Conheça outros trabalhos em espaços públicos, como estações de metrô e paradas de ônibus, que tornam a rotina das cidades mais criativa e interessante
Nesta sexta-feira (dia 6), o artista multimídia
norte-americano Doug Aitken – autor do Sonic Pavilion (2009), em Inhotim
– lança um projeto de arte pública que arrecadará fundos para a
programação não convencional em museus norte-americanos.
O projeto Station to Station transforma um trem que cruza
os Estados Unidos (de Nova York a São Francisco) entre esta sexta e 28
de setembro numa obra de arte cinética luminosa.
Durante as viagens,
apresentações terão as presenças de personalidades e criadores dos
campos da música, fotografia, escultura, site specifics e gastronomia.
Entre os nomes anunciados, além do próprio Doug Aitken,
estão o brasileiro Ernesto Neto e os artistas múltiplos Olafur Eliasson,
Urs Fisher, James Turrell e Jorge Pardo. Da indústria da música e de
suas conexões com a arte, participam do projeto Giorgio Moroder, Ariel
Pink, Beck, Cat Power, Savages, No Age e muitos outros. Alice Waters é a
curadora gastronômica e Leif Hedendal será o chef oficial da viagem.
Os
tickets estão à venda no site e custam US$ 25 por pessoa.
A união de artistas e meios de transporte faz da
movimentação nas grandes cidades mais agradável (e até uma atividade
turística) ao mesmo tempo em que torna a arte mais acessível e
provocativa, fora dos muros dos museus e dos espaços reservados apenas
ao lazer.
Razões políticas e sociológicas
Se na Rússia, por exemplo, as estações foram
usadas para ostentar a riqueza de uma nação desde os anos 1930 - ainda
hoje as áreas são comparadas a palácios e museus –, o modelo inspirou
outros países, que adotaram os espaços públicos como artísticos e de
identidade nacional, como é o caso da Suécia e de Portugal, mas também
da França, da Inglaterra (dona do metrô mais antigo do mundo, de 1863)
e, mais recentemente, da Itália.
Obra
do arquiteto catalão Oscar Tusquets Blanca com mosaicos da Bisazza, a
estação Toledo de metrô fica em Nápoles. Foto: Bisazza/Andrea ResminiSandra Theodozio, coordenadora de Ação Cultural
da Companhia Metropolitano de São Paulo, conta que o projeto “Arte no
Metrô” trabalha, desde 1978, com a introdução de arte nas estações,
cedendo espaço através de concurso para obras que, em geral, tem apoio
de leis de incentivo à cultura para existir.
“Os croquis dos espaços com vocação para instalação de
obras nas estações em fase de projeto são disponibilizados na área de
Cultura e Lazer do site e, com isso, pretende-se minimizar as
interferências geradas após a inauguração das futuras estações”.
Em outros países, iniciativas menos dependentes de leis
de incentivo à cultura e mais ligadas às próprias administradoras do
sistema de transporte – como o programa STArt, do Sound Transit, nos
Estados Unidos – destinam 1% do valor da obra pública à inclusão de
murais, instalações cinéticas, graffiti, esculturas, mosaicos e até
intervenções arquitetônicas.
O resultado da mobilização em torno da inserção da arte
no cotidiano das cidades faz espalhar-se pelo mundo estações de
transporte que impressionam e, sem dúvida, valem a parada.