Rio - O Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) divulgou ontem um estudo nacional revelando 448 oportunidades de negócios que podem ser abocanhadas pelas micro e pequenas empresas do país, antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014. No caso do Rio Grande do Norte, os setores de turismo, construção civil, fruticultura e indústria – com a produção de bonés, por exemplo – foram apontados como potenciais alvos para o setor, mas não necessariamente os únicos. “O estado precisa ver quais são suas vocações e as empresas precisam se capacitar para aproveitar as oportunidades que surgirem”, disse o gerente da unidade de serviços do Sebrae, a qual o projeto está vinculado, Vinícius Lages.
O “mapa de oportunidades para os pequenos negócios” foi desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas. O estudo começou no ano passado e foi dividido em duas etapas. Na primeira, que teve os resultados divulgados ontem, foram contemplados os setores de construção civil, turismo, tecnologia da informação e produção associada ao turismo, que engloba segmentos, atividades e serviços que agregam valor aos produtos turísticos, como artesanato, manifestações culturais, gastronomia e atividades artísticas e esportivas. Outros cinco setores – comércio varejista, serviços em geral, vestuário, madeira e móveis e agronegócios - também terão oportunidades identificadas no mapeamento. Além de mostrar onde estão as oportunidades, o trabalho identifica os requisitos que os empresários têm de preencher para disputar mercado.
“Independentemente da Copa, o mercado exige melhoria da produtividade, inovação e qualidade em produtos e serviços. É isso o que as micro e pequenas empresas têm que incorporar ao dia a dia delas”, diz Lages. Mas esses não são os únicos pré-requisitos que as empresas precisarão cumprir para morder uma fatia dos negócios. De acordo com o estudo, estar com a documentação em ordem – o que inclui ter contrato social, CNPJ e emitir nota fiscal, por exemplo – ter práticas de gestão bem definidas e apostar em ações ligadas à sustentabilidade também devem fazer a diferença.
As oportunidades de negócios surgem já na fase de pré-evento. “As oportunidades começam desde já, nas obras que estão acontecendo nas cidades-sede. Isso inclui intervenções em aeroportos, portos, rodovias, em equipamentos turísticos e esportivos (como estádios, por exemplo”, disse o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barreto.
Nos setores de infraestrutura, mobilidade urbana e serviços, englobados no estudo, as micro e pequenas empresas devem ter mais potencial de se sobressair , de acordo com ele, como fornecedoras de produtos e serviços, terceirizadas ou subcontratadas. Para capacitar esses empreendedores, o Sebrae tem quase R$ 80 milhões disponíveis. Os recursos deverão ser empregados em cursos, feiras, rodadas de negócios e seminários – o primeiro será realizado em maio no Rio de Janeiro. O segundo, no Rio Grande do Norte, mas a data ainda não foi divulgada.
O Sebrae estima que os pequenos negócios representem hoje algo em torno de 20% do Produto Interno Bruto do País e que dos R$ 150 bilhões que espera-se que a Copa do Mundo movimente na economia brasileira, até 2014, também 20%, pelo menos, estejam vinculados aos pequenos negócios. “O legado que esperamos é ter negócios mais fortes, com mais possibilidades de crescimento e competitividade”, acrescentou Barreto. Ele também estimou que as oportunidades para os pequenos negócios estejam relacionadas mais ao fornecimento de produtos e serviços ao mercado privado, do que ao governo.
Construção vai receber R$ 22,8 bilhões
Rio - A Copa do Mundo de 2014 criará 128 grandes oportunidades para as pequenas empresas do setor da construção civil, principalmente no período pré-evento. A informação consta no ‘Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede’, levantamento inédito do Sebrae encomendado à Fundação Getúlio Vargas (FGV). A construção civil é um dos nove setores da economia em que o Sebrae trabalha para identificar oportunidades de negócios e capacitar pequenas empresas. O setor absorverá a maior parte (R$ 22,8 bilhões) dos R$ 33 bilhões a serem investidos pelo poder público e iniciativa privada em infraestrutura, turismo e consumo, segundo dados do Ministério do Esporte.
As 128 oportunidades mais promissoras para as pequenas empresas da construção civil nas 12 cidades-sede surgem na condição de fornecedores ou prestadores de serviços para as grandes empresas. São atividades como consultoria, prestação de serviços, fornecimento de matéria-prima, insumos e equipamentos, representantes comerciais e agentes do comércio de eletrodomésticos, móveis e artigos de uso doméstico, comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção.
“O Sebrae quer transformar o desafio desse trabalho no seu legado. A ideia é aproveitar a oportunidade da Copa para aumentar o nível de competitividade e promover o desenvolvimento das pequenas empresas. Este grande evento é um elemento motivador para a criação, melhoria e internacionalização de novos produtos e serviços”, destaca o gerente de Serviços do Sebrae, Vinícius Lages.
O mapeamento demonstra que quando se trata do fornecimento de insumos relacionado ao comércio atacadista, a oportunidade surge por meio da complementação de materiais que, pela ausência de previsibilidade do demandante ou por urgência, são comprados em empresas, normalmente locais e de menor porte. Além disso, as chances de atuação dos empreendimentos locais relacionadas ao comércio ou à indústria no fornecimento de materiais frágeis (como vidro) serão expressivas, pois o transporte por longas distâncias é muito caro e difícil.
Copa vai potencializar turismo no NE
Ao todo, nove setores estão tendo oportunidades de negócios mapeadas pelo Sebrae. Entre eles, o de construção civil é o que oferece o maior campo de atuação para as micro e pequenas empresas, com 128 oportunidades mapeadas. No caso do turismo, segundo setor com mais oportunidades, as chances de prosperar são enxergadas para todas as cidades, embora se multipliquem em sedes com potencial já desenvolvido no setor, disse Luiz Barreto, presidente do Sebrae Nacional, durante entrevista coletiva. E o Nordeste, segundo ele, é uma das regiões em que as empresas mais deverão lucrar com negócios no ramo. “Mas não estamos falando em só ganhar dinheiro no momento do evento, mas em projetar uma vida empresarial com musculatura suficiente para o negócio ser mais competitivo e continuar disputando mercado após o evento”, completou ele.
O estudo divulgado ontem também mostra que a Copa 2014 será uma excelente oportunidade para empresários e empreendedores de setores e segmentos não relacionados diretamente com a realização dos jogos, isso quer dizer, para o setor de produção associada, como o artesanato, por exemplo. O levantamento também aponta os desafios a serem enfrentados para melhorar a qualidade do turismo brasileiro e dos serviços oferecidos aos turistas e torcedores da Copa. “Esse processo será referência para o processo de aceleração da qualidade e da inovação dos produtos e serviços das pequenas empresas, antes , durante e depois da Copa”, ressaltou Vinícius Lages, gerente de Serviços do Sebrae. Ele acrescentou que os nove setores contemplados no estudo não serão necessariamente alvos de ações em todas as cidades sede. Caberá aos Sebraes locais definirem quais são os focos.
Investimentos em obras podem chegar a R$ 1 bilhão
Andrielle Mendes -
Repórter
A quantia investida em obras de mobilidade urbana em Natal com vistas a Copa de 2014 pode chegar a R$1 bilhão. A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, viaja a Brasília na próxima terça-feira para apresentar novos projetos, entre eles os de urbanização de Tirol, Petrópolis e San Vale. Juntos, eles somam R$ 250 milhões e vão atender áreas que ficaram de fora dos projetos já incluídos no PAC, do governo federal. Alguns deles já foram pré-selecionados numa fase anterior, mas acabaram reprovados. A equipe técnica da prefeita já conseguiu aprovar R$ 800 milhões em obras. O anúncio foi feito ontem durante encontro com empresários no Hotel-Escola Senac Barreira Roxa realizado pelo Sistema Fecomércio/Sesc/Senac.
Para complementar a contrapartida municipal e garantir a realização das obras, Micarla visita o escritório nacional do BNDS na próxima semana. A Prefeitura deveria dar R$ 30 milhões como contrapartida, mas só tem R$ 15 milhões, dinheiro que, segundo a gestora, “está guardado nos cofres”. O banco tem uma linha de crédito especial e pode financiar os R$ 15 milhões restantes. Micarla acredita que as pendências no Sistema de Administração Financeira (Siafi), do Governo Federal, não inviabilizarão o financiamento das obras nem a obtenção do crédito especial. “Não seria justo que as pendências da gestão anterior inviabilizassem os projetos da atual”, afirmou, referindo-se à algumas pendências herdadas da gestão municipal passada. A prefeita de Natal aproveitou o encontro para fazer um balanço de sua gestão e afirmou que mais dinheiro investido em mobilidade significa mais obras e mais empregos diretos.
A cidade-sede não ganha só em geração de emprego e renda, mas em visibilidade, infraestrutura e capacitação de recursos humanos. Oportunidade que, segundo a prefeita, não pode ser desperdiçada nem prejudicada por prováveis atrasos no cronograma. Em Natal, as obras devem começar em junho, prazo máximo concedido pela Fifa.
Quanto ao provável atraso, Micarla preferiu dizer que “uma obra tem todo um processo legal para acontecer. Nós, como várias cidades-sede, estamos no processo legal. As obras podem começar até junho. Não vamos atropelar este prazo legal”. Embora nenhuma obra ainda tenha iniciado, ela voltou a dizer que Natal cumprirá todos os prazos e não perderá o mundial. “As obras têm que estar prontas, até porque tem data”. A intenção do encontro era detalhar as ações desenvolvidas na capital com vistas à Copa de 2014. No entanto, a prefeita falou mais sobre o que pretende fazer e menos do que já foi feito.
Fecomércio tem planos para formar 70 mil profissionais
Segundo o presidente do Sistema Fecomércio, Marcelo Queiroz, Natal precisa de infraestrutura, acessibilidade e mão de obra qualificada para a Copa. Até 2014, o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac deve investir R$ 39 milhões em capacitação profissional. Sete mil natalenses já se inscreveram nos cursos gratuitos voltados ao mundial até o momento.
A expectativa, segundo Marcelo, é aumentar este número em dez vezes nos próximos três anos. Na avaliação dele, todos os segmentos precisam passar por capacitação. Entram nesta lista, vendedores, garçons, camareiras, taxistas - profissionais que lidam diretamente com visitantes estrangeiros.
Os profissionais qualificados já estão empregados. Encontrar mão de obra qualificada e disponível está cada vez mais difícil em Natal e no restante do país. O nível de empregabilidade no Brasil nunca esteve tão alto, segundo o presidente do sistema Fecomércio. A saída é qualificar quem já está empregado e capacitar quem ainda não entrou no mercado de trabalho.
Em todo o Brasil, o mundial deverá gerar 3,6 milhões de empregos diretos até 2014 - mais de 1 milhão por ano. Além disso, durante o mundial, 200 mil pessoas devem visitar cada cidade-sede, gerando oportunidades de negócios para quase todos os setores, desde o vendedor de picolé até o dono de um hotel cinco estrelas. Para distribuir melhor a renda, o Município precisa qualificar toda a mão de obra, explica Marcelo.
http://tribunadonorte.com.br/noticia/mapa-de-oportunidades-para-micro/177026