Segundo dados do Caged, emprego com carteira assinada tem crescido somente para profissionais de até 24 anos
Na busca pela redução de custos, os trabalhadores mais velhos estão
sendo trocados por jovens com boa formação, mas com salários mais baixos
As empresas estão mudando o perfil de contratação. Na busca
pela redução de custos, os trabalhadores mais velhos estão sendo
trocados por jovens com boa formação, mas com salários mais baixos.
A
mudança começa a aparecer no Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged).
Além da menor criação de vagas formais ao longo deste ano, dados
compilados pelo Estado mostram que o emprego com carteira assinada tem
crescido somente para profissionais de até 24 anos.
Essa movimentação no mercado de trabalho está ligada à deterioração da
conjuntura econômica e do ambiente dos negócios, diz Betania Tanure,
professora da PUC-MG e fundadora da consultoria BTA, especializada em
gestão empresarial.
"Neste momento, a maioria das empresas vislumbra um
cenário de incerteza que pouco se viu no Brasil nos últimos anos.
Nem o
ambiente de 2008 e 2009, após a crise, gerou o grau de incerteza no meio
empresarial que hoje se vê pois, naquele momento, do ponto de vista
macro, o País tinha instrumentos para lidar com a crise que hoje se
mostram insuficientes."
O que azedou o humor das empresas foi a queda de resultados.
A
consultoria de Betania realiza pesquisas regulares com as 500 maiores
empresas em operação no Brasil.
Uma delas identificou que boa parte dos
ganhos previstos não vão se concretizar.
No levantamento de abril, 15%
das empresas declararam que não conseguiriam cumprir as metas neste ano.
Na atualização do levantamento, em agosto, o porcentual subiu para 48%.
Ou seja, quase metade das maiores empresas do País identificou uma
deterioração dos resultados, sem possibilidade de recuperação no ano.
Pesa também o cenário de longo prazo.
A pesquisa identificou que a
expectativa para os próximos cinco anos, a partir de 2013, não é
animadora.
Para 63% das empresas, o cenário é "mediano". Trata-se de uma
virada para pior. No ano passado, quando traçaram o cenário para cinco
anos, a maioria das empresas (53%) vislumbrava um período "excepcional".
Hoje, apenas 35% tem esse nível de otimismo.
O menor salário pago aos admitidos em relação aos desligados também
deixa evidente a troca pelo mais barato.
Em julho, essa diferença chegou
a 7,3% e vem crescendo desde abril. "Como o número de admitidos
continua forte, isso sugere que as empresas possam estar trocando os
mais caros pelos mais baratos", afirma Alessandra Ribeiro, economista da
Tendências Consultoria.