28 novembro 2010

Mobilidade urbana: especialistas discutem resultado negativo

"A mobilidade é um direito universal do cidadão”. A afirmação é da arquiteta Fabiana Izaga, membro do Grupo de Trabalho (GT) de Mobilidade Urbana do Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro (IAB/RJ), que recebeu sem surpresa a informação de que Niterói é uma das piores cidades do mundo em mobilidade urbana, como evidenciou estudo da Universidade de Brasília (UnB), do urbanista Valério Medeiros, encomendado pelo GLOBO-Niterói, e publicado no último domingo.

— Niterói teve um crescimento muito rápido, especialmente a partir da década de 70, com a construção da Ponte Rio-Niterói, e hoje ainda continua vertiginoso com a expansão imobiliária. O poder público não acompanhou este movimento com soluções que envolvam um plano de uma malha viária articulada — afirma Fabiana Izaga, que também acredita que a mobilidade não deve ser pensada apenas como
transporte rodoviário. — Os governos devem planejar o deslocamento das pessoas, e ele tem que estar baseado numa multiplicidade de alternativas de transporte, como trem, metrô, barcas ou ciclovias.

Walber Paschoal, professor de Engenharia Civil da UFF e doutor em Engenharia de Transportes pela Coppe/UFRJ, exemplifica um dos gargalos para a mobilidade urbana.

— Vemos uma insistência da prefeitura nas ações de “erro e acerto”. Mas para cada tipo de transporte há metodologias isoladas para a realização de análises operacionais e de projetos, e, somado a isto, ainda deve-se levar em conta o planejamento urbano do plano diretor de cada região — afirma o especialista.

Por meio da assessoria, o presidente da Niterói, Transporte e Trânsito (NitTrans), Sérgio Marcolini, elogia o estudo da UnB e opina sobre a mobilidade na cidade.

— As ruas são estreitas, pois nosso arruamento é muito antigo, do século XIX. Temos que conviver com esta realidade e, como o autor da pesquisa recomenda, investir em transporte público. Não dá para destruir nossas cidades para os carros passarem. Nem Niterói, nem o Rio, nem Ouro Preto. São cidades difíceis,
mas, a mesma topografia que as tornam difíceis, faz delas lugares interessantes, únicos, bonitos — afirma Marcolini.

Ele não citou, no entanto, medidas concretas que estão sendo tomadas para aliviar o problema. Questionada, a prefeitura de Niterói afirmou que “o prefeito vai anunciar os projetos no momento oportuno”.

Arquivo INFOTRANSP