05 agosto 2012

“Metro ligeiro pode mudar a cidade”




 O presidente da Sociedade Ecológica de Macau, Ho Wai Tim, diz que a má gestão dos transportes públicos obriga os residentes a comprar carros e motociclos. Resultado? “Há mais emissões de gases poluentes e o consumo de energia dispara”. Mas a situação pode mudar com o metro ligeiro.
Pedro Galinha
É com “preocupação” que o presidente da Sociedade Ecológica de Macau (SEM), Ho Wai Tim, olha para o número de veículos motorizados em circulação no território. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, são 210.580, pelo menos até ao mês passado.
“A gestão dos transportes públicos não é conveniente. Por isso, as pessoas são forçadas a comprar carro ou mota”, explica o responsável da SEM.
A análise dos dados anunciados esta semana pelos Serviços de Estatística e Censos dão ainda conta de um aumento de cinco por cento do número de veículos motorizados, em relação a 2011. Ou seja, “há mais emissões de gases poluentes e o consumo de energia dispara”, garante Ho Wai Tim, que para o problema tem algumas soluções.
“Em primeiro lugar, melhorar os serviços de transportes públicos, para facilitar as deslocações das pessoas. Em segundo lugar, incentivar a utilização de veículos eléctricos [ver caixa] e a gás natural para reduzir a poluição”, enumera.
Outra alternativa apresentada pelo dirigente da Sociedade Ecológica passa pela rede de metro ligeiro, que deve entrar em funcionamento daqui a três anos. “O metro ligeiro pode mudar a cidade”, confia Ho Wai Tim, que acredita que o novo meio de transporte vai retirar carros e motociclos das estradas.
Já sobre a promoção de ciclovias e do uso de bicicleta na cidade, o especialista tem mais reservas. Em parte porque não é possível garantir as condições de segurança para quem opta por este meio de transporte.
“Os acidentes com bicicletas em Macau podem acontecer com muita frequência. Além disso, falta formação para que as pessoas possam andar de bicicleta em segurança”, justifica o presidente da SEM.
Carros eléctricos “pegam” em Hong Kong
Maria José de Freitas é um dos rostos que tem defendido a importação de carros eléctricos para Macau, como alternativa ecológica aos veículos motorizados. No entanto, a arquitecta diz que continua o “vazio” para que esta alternativa se torne numa realidade.
“Em Macau, não se passa nada. Estou ligada a uma empresa de carros eléctricos com sede em Shenzhen, que tem vendido para Hong Kong”, adianta, sem especificar números.
Ainda que haja “isenção de 60 por cento nos impostos” locais, Maria José de Freitas refere que faltam “incentivos à aquisição” de carros eléctricos. “Da parte da Administração não sinto que haja grande intenção para mudar isto”, acrescenta.
Sobre os veículos comercializados pela empresa a que está ligada, a arquitecta diz que têm autonomia para “170 ou 180 quilómetros”: “Permite que, numa cidade como Macau, as baterias aguentem uma semana, por isso tem cabimento aqui, até porque tratam-se de carros que não poluem o ar”, explica Maria José de Freitas, que quer que as autoridades locais fiscalizem mais os veículos que libertam “nuvens carregadas de gases poluentes”.

Arquivo INFOTRANSP