Bilhete Único aumentou o acesso a bens e serviços

 

Pesquisa da FGV aponta que o benefício intermunicipal gerou emprego e melhorias na vida de passageiros com a economia em passagens de ônibus

POR CELSO OLIVEIRA

Rio - O faxineiro Elias Soares, 30 anos, começou a construir seu sonho: entrou num curso de atores. A caixa de mercado Cristiane dos Santos, 36, tem ido mais ao cinema, uma grande paixão. Moradores da Baixada, eles são exemplos do que pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada ontem, revelou: o Bilhete Único Intermunicipal causa impacto positivo na vida dos passageiros de ônibus, melhorando orçamento familiar e acesso ao mercado de trabalho.

Coordenada pelo professor Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, a pesquisa conclui que serviços e bens antes inatingíveis estão acessíveis a usuários do benefício, implantado em fevereiro para permitir 2 viagens por R$ 4,40 num limite de até 2h30 para o 2º embarque. Uma razão seria a economia diária de R$ 2,62 por pessoa — média de R$ 50 por mês.

“Uso essa sobra para pagar o curso. Quero ser ator”, planeja Elias, que trabalha em prédio no Andaraí e mora em Queimados. “Antes inteirava mais de R$ 50 para a passagem, mas agora tem sobrado e curto mais o lazer”, vibra Cristiane, de Caxias.

Segundo o estudo, os 20 municípios do Grande Rio servidos pelo Bilhete Único ampliaram, em relação a 2009, a participação no total de novos empregos gerados no estado, que neste ano foi de 140 mil: passaram de 17,49% para 18,64%. Nas áreas contempladas pelo bilhete, foram 3 mil empregos a mais do que nas descobertas pelo benefício.

“A redução nos gastos com transporte estimula a contratação formal, pois o custo para o empregador fica menor, e as pessoas conseguem procurar trabalho gastando menos com ônibus”, explicou Neri. O estudo sugere que o recém-criado Bilhete Carioca siga os passos do cartão estadual e permita integração a trens, metrô e barcas.

Estudantes recarregam passe livre

Após o susto, o alívio. Estudantes da rede pública receberam de volta os créditos do passe livre, reduzidos de 156 para 60 viagens por mês, por decisão do prefeito Eduardo Paes, que admitiu erro após O DIA denunciar o problema. Ontem, ele publicou decreto determinando a recarga.

Segundo o prefeito, houve falha na programação. A redução ainda está prevista, mas só valerá quando for implantado sistema que vincula os créditos à frequência escolar. Até lá, os cartões dos alunos devem estar adaptado ao Bilhete Carioca. “Dependendo de onde estiver, pego 5 ônibus para ir e voltar do colégio”, disse Ernani Parmegiani, 16, cujo pai mora no Lins e a mãe, em Copa.

Novos corredores de ônibus na Zona Sul e no Centro

O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, anunciou ontem que a Rua Jardim Botânico, vias de Botafogo — provavelmente as ruas Voluntários da Pátria e São Clemente —, além da Avenida Presidente Vargas, no Centro, serão os próximos pontos da cidade a serem contemplados com faixas exclusivas para a circulação de ônibus, batizadas por ele de BRS (‘bus rapid service’ ou serviço rápido por ônibus).

No próximo mês de janeiro, a Avenida Nossa Senhora de Copacabana e a Rua Barata Ribeiro, em Copa, ganharão as primeiras faixas exclusivas, que serão monitoradas eletronicamente para evitar invasões de carros particulares, permitindo apenas entradas e saídas de garagens. O bairro será projeto-piloto e a implementação nas demais vias dependerá de possíveis ajustes nesses dois primeiros pontos.

Ontem, Sansão lembrou que as zonas Sul e Oeste da cidade enfrentam problemas distintos. “A maior necessidade da Zona Oeste é a oferta de ônibus. Copacabana e a Zona Sul como um todo enfrentam dificuldades no que diz respeito à velocidade dos veículos. Estamos realizando trabalhos simultâneos, mas respeitando carências peculiares de cada região”, destacou o secretário. A prefeitura estuda implementar 20 BRS nas vias da cidade até a Copa do Mundo de 2014.

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