17 junho 2011

Trens de alta velocidade serão desacelerados na China

Redução é consequência de críticas contra rede de alta velocidade ferroviária que seria muito cara para usuários comuns


O problemático Ministério Ferroviário da China reduziu a velocidade operacional máxima do seu emblemático trem-bala, que percorre o trecho entre Pequim e Xangai, inaugurado no início desta semana, em uma acentuada mudança naquilo que se tornou uma das iniciativas domésticas mais orgulhosas e mais ambiciosas.

Trem de alta velocidade é testado em ferrovia perto de estação em Xangai, na China

A nova linha, que antes manteria a velocidade de até 430 km/h, passa a circular entre 250 km/h e 300 km/h. Isso coloca a linha na mesma velocidade que o ministério tinha anunciado em fevereiro para oito linhas tronco na rede, que ainda estão sendo construídas.

As linhas-tronco foram originalmente definidas para uma velocidade máxima de 350 km/h, um pouco mais lentas do que a rota entre Pequim e Xangai.

As velocidades reduzidas são consequência de mudanças radicais que o ministério tem feito desde que o ministro Liu Zhijun foi demitido em fevereiro sob acusações de corrupção e má gestão.

Alguns críticos disseram, na época, que Liu havia construído um império de alta velocidade ferroviário que seria muito caro para os usuários comuns e permeada por construções rápidas de má qualidade que, no mínimo, exigem velocidades mais baixas.

Os novos líderes do ministério enviaram inspetores de segurança para examinar a ferrovia entre Pequim e Xangai e no início deste mês anunciaram que ela cumpre normas de segurança.

Mas nos últimos dias, o ministério e agentes de segurança ferroviários advertiram que as ferrovias de alta velocidade da China enfrentam outros perigos, de trilhos de segurança inadequada a minas construídas perto das linhas, que representam riscos potencialmente graves.

Economia

O vice-ministro Hu Yadong disse a repórteres na segunda-feira que os trens poderão funcionar em velocidade mais elevada, mas que as reduções podem oferecer benefícios mais amplos, tornando mais fácil que trens mais baratos operem nas ferrovias e economizando em manutenção e energia.

Autoridades ferroviárias também disseram ter descartado planos para a criação de compartimentos de luxo e irão oferecer classes de serviços mais populares.

A nova linha irá diminuir a viagem de trem entre as duas capitais, que hoje leva 10 horas, mas mesmo o bilhete mais barato não sai por menos de US$ 63 – o que equivale à renda líquida mensal de um morador da China rural. A análise utilizou "a satisfação do povo como requisito básico para avaliar o trabalho de transporte ferroviário", disse Hu.

Os planos, desenvolvidos com o crescimento da economia da China, incluirá cerca de 12.960 km de linhas ferroviárias de alta velocidade e cerca de 11 mil km de linhas ferroviárias tradicionais, a um custo de US$ 750 bilhões.

Arquivo INFOTRANSP