Tendência nas principais cidades do mundo, projeto que transforma vagas de carro em área de lazer para pessoas ganhou versão paulistana – a Zona Verde
Nesta vaga havia um carro, mas agora não há mais. E quem chega perto se espanta com o que encontra no lugar – uma área para encostar a bicicleta,
tomar uma banho de sol, ou ainda relaxar entre uma pausa e outra no
expediente. Bem-vindo à Zona Verde, a versão paulistana do projeto
conhecido como "parklet", tendência mundial que transforma vagas de
carro em zonas de convivência.
Numa primeira etapa, o Zona Verde vai ocupar, de hoje até domingo (18),
duas vagas do estacionamento rotativo pago Zona Azul, uma na Rua Maria
Antônia, no bairro da Consolação (cima) e outra na Rua Amauri, no Itaim
Bimbi, como parte do projeto Design Weekend (DW!).
O mobiliário é composto por peças de madeira e de concreto em estrutura
modular, que criam floreiras e bancos.
A coluna vertebral da empreitada
é a ideia de recuperar o espaço público para o uso coletivo e tornar
ruas e bairros mais humanos e amigáveis.
“São Paulo não
é uma cidade para pessoas, é uma cidade para carros. Isso precisa
mudar.
E o primeiro passo é atacar a questão da mobilidade”, diz Lincoln
Paiva, presidente do Instituto Mobilidade Verde. “Uma cidade
boa para pessoas tem que criar meios para que possamos nos deslocar a
pé, com facilidade e com prazer.
O simples ato de sair de casa até o
ponto de ônibus pode ser um martírio aqui”, critica.
Além do Instituto Mobilidade Verde, participam do projeto o grupo
Design Ok, o Gentilezas Urbanas do Secovi-SP e os escritórios de
arquitetura Zoom e H2C.
Com o Zona Verde, os organizadores pretendem criar um canal de diálogo
com a sociedade, para debater questões ligadas à ocupação do espaço.
Para atrair a sociedade para o debate, foi criado um site onde as
pessoas podem contribuir com propostas.
Esta é apenas uma prévia do que
vem por aí.
Os desafios de se ocupar uma vaga
Numa segunda etapa, novas Zonas Verdes deverão ser instaladas pela
cidade durante a 10º Bienal de Arquitetura, que começa em outubro.
Com
essas investidas, o projeto pretende se tornar parte da realidade da
cidade, ainda que com intervenções temporárias, em dias específicos da
semana.
O desafio maior será ganhar status permanente. Só para realizar as duas
instalações durante o Design Weekend, foram necessários mais de seis
meses de negociações com as autoridades públicas.
Embora não tenham
encontrado muitas resistências no caminho, os organizadores apontam a
burocracia e os impedimentos legais como principais entraves.
Pela lei
paulistana, a Zona Azul só pode ser ocupada por carros.
Em São Francisco, nos EUA, berço do movimento do parklet, as vagas
poderiam ser ocupadas com outros fins desde que se pagasse pelo tempo de
ocupação do espaço.
Por aqui, a abordagem da Zona Verde é mexer mais
fundo na estrutura e questionar a própria gestão do espaço público.
Estimular mudanças na lei faz parte disso.