21 abril 2011

Prefeitura pretende utilizar lixo seco para a geração de energia elétrica

Aterros
Inauguração do aterro sanitário de Seropédica (Foto: Comlurb / Eduardo Sengès)

RIO - O Rio de Janeiro terá usinas de geração de energia elétrica a partir da queima de lixo seco. O compromisso foi assumido pelo prefeito Eduardo Paes, na manhã de quarta-feira, na inauguração da Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica . Ele não anunciou, porém, prazos nem valores a serem investidos no projeto.

- O aterro sanitário de Seropédica é a recuperação de um passivo enorme, histórico. Mas o Rio tem que ser vanguarda. Vamos fazer energia a partir do lixo, que deixa de ser um problema para se tornar um ativo - disse Paes.

Duas das três novas usinas ficarão no Rio

O secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, explica que é necessário fazer a modelagem econômica, financeira e ambiental da implantação das usinas. Tanto a Ciclus, que opera o aterro de Seropédica, como a Comlurb estão fazendo projetos. Três usinas, duas no Rio e uma em Seropédica, estão em processo de licenciamento.

Cada unidade será capaz de gerar energia elétrica para o consumo de uma cidade de 600 mil habitantes. O metano captado em Seropédica poderá gerar energia para a iluminação pública de uma cidade com o mesmo porte. Apesar de mais eficiente do que o gás, a eletricidade das usinas de queima de biomassa tem um custo de produção ainda considerado alto, sobretudo se comparado com a geração hidroelétrica ou mesmo eólica (com a força do vento).

- A cidade gera menos lixo, precisa transportar menos material para Seropédica e aumenta o tempo de vida útil do aterro sanitário - disse Osório.

Diretor da Ciclus, Artur Cesar de Oliveira ressalta que a queima de lixo é um processo limpo, usado em larga escala nos países desenvolvidos. Ele afirma que cada usina gera cerca de 200 empregos diretos e até mil indiretos:

 É uma energia completamente limpa e renovável.

Professor de engenharia ambiental da Escola Política da UFRJ, Haroldo Mattos de Lemos explica que queimar lixo já foi problema para a atmosfera, mas hoje é solução sustentável:

- Depois da retirada do material reciclável, o lixo é queimado a temperaturas altas, a mais de mil graus. Todas as moléculas são quebradas, transformando tudo em gás carbônico e vapor de água. Há filtros para que partículas não sejam emitidas na atmosfera. Cerca de 20% do que foi queimado sobram e precisam ser dispostos no aterro.

Na manhã de quarta, o prefeito acompanhou em Seropédica o despejo das três primeiras carretas da Comlurb, cada uma com 30 toneladas de lixo. A expectativa é que o aterro sanitário receba mil toneladas de lixo por dia a partir desta quinta-feira. Daqui a um mês e meio, a quantidade de detritos deverá ser dobrada, com aumento progressivo da carga até que a Central de Tratamento de Resíduos receba todo o lixo da capital.

Município pagará R$ 38 por tonelada de lixo despejado

A prefeitura vai pagar cerca de R$ 22 por tonelada de lixo. Incluindo custos de transporte, o valor sobe para R$ 38. De acordo com o secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo, esse é o mais barato do Brasil. São Paulo, por exemplo, paga R$ 50, fora o transporte.

- Não tem aterro que custe menos de R$ 50. Foi um investimento de R$ 1,8 milhão, que será diluído em 15 anos: construção e manutenção. Será o mais moderno aterro sanitário do país, com tripla camada de impermeabilização do solo e monitoramento a cada 20 metros - disse Pedro Paulo.

Além de energia elétrica, a captação do gás metano do aterro também representa queda de 8% das emissões de gases de efeito estufa do Rio, ou 1,9 mil tonelada de gás carbônico equivalente (o metano é 21 vezes mais nocivo). É o mesmo que acabar com a poluição de 1,5 milhão de carros movidos a gasolina num ano.

Outro projeto para Seropédica que está sendo estudado é levar o lixo de trem para o local. Há uma linha da MRS que permitiria a ligação da unidade da Comlurb do Caju com a CTR.

- E temos como alternativa o arco metropolitano em construção - planeja Osório.

Há ambientalistas, no entanto, que criticam a localização do aterro, alegando que coloca em risco um aquífero, reserva de água no subsolo. A prefeitura, no entanto, diz que todas as medidas de proteção e monitoramento garantem a segurança do empreendimento

Arquivo INFOTRANSP