09 setembro 2011

Segurança é preocupação em Nova York dez anos após o 11 de setembro

Segurança é preocupação em Nova York dez anos após o 11 de setembro

Na Estátua da Liberdade são usados equipamentos dos aeroportos com tecnologia de última geração. Mensagens de alerta à população estão espalhadas pela cidade

A boa e velha Nova York é o destino de desejo de todo o mundo. Dez anos depois dos atentados de 11 de setembro essa Torre de Babel continua de pé. Até parece que nada mudou, mas só parece. Câmeras, policiais fardados ou à paisana estão por todo lado. A segurança foi mais do que intensificada para que nunca mais aconteça um atentado como aquele.

Os americanos não querem nem lembrar, mas é impossível esquecer. O primeiro alvo foi o símbolo do império econômico, as torres gêmeas. Em seguida, o Pentágono, a soberania militar, foi atacado. O quarto boeing ia em direção à sede do governo ou ao congresso dos Estados Unidos e caiu perto da capital americana.
A Estátua da Liberdade seria o próximo alvo? Imagine tirar a liberdade dos Estados Unidos? A estátua, que está de pé firme e forte há 125 anos, foi presente dos franceses ao centenário da independência americana. O medo foi tamanho depois dos atentados que a visitação foi proibida e os turistas só ganharam a liberdade completa de novo há dois anos. Mesmo assim, uma liberdade vigiada.

O superintendente do monumento, David Luchsinger, explica que são usados os mesmos equipamentos dos aeroportos, com tecnologia de última geração. Para visitar o local, a equipe do Jornal Hoje teve que passar por uma revista rigorosíssima e não puderam filmar, por uma área de segurança máxima. O equipamento passou por uma máquina de raio-x e todos entraram em uma máquina que detecta resíduos químicos ou tóxicos. Tudo para conseguir chegar à Estátua da Liberdade.

O estudante Lucas Borges Franzosi foi inspecionado como todos os 18 mil turistas que visitam a ilha por dia durante o verão. “Acho que toda a preocupação com a segurança se justifica. É um ponto bem visado depois do que aconteceu nas torres. É bastante seguro aqui, eles prezam a segurança bastante”, opina. Eles prezam tanto a segurança que vão reformar o interior da Estátua para facilitar a saída de emergência. Vinte e sete milhões de dólares serão investidos e o monumento vai ser fechado por um ano.

Outra grande preocupação é com lugares onde têm muita gente junta, como a Times Square. São 35 milhões de pessoas que circulam pelo local por ano. Um atentado por lá teria consequências devastadoras. Isso quase aconteceu, mas um herói agiu rapidamente: Lance Orton, veterano de guerra americano, que lutou na guerra do Vietnã e hoje tem uma banca na rua para vender camisetas escritas “I love NY”.

Há pouco mais de um ano, ele sentiu que algo, literalmente, não cheirava bem. Com o faro apurado de quem já lidou com explosivos, percebeu que havia algo de muito errado na fumaça que saía de um carro estacionado irregularmente. Lance chamou um policial, que chamou o esquadrão antibombas. O final dessa história ganhou as páginas das revistas e Lance virou o cara. Recebeu até um telefonema do presidente Obama agradecendo. Lance fez o que pede a campanha de segurança: se você vir alguma coisa, fale.

A mensagem do departamento de polícia de Nova York não pára e pede que todos mantenham seus pertences à vista, fiquem alerta e ainda deseja um dia seguro. A campanha está em todos os lugares, escrito nos cartões do metrô e em cartazes espalhados por todas as plataformas. Um deles, por exemplo, mostra uma mala e diz: “não pense que ela foi esquecida por acidente”. Essa campanha foi criada no ano seguinte aos atentados e fez tanto sucesso que se espalhou pelo país inteiro e não tem data para terminar. Segundo o diretor de markenting do Departamento de Transportes Metropolitanos, Mark Heavey, a campanha deve durar enquanto houver ameaça de terrorismo. Ele conta que a central de atendimento recebe a média de 30 mil denúncias por ano, a maioria de pacotes suspeitos.

O movimento é intenso: oito milhões de pessoas usam, por dia, o transporte público em Nova York. “O pessoal que mora aqui fica muito mais atento do que nós turistas”, conta a brasileira Areta Dias. Eles realmente estão alertas, mas tocam a vida, como tem que ser. “A gente não pode viver com esse medo o tempo todo”, diz o estudante Fernando da Silva Torres.


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