Neste momento, temos que deixar as vaidades de lado e pensar no futuro do nosso patrimônio
Empresário e sócio patrimonial, Alberto Cavendish defende construção da arena multiuso para modernizar o Sport
Tenho visto nos últimos dias muitos movimentos prós e contra a Arena do Sport. Como torcedor, sócio e conselheiro do Sport Club do Recife, me senti na obrigação de deixar uma prova de que fui um dos que defenderam este projeto. Hoje, teremos um momento histórico dentro deste clube centenário com tantas conquistas regionais e nacionais.
Temos que enxergar este projeto de uma forma macro. Gostaria muito de ver a Ilha com as arquibancadas ligadas às gerais e com mais conforto. Esta hipótese é economicamente inviável para qualquer investidor. Neste momento, temos que deixar as vaidades de lado e pensar no futuro do nosso patrimônio.
Sabemos que nosso patrimônio hoje tem um alto valor econômico e histórico. Ótimo! Somos um dos maiores clubes do País. E daí? Como isso pode nos beneficiar? Acho que isso já está nos beneficiando, pois existem investidores fortes querendo construir uma Arena de primeiro mundo em nosso terreno.
É um retrocesso cultural e econômico ficarmos clamando pela preservação do patrimônio como hoje ele está.
O que adianta ter uma das maiores sedes de clubes do Brasil se não sabemos utiliza-lá de forma eficiente.
E não nascemos para isto, somos um clube de finalidades sócio-desportivas. Isto, há alguns anos, era o suficiente, porém, hoje, não mais. Precisamos nos alinhar com o que há de mais moderno. Se ficarmos estagnados, seremos engolidos pelos que estão se modernizando. E não são poucos.
A votação desta noite pelo corpo de associados nada mais é do que uma aprovação para a formação de uma comissão que estudará o projeto mais a fundo. Todos os aspectos do “absurdo” vão ser debatidos e estudados nos próximos seis meses, caso os sócios assim decidam. As prerrogativas do contrato já foram repassadas aos conselheiros em reunião e aos sócios por meio de entrevistas e cartazes em nossa sede.
O Sport, a partir deste projeto, não será mais o mesmo. Mas tenho certeza de que não perderemos nossa identidade por não termos mais escadarias de um metro de altura, banheiros imundos, acessos absurdos, gramado horrível, desconforto, etc. Nem tão pouco por ter que jogar os esportes amadores em quadras novas, modernas e com infraestrutura de primeiro mundo. Então, para sermos os mesmos de sempre, teremos que ficar como sempre estivemos? Talvez sim. Talvez também, os mesmos de sempre não terão mais espaço neste novo mundo esportivo que estamos vivendo.
Não é novidade para ninguém que nosso Estado cresce mais que os nossos vizinhos e que, pelas expectativas dos grandes economistas, continuaremos crescendo. Parafraseando um grande rubro-negro, “não podemos deixar este bonde passar”, mais uma vez. Temos o espaço e a força do nome, eles têm o capital. Seria muito mais interessante se tivéssemos os três, não acham?
Só que definitivamente não temos. Podemos e devemos utilizar desta nova prática para nos modernizar sem ter que alienar nosso patrimônio, construído com tanto suor rubro-negro. E se nossa arena multiuso não der certo? Se a Arena da Copa puxar todos os eventos para ela? O Sport só ira perder de ganhar mais, porém, nossa Ilha do Retiro estará lá. Com outro formato, claro. Mais moderna e confortável, mas estará lá.
Quem tem a perder é o investidor, nós não. Quem tem que fazer um estudo de viabilidade para saber se nossa região comporta duas arenas são eles que querem investir em torno de R$ 500 milhões neste projeto. No meu ponto de vista, só temos a ganhar com a aprovação pela assembleia.
Existem diversos projetos para o entorno da Ilha do Retiro. Dentre eles, a Via Mangue, a revitalização da Beira-Rio e do Corredor Leste-Oeste. Além disso, a questão urbana do projeto ainda tem que ser vista, estudada e aprovada pela Prefeitura. Não cabe a nós, cidadãos comuns, aprovar ou reprovar o projeto imobiliário. Especialistas têm esse direito.
Não confundam o momento futebolístico que o nosso time passa com o futuro de um clube centenário. Seria irresponsabilidade. Não esqueçamos que os jogadores, a diretoria e o tempo passam... o SPORT fica!