A escassez de mão de obra qualificada para dar conta de obras de
infraestrutura é mais grave em Recife, em Brasília e em Fortaleza,
revela estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada).
Nas regiões metropolitanas dessas capitais, novos engenheiros, geólogos,
arquitetos e designers estão ganhando mais do que os que estão saindo
do mercado para se aposentar.
O comportamento é inusitado, pois inverte a lógica da experiência
--quanto mais experiente, maior é o salário de um profissional. Além
disso, indica um mercado de trabalho extremamente aquecido.
Segundo o pesquisador do Ipea Paulo Meyer, autor do estudo, nas oito
maiores capitais do país a diferença entre o salário dos que estão se
aposentando e dos que estão chegando vem se reduzindo para as carreiras
de engenharia e construção desde 2010, dos engenheiros ao "chão de
fábrica".
Meyer sugere que essas carreiras sejam alvo de políticas de "importação" de trabalhadores.
"Neste momento em que se discute a flexibilização de entrada de mão de
obra estrangeira, esse estudo ajuda a definir quais ocupações devem ter
prioridade na ação dos gestores e em quais locais há maior demanda."
"O governo pode optar por conceder vistos de trabalho a estrangeiros interessados em atuar nessas regiões", afirma Meyer.
Em São Paulo e no Rio, o pesquisador detectou maior necessidade de
profissionais da base da pirâmide, como marceneiros e mecânicos.
Em São
Paulo, um novato nesses ramos ganha, em média, 5% menos do que um
profissional no auge da profissão.
Em 2003, a diferença superava 15%.
Meyer usou, como base para o estudo, dados do Ministério do Trabalho, de 2003 a julho deste ano.