O Quiosque Chopp Brahma na estação de trem da Central do Brasil é a prova de que tamanho não é documento. Com seus 15 metros quadrados e apenas três mesas, o espaço deixa para trás grandes bares do Rio, como Belmonte, Informal e Amarelinho. No quesito volume de chope por metro quadrado, é o campeão brasileiro de venda e fatura o troféu de pequeno notável da Ambev. São 18 mil litros vendidos por mês, enquanto o Botequim Informal do Leblon, por exemplo, vende apenas quatro mil litros por mês, mesmo com seus 180 metros quadrados e capacidade para 140 pessoas.
Segundo João Paulo Badaró, diretor de Novos Negócios da cervejaria, o volume mensal de chope vendido no quiosque da estação da Central é o dobro da média registrada em bares do país:
- É uma quantidade absurda se compararmos com estabelecimentos bem maiores. O Bar da Brahma em São Paulo, por exemplo, vende 22 mil litros por mês, mas tem 600 metros quadrados. É impressionante se considerarmos que a média nacional é de 9 mil litros mensais por bar.
A localização privilegiada, num ponto onde passam cerca de 600 mil de pessoas por dia, não é o maior segredo de sucesso do quiosque. Para o aposentado da marinha Jayme Portela, de 58 anos, a nota 10 vai para o quesito irreverência. Ele é tão fã do espaço que se desloca por mais de 20 quilômetros, de Jacarepaguá até a Central, somente para tomar seu chopinho.
- Chope como esse, nem em Copacabana. Às vezes venho só para beber. Quando estou sozinho, tomo uns 15. Se vou fazendo amigos, perco as contas - disse ele, entre um gole e outro.
Há quatro anos gerenciando o quiosque, Ângelo Roberto, de 48 anos, destaca o clima familiar do quiosque. Segundo ele, 60% dos clientes são fixos:
- Chegam aqui e já recebem o sorriso cativante do Marcelinho (garçom). Aí não tem jeito, acabam voltando. Já conhecemos os clientes pelo nome.
Duas mil tulipas numa sexta-feira
Quem vê Marcelo Souza na rua pode até pensar que, pelo porte físico, ele trabalha como segurança. Mas a função desse morador de Nova Iguaçu é bem mais tranquila. Quer dizer, em termos. Marcelão, como é conhecido, também vive na pressão: é o tirador de chope do Quiosque Chopp Brahma, da Central, e chega a encher quase duas mil tulipas numa sexta-feira. Haja braço!
- É só fazer as contas: tem dia em que 12 barris são esvaziados, e são 160 chopes por cada um. É muita agilidade, mas mantendo o padrão de qualidade, com o mínimo de três dedos de colarinho - diz ele, sem ter os números de cabeça.
Para dar conta de tantas tulipas, Marcelão conta com a ajuda de Marcelinho, o garçom. Batizado como Marcelo Valentim, ele virou o mascote do quiosque.
- Se o cliente chega aqui de cara feia, faço o possível para tirar um sorriso dele. E alguns viram amigos. Se for para Magé, vai encontrar pessoas que nos conhecem - gaba-se.
Com tanto trabalho e amigos, Marcelinho consegue encher o cofrinho:
- O da minha cerveja, por fora, está sempre no bolso. Tem dia em que ganho R$ 100 de caixinha.