23 março 2011

Centenário, metrô de Buenos Aires dobrará de tamanho até 2017

Para dar conta da demanda, serão investidos no subte, como é chamado o metrô pelos portenhos, o equivalente a R$ 8,5 bilhões



À noite, o tempo de espera entre vagões na linha D, uma das mais movimentadas da cidade, pode demorar 15 minutos. A média do dia, segundo Juan Pablo Piccardo, presidente da companhia estatal Subterrâneos de Buenos Aires, é de 3,5 minutos.

“O subte está bem?”, pergunta-se Fernando Reznik, usuário do subte, como é chamado o metrô de Buenos Aires. “Depende”, responde ele mesmo, com a ironia característica de quem vive na capital. “Se pensarmos no que poderia ser, é um desastre. Mas as condições têm melhorado nos últimos anos.” Ampliar as linhas de metrô é um dos desafios da Argentina em seu processo de crescimento.

Piccardo lembra que o metrô de Buenos Aires completa, em 2013, cem anos. É o mais antigo da América Latina, e foi inaugurado antes mesmo das linhas de Madri (1919) e Barcelona (1924) na Espanha. O primeiro metrô do mundo surgiu em Londres, em 1863. Já as obras do metrô de São Paulo começaram em 1968.

O problema em Buenos Aires é que, apesar de ter sido pioneiro, houve pouca expansão. “Em 1944 tínhamos cinco linhas, da A à E”, diz Piccardo. “Muito pouco foi feito de lá para cá.” O sistema tem, atualmente, seis linhas. A primeira da cidade – A - ainda tem trens originais, ou seja, em breve completam cem anos. A antiguidade faz com que um passeio pela rota seja incluído na lista dos programas obrigatórios de quem visita Buenos Aires.

A linha H é a mais nova. As estações lembram as primeiras de São Paulo. Há ar condicionado e catracas modernas. Nas demais, um misto do velho e do novo. É fácil ver, numa mesma estação, metade das catracas azul-cobalto, das antigas, e a outra metade metalizada, da nova leva.


Para dobrar a capacidade

A ampliação do subte é um dos principais projetos de infraestrutura em curso na capital da Argentina. O presidente da empresa afirma que estão programados R$ 8,5 bilhões em investimentos até 2017. O dinheiro será aplicado na construção de novas linhas, melhoria do sistema atual e compra de novos vagões.

A ideia é sair dos 48 quilômetros atuais de linhas para 90 quilômetros quando as obras terminarem. Novas estações já estão em andamento. Seis devem ser inauguradas no próximo ano. “A cidade precisa duplicar a oferta de lugares. Hoje, são 1,2 milhão de passageiros por dia. Precisamos oferecer espaço para o dobro”, diz Piccardo.

Em São Paulo, principal cidade do Brasil servida por metrô, as linhas somam 65,3 quilômetros, com 58 estações. Está em construção a linha amarela, que deve adicionar 8 km ao traçado total. O metrô de São Paulo atende atualmente 2,8 milhões de pessoas por dia.

Além das novas estações em Buenos Aires, que serão inauguradas nas já existentes linhas H, A e B, serão construídas mais duas linhas: F e G. Cada uma, diz Piccardo, será responsável por transportar 300 mil pessoas. A oferta excedente de 600 mil lugares virá com a melhoria da qualidade dos serviços.

A linha G começa a ser construída em 2012 e a F em 2013. Cada trajeto deve demorar quatro anos para ficar pronto.
"Dentro do projeto também incluímos a diminuição do tempo de espera pelos trens”, afirma. Ele diz ainda que serão comprados mais 400 vagões. Atualmente, são 300. Essas compras farão com que os trens da linha A, a primeira da cidade, sejam aposentados.

Interessados

Segundo Piccardo, as obras para a Linha G serão feitas por uma empresa chinesa, e vão custar R$ 2,5 bilhões. A expansão da linha H, a mais moderna, está sendo disputada por três consórcios. Um deles tem entre os participantes a espanhola OHL, que atua no Brasil, e a Rovella Carranza, companhia argentina com sede em San Luis, cidade próxima a Mendoza.

O projeto em licitação compreende a extensão da linha H, com a construção das novas estações Pompeya e Saénz, para o Sul, e outras quatro para o norte, que serão Córdoba, Santa Fe, Las Heras e Plaza Francia.
Ariel Porolan, executivo da Rovella Carranza, conta que a disputa encontra-se agora na fase de estudos da parte técnica. “O metrô vai analisar as três ofertas e decidir qual qualifica. O prazo de execução das obras é de 45 meses.” O investimento previsto é de R$ 750 milhões.

De acordo com Porolan, os governos dos Kirchner, primeiro de Nestor, depois de sua mulher, Cristina, movimentaram bastante o setor de infraestrutura na Argentina. A Rovella Carranza, que começou seus negócios construindo estradas, pontes, aquedutos e obras de saneamento, decidiu participar do projeto do metrô para incrementar suas receitas. Eles estão animados. “Há dois anos faturamos R$ 160 milhões. Em 2009 foram R$ 260 milhões e, no ano passado, R$ 380 milhões. Tirando a inflação, nosso crescimento tem sido de cerca de 30% ao ano.”

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