13 novembro 2010

No segundo dia, engarrafamento 2 x 0 Bilhete Único

 

 

Pelo segundo dia consecutivo, o engarrafamento falou mais alto nesta terça-feira. Mesmo tendo o Bilhete Único Carioca (BUC) e podendo pagar menos pela passagem, muitos usuários ainda preferiram sobrecarregar o bolso e optar por meios de transporte mais caros — como metrô e trem — para driblar o trânsito e chegar ao trabalho mais rápido.

A analista de contas Simone Braga, de 33 anos, paga R$ 5,50 de passagem num frescão para ir do Jardim América, onde mora, ao Centro — ela alega que esse tipo de ônibus é mais rápido por não parar em todos os pontos. E, na volta para casa, pega uma van. Paga R$ 6 de passagem.




— É o preço para conseguir chegar mais cedo. De ônibus demora demais. Claro que, se pudesse usar o BUC na van, seria maravilhoso — contou.

A Secretaria municipal de Transportes (SMTR) informou ontem que já está em negociação com o governo estadual a integração do BUC com outros meios de transporte, como vans, trens, metrô e barcas. A medida, no entanto, ainda não tem data para entrar em vigor. O preço da passagem deve ser diferente da integração ônibus-ônibus e será definido com as concessionárias — Metrô Rio, SuperVia e Barcas S/A. 

Tempo de intervalo mantido

Outro queixa dos cariocas em relação ao BUC foi o aumento de intervalo entre as viagens de ônibus — atualmente de duas horas. Apesar das reclamações, a SMTR foi taxativa: segundo o órgão, por enquanto, não haverá alteração nesse período de tempo.

— Se as duas horas forem mantidas, pouquíssima gente vai poder usar o bilhete único. Aí eu pergunto para o prefeito: para quem é esse benefício? Para a maioria da população é que não é, com certeza — disse a recepcionista Cristiane Matta Julião, de 39 anos.



Moradora de Campo Grande, ela diz que não consegue fazer a integração no Centro — rumo a Copacabana, onde trabalha — em duas horas por causa dos engarrafamentos.

Já o garçom Antônio Soares, de 35 anos, morador de Bonsucesso, está conseguindo usar o BUC. Mas seus colegas, que moram em bairros mais distantes, não:

— Por isso eu sou a favor de esse prazo ser de mais de duas horas. Ia ser bom para todo mundo.

Mais carros nas ruas 

Para o doutor em engenharia de transportes Fernando Mac Dowell, o tempo adequado de utilização do BUC seria de três horas, e não de duas.

— Um sistema de bilhete eletrônico deve servir para acertar a vida da pessoas e não para deixá-las mais neuróticas. Por que duas horas se o tráfego no Rio não anda? As pessoas ficam nervosas porque o trânsito está devagar e porque não vai dar tempo. Isso acaba criando estresse. Qual o problema de dar três horas? — questionou ele.

Segundo Fernando Mac Dowell, houve um aumento de 25% de veículos circulando nas ruas capital, de 2003 a 2009. O crescimento se mostra mais crítico em vias como a Avenida Brasil.

Arquivo INFOTRANSP