15 março 2011

Interrupção da indústria no Japão pode prejudicar cadeia mundial

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou no domingo, 13 de março, que o país vive sua pior crise desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Os números oficiais falam de mais de 20.800 edifícios destruídos e que 450 mil japoneses tiveram que ser removidos de suas casas por vários motivos, entre eles 200 mil deslocados pelos riscos em uma usina nuclear em Fukushima.

Com base em desastres anteriores, acredita-se que o impacto na infraestrutura de exportação e na produção industrial vai afetar o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão no segundo e no terceiro trimestre.

O banco central do Japão agiu para minimizar os efeitos da catástrofe sobre o sistema financeiro, injetando 15 trilhões de ienes (US$ 183 bilhões) no mercado a fim de garantir sua sustentabilidade.

Já antecipando os custos da tragédia, o índice Nikkei 225 encerrou o pregão desta segunda-feira, 14 de março, em queda de 6,18%, aos 9.620,49 pontos.

A indústria japonesa, prejudicada pelo severo tremor de sexta-feira, enfrenta agora o novo desafio causado pelo racionamento de energia e deve durar várias semanas, para enfrentar a perda de geração, isso forçou até o fechamento de fábricas que não sofreram danos.

Com a interrupção de fábricas que produzem carros, aço, papel e eletrônicos, há também uma ameaça aos fornecimentos ao redor do mundo, pelo menos temporariamente.

O tremor que atingiu uma série de indústrias na região nordeste japonês pode afetar as exportações de veículos e autopeças nos próximos meses. O desastre natural fez a Sumitomo Metal, que está em processo de fusão com a Nippon Steel, suspender operações em dois altos-fornos de sua usina em Kajima.

Especula-se que com uma redução na oferta de aço do Japão, os preços internacionais dos produtos siderúrgicos poderiam avançar, também ajudando a Usiminas.

As ações da Usiminas aceleravam a alta na sexta-feira, 11 de março, em meio a rumores renovados sobre eventual alteração no grupo de controle da maior produtora de aços planos do país

Os rumores circulavam apesar de os principais acionistas da Usiminas (Nippon Steel, Camargo Corrêa e Votorantim) terem acertado em fevereiro um acordo que trava o grupo de controle da siderúrgica até 2031.

Os três maiores fabricantes japoneses de automóveis, Toyota, Nissan e Honda, anunciaram que a partir de hoje a produção em todas as suas fábricas no Japão estará paralisada por problemas de provisão

A Toshiba, segunda maior fabricante de chips de memória flash, atrás da Samsung, fechou suas fábricas. A Sony fechou seis fábricas, duas em Fukushima e quatro em Miyagi, incluindo uma responsável por produzir laser de diodo usados em players de DVDs, Blu-rays, CD ROMs e Playstations. A Panasonic interrompeu a produção.

As viagens internacionais com destino ao Japão chegam principalmente a Tóquio, Nagoya e Osaka, que não estão na região mais afetada pelo terremoto. 

Já os voos para a região nordeste do país, estão suspensos até 14 de março. O Aeroporto Internacional de Narita, o mais utilizado para viagens de outros países para o Japão, retomou alguns dos voos cancelados. O acesso por autopistas até o aeroporto localizado na Grande Tóquio está interditado e o transporte públicos, como ônibus e trens, suspenso. O sistema de metrô de Tóquio está parado.

As maiores companhias aéreas retomaram os voos, bem como as transportadoras United Parcel Services Inc. e FedEx Corp. Mas essas empresas informaram que o transporte de cargas para partes do leste do Japão continuava duvidoso. "Teremos atrasos no serviço em terra no leste do Japão por causa das condições das estradas", disse Chris Stanley, porta-voz da FedEx .

As autoridades japonesas lutam contra a crescente crise nuclear a ameaça de múltiplos derretimentos de reatores. O acidente na usina nuclear foi classificado como de nível 4 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, que vai de 0 a 7. 

A classificação 4 qualifica acidentes com consequências de alcance local. A classificação é a terceira mais alta já concedida, ficando atrás apenas do acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979 (nível 5) e de Tchernobil, em 1986 (grau 7).

Os especialistas alertaram que o nordeste do país sofrerá réplicas durante uma semana e que há 70% de possibilidades de que alguma delas supere, antes de quarta-feira, 16 de março, os 7 graus de magnitude na escala Richter.

Arquivo INFOTRANSP