimos são muito elevados", acrescenta.
Por tudo isso, o deputado não tem dúvidas em afirmar: "Há uma ruptura absoluta no funcionamento da empresa, que se começa a sentir no incumprimento dos seus compromissos". E o funcionamento da Metro só não estará ainda em causa porque "naturalmente, as entidades credoras acreditam na boa-fé do Estado".
Paralelamente, ao desinvestimento do Governo, o memorando de entendimento de Maio de 2007 não está a ser cumprido, dizem os deputado, criticando a suspensão da linha da Trofa e o previsível adiamento da segunda fase da expansão do metro.
"Já na altura (do memorando de entendimento), dissemos que estávamos perante um embuste. Sempre achamos que o Governo tencionava adiar as intervenções. O tempo deu-nos razão. De adiamento em adiamento, estamos a chegar à paragem total", considera ainda Jorge Costa.
Perante a situação da Metro do Porto, os deputados do PDS só vislumbram três soluções. Ou o Governo assume a sua função de accionista e injecta dinheiro para "repor o equilíbrio financeiro, à custa do aumento de capital próprio da empresa", ou desvia para o metro as verbas comunitárias previstas para as linhas do TGV Porto-Vigo e Lisboa-Porto.
"São investimentos na ordem dos sete milhões de euros, comparticipados em cerca de 20%", aponta Jorge Costa. A derradeira solução seria a renegociação pelo Governo da dívida da Metro à Banca.