Licitação é apenas uma parte do processo que pode transformar a Capital
A alteração sobre a
possibilidade de que, após a licitação, ocorra uma demissão em massa de
trabalhadores das empresas que atualmente operam o serviço, questão
inclusive superada pela previsão de que motoristas e cobradores serão
absorvidos pelos futuros vencedores da licitação, ofuscou o fato
principal: o novo sistema de transporte coletivo desenhado pela
Prefeitura de Teresina.
Para entender mais o assunto e
descobrir se o Plano apresentado é capaz de solucionar os problemas de
mobilidade enfrentados pela cidade, a reportagem do Capital
Teresina verificou os pontos principais que serão alterados após a
licitação. Pode-se perceber que o desenvolvimento da capital passa pelo
Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Teresina.
Obras de Mobilidade urbana
Para receber recursos federais
destinados à mobilidade urbana, os municípios devem estar cumprindo a
Lei 12.587/12 – Lei da Mobilidade Urbana. Teresina ainda não está. Sem a
licitação de Transportes Coletivos, o município fica impedido de obter
recursos do Plano Nacional de Mobilidade Urbana.
Teresina já tem previsto R$ 104
milhões em orçamento para mobilidade através do PAC Mobilidade Grandes
Cidades. Além desse valor, outros R$ 64 milhões são esperados pelo CPAC.
Estes recursos, somados ao financiamento e outros recursos federais,
serão suficientes para a construção de 8 terminais de integração, três
estações de transbordo, uma ponte na avenida Gil Martins que, segundo os
técnicos da Prefeitura Municipal de Teresina, PMT, criará um corredor
de tráfego alternativo à própria Frei Serafim.
Sobre o atraso para a elaboração da
licitação do transporte público de Teresina, o vereador Edson Melo
disse que “tentar adiar a licitação é atrasar o desenvolvimento de
Teresina em todos os sentidos, tanto urbanístico como econômico”.
Com o recurso, a prefeitura prevê a
duplicação da avenida Rio Poti e a implantação de corredores exclusivos
e semi-exclusivos para o transporte coletivo.
Pang Yen, superintende municipal de
transporte e trânsito, afirma que PMT “alcançou soluções inteligentes
que realmente trazem efeitos e soluções efetivas ao trânsito de Teresina
com base em estudo científico”.
Mobilidade e desenvolvimento
Um outro benefício alcançado
através do novo sistema de transporte coletivo é o preenchimento de
áreas urbanas vazias pela ausência de um fluxo de pessoas necessário
para trazer investimentos privados e crescimento imobiliário. “A ponte
da avenida Gil Martins por exemplo. Toda aquela área é vazia, sem
ocupação, com a criação do corredor de tráfego que interligará aquela
região, vai crescer. É a deixa para novos centros comerciais,
residenciais, escolas...", disse Ricardo Freitas, diretor de transporte
público da Superintendência de Transporte e Trânsito de Teresina,
STRANS.
A expectativa da PMT é que o
redesenho do fluxo de pessoas pelas chamadas linhas inteligentes levem
também o desenvolvimento a diversas regiões. “São as pessoas que
movimentam a cidade. Se o fluxo é livre, contínuo, ocorre a irrigação de
novas áreas”. Complementou Ricardo.
O exemplo de Curitiba
O que está sendo previsto pela
Prefeitura ocorreu em outras cidades do Brasil, como em Curitiba. A
capital do Paraná planejou utilizar a mobilidade como fator indutor do
desenvolvimento. Houve um ordenamento onde os imóveis próximos ao
corredor seriam obrigados a ter uma altura mínima, condizente com a
facilidade de transporte, de modo que ao longo dos anos transformou as
áreas adjacentes aos corredores de tráfego em regiões economicamente
mais ativas. O mesmo pode ocorrer com Teresina.
Transporte mais eficiente
Segundo Pang Yen, um benefício imediato do novo sistema é o ganho de
tempo que os usurários do transporte público alcançarão. O
superintendente deu como exemplo alguém que mora na Vila Irmã
Dulce onde, no modelo atual, demora quase uma hora para chegar ao centro
da cidade. No novo sistema, tronco-alimentando, um morador da Irmã
Dulce economizaria 20 minutos no percurso, quer duraria cerca de 30
minutos, bem menos que os 50 (média atual).
Para Pang isso é qualidade de vida: "Uma das maiores reclamações dos
usuários é o tempo de espera. No redesenho do sistema há um ganho
significativo de tempo. Os ônibus demoram menos, o usuário ganha tempo.
Isso é mais qualidade de vida", finaliza.