Você faz uma busca na web por Instagram e esbarra com um aplicativo chamado
InstLike, que promete dar milhares de seguidores e de "curtidas", de graça
--basta inserir usuário e senha. O golpe, divulgado pela Symantec no mês
passado, pode parecer evidente, mas atingiu 100 mil usuários da rede social.
Parte deles foi além e deu dinheiro ao hacker russo pelo "serviço". Esse tipo
de caso, junto com estudos realizados pela empresa, levaram à elaboração de
projeções do que deve acontecer no ano que vem no cibercrime. E o cenário não é
animador.
"Os criminosos identificaram claramente essa complacência e vão entrar forte
nesse segmento, mas apps falsos são só uma das brechas", diz Otto Stoeterau,
especialista de segurança da Symantec.
A sociabilidade on-line do brasileiro facilita a ação de hackers, que usam
aqui técnicas mais rudimentares, segundo a empresa.
Em vez de artifícios complexos como o "ransomware", que sequestra o PC e pede
resgate em dinheiro para liberá-lo e está em ascensão no Oriente Médio, os
bandidos apostam que o internauta daqui vá clicar em links falsos,
compartilhados em redes sociais ou e-mail, mesmo se enviados por estranhos. E,
diz a Symantec, eles acertam.
Cibercriminosos devem se focar, em 2014, nos dispositivos da chamada
"internet das coisas" (TV, geladeira, carro conectados) e redes sociais jovens.
Isso porque pouco se sabe ou pouco se desconfia de ações nessas frentes.
DEFESA
"O usuário migrou do PC para o smartphone, mas não levou a preocupação com a
segurança", diz Stoeterau. "Essa confiança é um erro."
Alertar as pessoas sobre a excessiva divulgação de dados privados nas redes
sociais e a existência de armadilhas é a melhor maneira de se defender, diz a
companhia.
Por outro lado, notícias sobre espionagem neste ano levarão alguns
internautas a adotar medidas peculiares para se proteger, como usar nomes falsos
em redes sociais, aposta a Symantec.
Segundo um estudo da empresa feito com 500 brasileiros de 18 a 64 anos, o
custo do crime virtual no país foi de cerca de R$ 18,7 bilhões só entre julho do
ano passado e agosto deste ano. Mais da metade (60%) dos entrevistados já foi
vítima do cibercrime. E isso deve piorar.
Um relatório divulgado na semana passada pela PwC diz que incidentes de
segurança da informação tiveram custo 25% maior neste ano ante 2012. "De modo
geral, os custos e a complexidade para responder aos incidentes está
aumentando", escreveu Shane Sims, diretor da PwC.
A causa disso, argumenta a consultoria, é que combate-se "com estratégias de
ontem as ameaças de hoje."
A pesquisa foi feita com 9.600 executivos de 115
países, sendo 16% deles sul-americanos.
Cerca de 35% dos executivos brasileiros acham que a direção da empresa é o
maior empecilho para aumentar a segurança da informação, acima da média global
(23%).
Outros 18% apontam a falta de conhecimento técnico como o problema, e 20%
culpam o baixo investimento.