18 novembro 2010

Agenda Bahia: especialistas discutem ideias para Salvador sediar o Mundial

Um dos maiores benefícios para a cidade seria a solução dos problemas de transporte


18.11.2010
O debate do segundo seminário do Agenda Bahia discutiu o problema da infraestrutura para a realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 em Salvador. Mediada pelo coordenador do Comitê de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Marcos Galindo, a discussão contou com a participação do secretário da Secopa-BA, Ney Campello; do presidente da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Nilson Sarti, e do presidente do grupo TPC, Sergio Faria.

Responsável pela coordenação dos projetos que envolvem a Copa no nível estadual, Campello afirmou que o papel do governo é “prover condições para que a Copa aconteça, oferecendo o estádio, boa hospitalidade, transporte e comunicação”. Ele argumentou ainda que o importante em relação aos investimentos não é a Copa em si, mas sim seu legado. “O Mundial deve ser excelente para o turista, mas muito melhor para os baianos”, disse. Um dos maiores benefícios para a cidade seria a solução dos problemas de transporte.

BRT

Dentre as alternativas citadas pelo secretário está o sistema Bus Rapid Transit (BRT), de ônibus articulados que, por meio de um corredor no canteiro central da Paralela, ligará Salvador ao Litoral Norte. Campello pontuou ainda que será necessário investir em qualificação de mão de obra, que também ficará após a Copa.

Já Sergio Faria, do grupo TPC, afirmou que o Mundial não resolverá todos os problemas, mas vai nos disciplinar, impondo prazos. “Será um motivador para fazermos aquilo que precisamos fazer, em muitos casos com grande atraso”, diz. Segundo Faria, há dois problemas maiores: hotelaria e transporte. Para ele, o aeroporto é um dos principais gargalos, com necessidade de uma nova pista e investimentos no terminal de passageiros e em mais estacionamentos, entre outros. “O aeroporto foi pensado para receber quatro milhões de pessoas e no ano passado já recebeu sete milhões”, afirma.

Nilson Sarti, da Ademi, aproveitou para citar a necessidade de se investir mais na rede hoteleira. “Hoje, temos deficiência de bons hotéis, principalmente na orla”, relata. Ele também acredita que a Copa será uma boa oportunidade para se investir em áreas da cidade que estão esquecidas, mas que já têm alguma infraestrutura, como a Ribeira. O problema, nesse caso, seria melhorar a mobilidade urbana, por meio dos sistemas de transportes, como citou Campello.

Especialista defende corredores viários

Coordenador da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o urbanista Affonso Stanislau Nazareno disse ontem que o governo federal precisa inverter a prioridade no setor automotivo se o Brasil quiser cumprir o caderno de encargos elaborado pela Fifa para a disputa da Copa de 2014. “Quem acha que a construção de ruas, avenidas e viadutos vai resolver o caos no trânsito está muito enganado, porque, daqui a quatro anos, a situação estará muito pior.

A única alternativa é tirar o passageiro do congestionamento e colocá-lo no transporte público”, disse Nazareno em sua palestra  Mobilidade Urbana, o Atalho para o Futuro, realizada no auditório da Fieb.
Dados das montadoras  mostram que desde o início do ano foram vendidos no Brasil 2.804.279 carros e comerciais leves. Na Bahia, em 1989, havia no estado 430.871 veículos cadastrados, dos quais 207.565 em Salvador. No mês passado, a capital baiana tinha 712.329 carros e o estado, 2.415.541 veículos. Há ainda  cerca de 700 mil motos.

De acordo com o coordenador da ANTP, o Brasil deveria seguir o exemplo da Colômbia, que, em apenas três anos, solucionou o problema de trânsito em Bogotá (capital) e Cali, duas das principais cidades do país. “Os colombianos tiveram vontade política e resolveram priorizar o transporte público, construindo corredores exclusivos, ciclovias, urbanizando praças e colocando em circulação ônibus modernos, com ar-condicionado e câmbio automático.

Não temos outra alternativa, até porque estamos em contagem regressiva para a Copa e o Brasil tem de mostrar ao mundo que sabe resolver os seus problemas”.


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