Muito já foi feito, mas ainda outros projetos têm de sair do papel para aprimorar a cadeia produtiva estadual
O Ceará passa por uma fase peculiar de sua história. Neste momento, grandes empreendimentos estruturantes são articulados para que sejam instalados no Estado. Sonhos de pelo menos quatro décadas, como a siderúrgica, assim como a refinaria, termelétricas, dentre outros projetos, começam, aos poucos, a tomar forma. Sem falar do maior evento futebolístico do planeta, a Copa do Mundo de 2014, da qual Fortaleza é uma das cidades-sede. Mas tudo isso necessariamente não pode prescindir de uma infraestrutura de transportes eficiente, integrada com o planejamento territorial da região, em sintonia com o meio ambiente e que acomode ainda todos os modais necessários ao ir e vir de pessoas e de mercadorias.
Muito já foi feito, mas ainda mais projetos precisam sair do papel para que haja o aprimoramento da cadeia. O Estado precisa investir bastante para a melhoria da infraestrutura rodoviária, degradada e sufocada; da malha ferroviária, pobre em capilaridade e integração com os demais modais; dos aeródromos, no limite da operação com o crescimento da demanda, impulsionada pelo aumento da renda; e da portuária, que apesar dos avanços, ainda requer mais aportes.
Investimento de R$ 19 bi
Mais de R$ 19 bilhões precisam ser investidos para a recuperação e inovação da malha logística estadual. O valor mensurado consta no Plano CNT de Transporte e Logística 2011, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte, e inclui, da mesma forma, projetos para o melhoramento da mobilidade urbana na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a exemplo do Metrô de Fortaleza, malha viária e os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs).
Quase R$ 10 bilhões devem ser necessários somente para intervenções relacionadas à melhoria dos meios de escoamento da produção. Este número está presente no relatório de 2009 do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), último a ser divulgado. O Plano é fundamental por trazer à tona o planejamento de longo prazo para o setor, tão esquecido desde o início da década de 90. Concebido a partir de 2006 pelo governo federal, foi com ele que começou efetivamente a se pensar em mudanças na atual matriz de transportes, dominada pelo modal rodoviário, visando um maior equilíbrio, a exemplo de outros países desenvolvidos. Uma das principais metas é justamente dar destaque ao meio ferroviário e aquaviário.
Mudança de perfil
Portanto, no caso do Ceará, a Ferrovia Transnordestina terá papel fundamental para uma modificação nas relações de transporte em voga. A sua implantação deverá auxiliar o modal a alcançar, até 2025, a participação de 35% dentre todas as matrizes de transporte, superando inclusive a rodoviária, que teria cerca de 30% de inserção. Os meios aquaviários atingirão 29% nesse ano, conforme o intento. Bem diferente da realidade encontrada no País. Conforme dados de 2005 inseridos no PNLT, a participação do transporte rodoviário é de quase 60%, contra 25% do ferroviário e 13% do aquaviário, um contrassenso, tendo em visa as dimensões continentais do Brasil, seus extensos rios e litoral.
Mas até que se chegue a esses índices, várias intervenções em estradas, portos, aeroportos e ferrovias serão necessárias, que já estão elencadas na pauta de execuções do governo, nas instâncias federal, estadual e municipal, ou que precisam ainda ser postas como prioridade, pois são demandadas pela própria sociedade, incluindo especialmente o setor produtivo.
De acordo com o professor João Bosco Furtado Arruda, do Departamento de Engenharia de Transportes e do Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional da Universidade Federal do Ceará (UFC), a elaboração do PNLT no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um passo contrário ao dado por governos anteriores, que desativaram importantes instrumentos de planejamento e execução de políticas para o setor de transportes, como a Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos (EBTU) e a Empresa de Portos do Brasil S.A (Portobrás), deixando que o mercado tomasse as decisões necessárias para a resolução dos gargalos na infraestrutura brasileira.
Retomada do planejamento
"O PNLT constitui um resgate do planejamento estatal, em bases científicas, realizado na segunda gestão do Governo Lula, que busca otimizar a alocação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no que tange ao setor logístico nacional. Ele sugere correções na matriz modal brasileira, aproximando-a da racionalidade encontrada nas matrizes dos países desenvolvidos de dimensões continentais como o nosso", explica Arruda, que ainda é líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Infraestruturas de Transporte e Logística da Energia (GLEN/UFC). Assim, em breve, a pretensão é que o modal mais poluente, menos produtivo e adequado para longos percursos e grandes volumes, que é o rodoviário, dê lugar a matrizes mais econômicas e que gerem maior competitividade dos produtos nacionais, tanto no mercado interno como externo.
O Ceará passa por uma fase peculiar de sua história. Neste momento, grandes empreendimentos estruturantes são articulados para que sejam instalados no Estado. Sonhos de pelo menos quatro décadas, como a siderúrgica, assim como a refinaria, termelétricas, dentre outros projetos, começam, aos poucos, a tomar forma. Sem falar do maior evento futebolístico do planeta, a Copa do Mundo de 2014, da qual Fortaleza é uma das cidades-sede. Mas tudo isso necessariamente não pode prescindir de uma infraestrutura de transportes eficiente, integrada com o planejamento territorial da região, em sintonia com o meio ambiente e que acomode ainda todos os modais necessários ao ir e vir de pessoas e de mercadorias.
Muito já foi feito, mas ainda mais projetos precisam sair do papel para que haja o aprimoramento da cadeia. O Estado precisa investir bastante para a melhoria da infraestrutura rodoviária, degradada e sufocada; da malha ferroviária, pobre em capilaridade e integração com os demais modais; dos aeródromos, no limite da operação com o crescimento da demanda, impulsionada pelo aumento da renda; e da portuária, que apesar dos avanços, ainda requer mais aportes.
Investimento de R$ 19 bi
Mais de R$ 19 bilhões precisam ser investidos para a recuperação e inovação da malha logística estadual. O valor mensurado consta no Plano CNT de Transporte e Logística 2011, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte, e inclui, da mesma forma, projetos para o melhoramento da mobilidade urbana na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a exemplo do Metrô de Fortaleza, malha viária e os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs).
Quase R$ 10 bilhões devem ser necessários somente para intervenções relacionadas à melhoria dos meios de escoamento da produção. Este número está presente no relatório de 2009 do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), último a ser divulgado. O Plano é fundamental por trazer à tona o planejamento de longo prazo para o setor, tão esquecido desde o início da década de 90. Concebido a partir de 2006 pelo governo federal, foi com ele que começou efetivamente a se pensar em mudanças na atual matriz de transportes, dominada pelo modal rodoviário, visando um maior equilíbrio, a exemplo de outros países desenvolvidos. Uma das principais metas é justamente dar destaque ao meio ferroviário e aquaviário.
Mudança de perfil
Portanto, no caso do Ceará, a Ferrovia Transnordestina terá papel fundamental para uma modificação nas relações de transporte em voga. A sua implantação deverá auxiliar o modal a alcançar, até 2025, a participação de 35% dentre todas as matrizes de transporte, superando inclusive a rodoviária, que teria cerca de 30% de inserção. Os meios aquaviários atingirão 29% nesse ano, conforme o intento. Bem diferente da realidade encontrada no País. Conforme dados de 2005 inseridos no PNLT, a participação do transporte rodoviário é de quase 60%, contra 25% do ferroviário e 13% do aquaviário, um contrassenso, tendo em visa as dimensões continentais do Brasil, seus extensos rios e litoral.
Mas até que se chegue a esses índices, várias intervenções em estradas, portos, aeroportos e ferrovias serão necessárias, que já estão elencadas na pauta de execuções do governo, nas instâncias federal, estadual e municipal, ou que precisam ainda ser postas como prioridade, pois são demandadas pela própria sociedade, incluindo especialmente o setor produtivo.
De acordo com o professor João Bosco Furtado Arruda, do Departamento de Engenharia de Transportes e do Mestrado em Logística e Pesquisa Operacional da Universidade Federal do Ceará (UFC), a elaboração do PNLT no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um passo contrário ao dado por governos anteriores, que desativaram importantes instrumentos de planejamento e execução de políticas para o setor de transportes, como a Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos (EBTU) e a Empresa de Portos do Brasil S.A (Portobrás), deixando que o mercado tomasse as decisões necessárias para a resolução dos gargalos na infraestrutura brasileira.
Retomada do planejamento
"O PNLT constitui um resgate do planejamento estatal, em bases científicas, realizado na segunda gestão do Governo Lula, que busca otimizar a alocação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no que tange ao setor logístico nacional. Ele sugere correções na matriz modal brasileira, aproximando-a da racionalidade encontrada nas matrizes dos países desenvolvidos de dimensões continentais como o nosso", explica Arruda, que ainda é líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Infraestruturas de Transporte e Logística da Energia (GLEN/UFC). Assim, em breve, a pretensão é que o modal mais poluente, menos produtivo e adequado para longos percursos e grandes volumes, que é o rodoviário, dê lugar a matrizes mais econômicas e que gerem maior competitividade dos produtos nacionais, tanto no mercado interno como externo.