16 dezembro 2013

Cuide do ouvido e da carteira no trem e metrô

Estudo revela que metade dos trens antigos do Metrô emite ruído acima de 85 decibéis; Roubos crescem Eduardo Athayde e Ulisses de Oliveira


Como se não bastasse a superlotação, viajar no Metrô de São Paulo nos horários de pico equivale, em alguns momentos, a ter ao lado uma britadeira em pleno funcionamento. A situação resulta em graves consequências ao ouvido humano, podendo culminar com a perda da audição.

É o que diz uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, interior paulista. O estudo  mostrou que em 46% das composições do Metrô onde as janelas podem ser abertas a intensidade do som é lesiva ao ouvido. O levantamento analisou os ruídos provocados pelo contato das rodas das composições com os trilhos e também o barulho das conversas e passos dentro dos vagões. 

Segundo a pesquisa, o barulho produzido pelo Metrô diverge em relação às linhas. A mais barulhenta é a Verde (Vila Madalena/Vila Prudente), seguida da Azul (Jabaquara/Tucuruvi), Vermelha (Corinthians Itaquera/Barra Funda) e Amarela (Luz/Pinheiros). A Lilás (Capão Redondo/Largo 13) não foi avaliada.  

Os horários de pico são os mais críticos. O trecho campeão de barulho é entre as estações Belém e Bresser (Linha Vermelha), com apogeu de 104 decibéis. O limite considerado não nocivo à audição humana é de 85 decibéis (ver na tabela à esquerda os dez trechos mais barulhentos). 

SURDEZ/ De acordo com o professor titular de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí e orientador do estudo, Edmir  Lourenço, as consequências à exposição ao excesso de barulho do Metrô agravam-se quando forma-se o tripé intensidade, tempo e suscetibilidade.

“Um avião a jato provoca um som de 120 decibéis. Mais um pouco e andar no Metrô seria como viajar dentro da turbina de um avião”, disse. Lourenço, no entanto, ressaltou que o pico de barulho é por alguns segundos. “Porém, o acúmulo durante os anos é o problema.” 

Até o fechamento desta edição, o Metrô não havia se pronunciado sobre os resultados da pesquisa. 


Os 10 Trechos com mais ruídos no horário de pico (em decibéis)

Belém/Bresser 104* (Linha Vermelha)

Tiradentes/Luz 103.5 (Linha Azul)

Ana Rosa / Chácara Klabin 102.9 (Linha Verde)

Sacomã / Tamanduateí 101.7 (Linha Verde)

Tucuruvi / Parada Inglesa 101.2 (Linha Azul)

São Joaquim / Vergueiro 100.9 (Linha Azul)

Marechal Deodoro / Barra Funda 100.4 (Linha Vermelha)

Vila Madalena / Sumaré 99.5 (Linha Verde)

Santa Cecília / Marechal Deodoro 95.3 (Linha Vermelha)

Butantã / Pinheiros 92.2 (Linha Amarela)

*Ruído máximo atingido pelos trens antigos

Fonte: Faculdade de Medicina de Jundiaí

ANÁLISE
Paulo Roberto Lazarini 
pres.da Soc. Brasileira de Otologia

Ouvir música alta não adianta

Ouvir música alta no Metrô achando que vai abafar o barulho do vagão é descobrir um santo para cobrir outro. O ideal é colocar protetor auricular, que pode ser introduzido no canal do ouvido. Também existem os de formato de concha.

O ser humano moderno vive mais tempo, portanto é preciso a prevenção  desde cedo para que na terceira idade os problemas com a audição sejam os menores possíveis.  Além de agredir a audição, o excesso de ruído no Metrô causa irritabilidade, o que, em um ambiente de superlotação, pode ter efeitos desagradáveis. 

Um dos sintomas de quem está com a audição comprometida é o zumbido. Outro é a dificuldade de compreensão do que é dito, além de, em muitos casos, dor de cabeça. Tendo esses sintomas, deve-se procurar um especialista.

Atenção com o bolso


Além da preocupação com os ouvidos dentro dos vagões, o passageiro, não somente o do Metrô, mas também o dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), deve ficar atento ao bolso, já que o número de furtos registrados nos últimos dois anos cresceu 16%, de 2011 para 2012,  e 47,9%, de 2012 para 2013.

Segundo o delegado José Eduardo Navarro, o aumento de número de passageiros é um dos fatores que justifica esse crescimento. “A demanda (de usuários) é muito grande. Então não conseguimos colocar a quantidade exata de policiais e guardas nas estações”, admite o titular da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano).

Para o delegado, o crescimento nos registros de boletins de ocorrência pela internet contribuiu para a elevação nas estatísticas. “As pessoas tomaram conhecimento desse sistema e o estão utilizando mais.”

Buscando amenizar o problema, Metrô e CPTM têm investido em serviços de vigilância com câmeras e denúncias por meio de mensagens de celular. Atualmente, cerca de 7 milhões de passageiros utilizam os serviços sobre trilhos na capital e região metropolitana.

Dados da Secretaria de Segurança Pública informam que, somente neste ano, 319 pessoas foram presas em flagrante e 247 prisões foram efetuadas na Delpom, localizada na Estação Palmeiras-Barra Funda, Zona Oeste. O número total de inquéritos instaurados, de janeiro a novembro, foi de 422.

Sufoco no embarque/ Recentemente, a promotora de eventos Maria de Fátima Nunes, de 49 anos, foi uma das vítimas na Estação da Sé, do Metrô, no Centro. Ela aguardava o embarque com mais duas amigas. Todo o dinheiro do trio estava com a usuária. “Na hora do embarque, fui jogada para dentro do pela multidão. Só no Tatuapé eu vi que minha bolsa estava aberta e vazia. Levaram tudo”, contou.

Hoje em dia, Maria leva o celular e as chaves de casa amarrados à mochila. Já o dinheiro, ela distribui pelos bolsos da camisa e calça. “É muita gente e os poucos seguranças que existem ficam batendo papo entre eles.” /Com Amanda Gomes

ENTREVISTA
José Eduardo Navarro, delegado da Delpom

Maior parte das vítimas é a que dorme no vagão

DIÁRIO_ Por que esse crescimento tão grande no número de furtos em um ano?
JOSÉ EDUARDO NAVARRO_ O número de passageiros tem aumentado bastante todos os anos. Além disso, os usuários estão fazendo mais uso da delegacia eletrônica, ou seja, estão registrando os boletins de ocorrência pela internet.

Como conter esse avanço na criminalidade nos trens e estações?
A Polícia Civil, em conjunto com a segurança das estações, faz um trabalho preventivo, com policiais à paisana e câmeras de segurança.

Quem são as maiores vítimas dos ladrões?
Certamente são aquelas que dormem nos vagões e as que deixam celulares e carteiras nos bolsos. O passageiro deve ficar atento aos seus pertences.

MAIS

Objetos perdidos ficam guardados por 60 dias 
 
As sessões de Achados e Perdidos guardam os objetos e itens encontrados nos trens por, no máximo, 60 dias. Após esse período, são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. Os documentos são devolvidos aos órgãos expedidores. Para procurar pertences pessoais perdidos nos trens do Metrô, o usuário deve ir até a Estação Sé, de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h. A empresa também disponibiliza um telefone para informações: 0800-770-7722. Já quem quiser checar os itens desaparecidos nas composições da CPTM precisa passar na Estação Palmeiras-Barra Funda, das 7h às 19h. Informações também podem ser obtidas por meio do Serviço de Atendimento ao Usuário: 0800-055-0121.
 

Arquivo INFOTRANSP