19 setembro 2011

Em 2020, SP terá frota de 8 milhões e paulistano só poderá sair de carro nos fins de semana


Na Semana Nacional de Trânsito, que começa neste domingo (18), especialistas no assunto levantam números que reforçam o aviso de que é preciso investir urgentemente na ampliação do transporte público ou, inevitavelmente, todos os paulistanos serão obrigados a mudar radicalmente seus hábitos.
 
Para eles, se os índices de crescimento da frota de veículos individuais e do transporte coletivo de qualidade, como o metrô, se mantiverem os mesmo até o final da década, a maior parte dos motoristas só conseguirá andar de carro na cidade nos fins de semana.

De acordo com o consultor e mestre em transportes, Sergio Ejzenberg, em 2020, o uso do veículo de passeio na capital paulista deverá ficar restrito às atividades de lazer e compras, feitas basicamente aos fins de semana e fora dos horários de pico do trânsito.

No cenário previsto por Ejzenberg para 2020, só a frota de carros e motos, sem contar ônibus, micro-ônibus, caminhões etc, chegara aos cerca de 8 milhões. Atualmente, São Paulo concentra 5,1 milhões de carros e a frota total já passa dos 7,1 milhões. Segundo o consultor, o número de automóveis deve pular para mais de 6 milhões e o de motos, para mais de 1,5 milhão até 2020.

- O problema maior não é o tamanho da frota em si, mas o uso que se faz do automóvel. A pesquisa Origem/Destino do Metrô [feita entre agosto de 2007 a abril de 2008] aponta que essas viagens eletivas [lazer] somam aproximadamente 20% do total na região metropolitana. Já os deslocamentos por motivo de trabalho e educação somam 80% e são feitos na hora de pico.

O professor de engenharia de tráfego da Unicamp (Universidade de Campinas), Percival Bisca, concorda que, neste futuro não tão distante, as pessoas deverão adequar o uso do automóvel, como já é feito em cidades dos Estados Unidos e da Europa.

Ter um automóvel é um desejo muito forte das pessoas. Se você tem dinheiro, como não vai ter carro? Mas uma coisa é você ter, outra é usá-lo para trabalhar. Em Nova York, por exemplo, as pessoas têm automóvel, mas não usam para trabalhar. Usam para o final de semana, para passear, viajar.

Os especialistas afirmam, no entanto, que para que essa mudança de hábito ocorra é preciso oferecer um serviço de transporte público de qualidade, que atenda à demanda da população que, só no capital paulista, chega aos 11,2 milhões de habitantes. (R7)

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