Estudo
revela que metade dos trens antigos do Metrô emite ruído acima de 85 decibéis;
Roubos crescem
Como se não bastasse a superlotação, viajar no Metrô de São Paulo nos
horários de pico equivale, em alguns momentos, a ter ao lado uma britadeira em
pleno funcionamento. A situação resulta em graves consequências ao ouvido
humano, podendo culminar com a perda da audição.
É o que diz uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina de Jundiaí,
interior paulista. O estudo mostrou que em 46% das composições do Metrô onde as
janelas podem ser abertas a intensidade do som é lesiva ao ouvido. O
levantamento analisou os ruídos provocados pelo contato das rodas das
composições com os trilhos e também o barulho das conversas e passos dentro dos
vagões.
Segundo a pesquisa, o barulho produzido pelo Metrô diverge em relação às
linhas. A mais barulhenta é a Verde (Vila Madalena/Vila Prudente), seguida da
Azul (Jabaquara/Tucuruvi), Vermelha (Corinthians Itaquera/Barra Funda) e Amarela
(Luz/Pinheiros). A Lilás (Capão Redondo/Largo 13) não foi avaliada.
Os horários de pico são os mais críticos. O trecho campeão de barulho é
entre as estações Belém e Bresser (Linha Vermelha), com apogeu de 104 decibéis.
O limite considerado não nocivo à audição humana é de 85 decibéis (ver na tabela
à esquerda os dez trechos mais barulhentos).
SURDEZ/ De acordo com o professor titular de otorrinolaringologia da
Faculdade de Medicina de Jundiaí e orientador do estudo, Edmir Lourenço, as
consequências à exposição ao excesso de barulho do Metrô agravam-se quando
forma-se o tripé intensidade, tempo e suscetibilidade.
“Um avião a jato provoca um som de 120 decibéis. Mais um pouco e andar no
Metrô seria como viajar dentro da turbina de um avião”, disse. Lourenço, no
entanto, ressaltou que o pico de barulho é por alguns segundos. “Porém, o
acúmulo durante os anos é o problema.”
Até o fechamento desta edição, o Metrô não havia se pronunciado sobre os
resultados da pesquisa.
Os 10 Trechos com mais ruídos no horário de pico (em decibéis)
Belém/Bresser 104* (Linha Vermelha)
Tiradentes/Luz 103.5 (Linha Azul)
Ana Rosa / Chácara Klabin 102.9 (Linha Verde)
Sacomã / Tamanduateí 101.7 (Linha Verde)
Tucuruvi / Parada Inglesa 101.2 (Linha Azul)
São Joaquim / Vergueiro 100.9 (Linha Azul)
Marechal Deodoro / Barra Funda 100.4 (Linha Vermelha)
Vila Madalena / Sumaré 99.5 (Linha Verde)
Santa Cecília / Marechal Deodoro 95.3 (Linha Vermelha)
Butantã / Pinheiros 92.2 (Linha Amarela)
*Ruído máximo atingido pelos trens antigos
Fonte: Faculdade de Medicina de Jundiaí
ANÁLISE
Paulo Roberto Lazarini
pres.da Soc. Brasileira de Otologia
Ouvir música alta não adianta
Ouvir música alta no Metrô achando que vai abafar o barulho do vagão é
descobrir um santo para cobrir outro. O ideal é colocar protetor auricular, que
pode ser introduzido no canal do ouvido. Também existem os de formato de
concha.
O ser humano moderno vive mais tempo, portanto é preciso a prevenção desde
cedo para que na terceira idade os problemas com a audição sejam os menores
possíveis. Além de agredir a audição, o excesso de ruído no Metrô causa
irritabilidade, o que, em um ambiente de superlotação, pode ter efeitos
desagradáveis.
Um dos sintomas de quem está com a audição comprometida é o zumbido. Outro
é a dificuldade de compreensão do que é dito, além de, em muitos casos, dor de
cabeça. Tendo esses sintomas, deve-se procurar um especialista.
Atenção com o bolso
Além da preocupação com os ouvidos dentro dos vagões, o passageiro, não
somente o do Metrô, mas também o dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos), deve ficar atento ao bolso, já que o número de furtos
registrados nos últimos dois anos cresceu 16%, de 2011 para 2012, e 47,9%, de
2012 para 2013.
Segundo o delegado José Eduardo Navarro, o aumento de número de passageiros
é um dos fatores que justifica esse crescimento. “A demanda (de usuários) é
muito grande. Então não conseguimos colocar a quantidade exata de policiais e
guardas nas estações”, admite o titular da Delpom (Delegacia de Polícia do
Metropolitano).
Para o delegado, o crescimento nos registros de boletins de ocorrência pela
internet contribuiu para a elevação nas estatísticas. “As pessoas tomaram
conhecimento desse sistema e o estão utilizando mais.”
Buscando amenizar o problema, Metrô e CPTM têm investido em serviços de
vigilância com câmeras e denúncias por meio de mensagens de celular. Atualmente,
cerca de 7 milhões de passageiros utilizam os serviços sobre trilhos na capital
e região metropolitana.
Dados da Secretaria de Segurança Pública informam que, somente neste ano,
319 pessoas foram presas em flagrante e 247 prisões foram efetuadas na Delpom,
localizada na Estação Palmeiras-Barra Funda, Zona Oeste. O número total de
inquéritos instaurados, de janeiro a novembro, foi de 422.
Sufoco no embarque/ Recentemente, a promotora de eventos Maria de
Fátima Nunes, de 49 anos, foi uma das vítimas na Estação da Sé, do Metrô, no
Centro. Ela aguardava o embarque com mais duas amigas. Todo o dinheiro do trio
estava com a usuária. “Na hora do embarque, fui jogada para dentro do pela
multidão. Só no Tatuapé eu vi que minha bolsa estava aberta e vazia. Levaram
tudo”, contou.
Hoje em dia, Maria leva o celular e as chaves de casa amarrados à mochila.
Já o dinheiro, ela distribui pelos bolsos da camisa e calça. “É muita gente e os
poucos seguranças que existem ficam batendo papo entre eles.” /Com Amanda
Gomes
ENTREVISTA
José Eduardo Navarro, delegado da Delpom
Maior parte das vítimas é a que dorme no vagão
DIÁRIO_ Por que esse crescimento tão grande no número de furtos
em um ano?
JOSÉ EDUARDO NAVARRO_ O número de passageiros tem aumentado bastante todos
os anos. Além disso, os usuários estão fazendo mais uso da delegacia eletrônica,
ou seja, estão registrando os boletins de ocorrência pela internet.
Como conter esse avanço na criminalidade nos trens e estações?
A Polícia Civil, em conjunto com a segurança das estações, faz um trabalho
preventivo, com policiais à paisana e câmeras de segurança.
Quem são as maiores vítimas dos ladrões?
Certamente são aquelas que dormem nos vagões e as que deixam celulares e
carteiras nos bolsos. O passageiro deve ficar atento aos seus
pertences.
MAIS
Objetos perdidos ficam guardados por 60 dias
As sessões de Achados e Perdidos guardam os objetos e itens encontrados nos
trens por, no máximo, 60 dias. Após esse período, são doados ao Fundo Social de
Solidariedade do Estado de São Paulo. Os documentos são devolvidos aos órgãos
expedidores. Para procurar pertences pessoais perdidos nos trens do Metrô, o
usuário deve ir até a Estação Sé, de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h. A
empresa também disponibiliza um telefone para informações: 0800-770-7722. Já
quem quiser checar os itens desaparecidos nas composições da CPTM precisa passar
na Estação Palmeiras-Barra Funda, das 7h às 19h. Informações também podem ser
obtidas por meio do Serviço de Atendimento ao Usuário:
0800-055-0121.