28 novembro 2010

Classe empresarial quer “Plano B”

Publicação: 25 de Novembro de 2010
 
Representantes de entidades das áreas do comércio, indústria e turismo também demonstraram preocupação quanto a possibilidade de Natal perder o posto de uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Para o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Flávio Azevedo, o governo do Estado e prefeitura de Natal precisam de um posicionamento convincente no que concerne a uma nova solução para a questão. “Se não conseguirem apresentar um plano viável e concreto de como executar isso aí obviamente que a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] não dará mais prazo. Os dois governos [do Estado e Prefeitura] precisam provar que eles agora encontraram um novo caminho. Mas se vão encontrar um novo caminho porque não encontraram antes?”, questionou.

Ele ressaltou ainda que a iniciativa privada já demonstrou que não tem interesse em participar do processo, o que leva a crer que a solução não passa mais pelo processo atual. “E como fazer? Essa é minha grande preocupação. Se a iniciativa privada decidiu que não é um bom negócio, o que deve ser feito, então?”, questionou.

O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Natal, Ricardo Abreu, destacou que a possível saída da capital potiguar do evento esportivo mundial pode se constituir em uma “perda irreparável”. Ele enfatiza a necessidade de, “a todo custo”, tentar reverter o quadro desfavorável, que se configurou na manhã de ontem.  “É necessário encontrar um plano B. Não podemos ficar fora da Copa. Precisamos criar novas alternativas, uma licitação com outro modelo, enfim. Não dá para conceber que ao chegarmos até aqui fiquemos agora de fora do evento”, destacou o empresário. “Como perder o que já ganhou? Essa pode ser uma perda gigante. Íamos gerar muitos negócios”, reforçou Ricardo Abreu.

A representação norte-riograndense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), através do vice-presidente George Gosson, entende que o momento é de reflexão e de “correr atrás do prejuízo”. Segundo ele, o governo federal deve ser provocado, com a bancada federal do Rio Grande do Norte, no intuito de se visualizar novas alternativas para a resolução do problema. “Inclusive se for preciso a obra do estádio pode até ser feita com recursos financiados do BNDES e o estado assumir. Não podemos perder a oportunidade de ter facilidades de promoção turística, capacitação profissional, entre outras coisas”, assinalou. Os representantes das entidades empresariais destacaram também que a Copa do Mundo de 2014 em Natal é essencial para a concretização do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Obras da modalidade ficam sob risco sem a Copa em Natal

No dia 23 de novembro de 2009, o governo do estado e a prefeitura do Natal conseguiram um financiamento da ordem de  R$ 387,5 milhões, assegurados  por meio do PAC da Mobilidade,  com o objetivo de transformar em passado os gargalos do trânsito da capital. Diante da celeuma em torno da construção da Arena das Dunas, a capital potiguar pode ficar sem esses investimentos.

Ao todo seriam 16 intervenções, a serem realizadas com orçamentos que variam de R$ 75,4 milhões, como é o caso do entroncamento das avenidas Prudente de Morais com a Lima e Silva, a R$ 9,2 milhões, que é o caso da avenida Senador Salgado Filho.

Seriam feitos dois financiamentos, um da Prefeitura de Natal,  de R$ 297,5 milhões, e o outro do Governo do Estado, orçado em R$ 90 milhões. Seria de responsabilidade do Governo a execução das obras nas vias estaduais, que abrangem as modificações na avenida Engenheiro Roberto Freire, Prudente de Morais e na via de acesso ao Aeroporto Internacional de Cargas e Passageiros de São Gonçalo do Amarante. O resto ficará a cargo da Prefeitura.

O BNDES fixou os juros em apenas 6% ao ano. O prazo para pagamento da dívida é de 20 anos. Os dois entes públicos terão que desembolsar uma contrapartida de 5% referentes a cada investimento.

O projeto que preveria as intervenções estruturais no transporte urbano da capital tem quatro corredores prioritários. O plano elaborado tem início no terreno onde está sendo construído o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e segue pelo terminal rodoviário da Cidade da Esperança, Arena das Dunas e rede hoteleira. As modificações mais substanciais seriam feitas na área onde encontra-se o chamado complexo da Urbana – o projeto prevê a demolição do prédio do órgão municipal e também de um posto de gasolina; a área que liga a avenida Roberto Freire à Via Costeira e  o prologamento da avenida Prudente de Morais.

Somente com desapropriações, Estado e Prefeitura   teriam que desembolsar R$ 35.306.398,   o que corresponde a cerca de 9% do valor total dos recursos adquiridos junto ao BNDES. O complexo da Urbana detém o maior volume de valores a serem ressarcidos:   R$ 15 milhões. Além da perda de investimentos na área de mobilidade, Natal poderia ficar sem a possibilidade de acesso a maior parte das verbas que deverão ser distribuídas pelo PAC Segurança, PAC Saúde e PAC Saneamento.
http://tribunadonorte.com.br/noticia/classe-empresarial-quer-plano-b/165965

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