Cada vez mais lugares descobrem que a vida sobre duas rodas não é boa apenas para a saúde e o meio ambiente - as bicicletas também podem dar um gás à economia
São Paulo - Enquanto o Brasil se apoia em políticas rodoviaristas e na redução de impostos de carros para fazer a economia
"arrancar", outros países e cidades estão optando por "pedalar".
Aos
poucos, eles descobrem que cada centavo investido no ciclismo se traduz
em mais saúde, meio ambiente de qualidade e numa economia mais vibrante.
Do velho continente chegam exemplos inspiradores. Por ano, o ciclismo
rende à União Europeia nada menos do que 200 bilhões de euros (cerca de
600 bilhões de reais). Isso é mais que o PIB da Dinamarca.
Os cálculos, divulgados neste mês, são da Federação Europeia de
Ciclistas e foram feitos com base em 2010.
Na ocasião, 34 milhões
pessoas (7,4% da população) diziam usar as bicicletas como principal meio de transporte em seus deslocamentos diários.
A meta da federação é que em 2020, o número de adeptos dobre, atingindo
15% da população do bloco.
Com isso, dentro de sete anos, o ciclismo
gerará 400 bilhões de euros por ano.
É dinheiro de sobra para construir,
por exemplo, mais de 800 novas universidades, segundo a Federação.
Ciclovias pesam menos no caixa...
Exemplos de lugares que estão lucrando com as magrelas se multiplicam.
Após descobrir os benefícios econômicos do transporte alternativo, o
governo australiano quer aumentar o número de pessoas que fazem viagens
curtas a pé ou de bicicleta.
De acordo com um estudo, o país economiza
mais de 21 dólares cada vez que uma pessoa resolver fazer de bike o
percurso médio de 20 minutos de ir até o trabalho e voltar, e cerca de 9
dólares quando à pé.
Numa declaração feita em julho, o vice-primeiro-ministro da Austrália,
Anthony Albanese, disse que a construção de vias para caminhar e andar
de bicicleta é relativamente barata em comparação com outros modos de
transporte.
A ciclovia, segundo ele, custa cerca de US$ 1,5 milhão por
quilômetro para planejar e construir.
...e estimulam o comércio local
Investir em melhorias na infraestrutura para bicicletas também ajuda o
comércio local. E por um motivo muito simples: é mais fácil encontrar um
lugar para encostar a bike do que achar uma vaga pra estacionar o
carro.
Estudo feito pela prefeitura de Nova York descobriu que as vendas do
varejo aumentaram até 49% entre a 8ª e 9ª Avenidas, após a instalação no
local de uma pista segregada para ciclistas.
Outro estudo, de duas ciclovias em Seattle, no Canadá, feito pelo
pesquisador Kyle Rowe, mostra em um caso, o aumento nas vendas no varejo
de quase 400%. Impressionante, não?
A saúde também lucra
As vítimas de acidentes no trânsito são um custo para a sociedade e
problema para qualquer país com sistema de saúde público.
Só no Brasil,
em 2011, houve 155.656 internações por acidentes de trânsito, com custo
de R$ 205 milhões, segundo dados do Ministério da Saúde.
Mas as magrelas
podem reverter esse quadro.
Londres, por exemplo, que vive um “boom” de ciclistas na hora do rush –
eles já representam um quarto do tráfego de veículos nas ruas da cidade
durante o horário de pico – tem um bom motivo para vibrar com a
"bikemania": a economia com os gastos de saúde.
O relatório Cycling
Revolution, divulgado em 2012, calculou que o benefícios para a saúde
rendem £442 milhões por ano ao Reino Unido.
Outro exemplo de prevenção vem de Barcelona, na Espanha. Segundo estudo
do Centro de Pesquisa em Epidemiologia Ambiental (Creal), o sistema
público de bicicletas da capital catalã, conhecido como Bicing, é capaz
de evitar 12 mortes por ano.
A economia com prevenção de saúde na cidade
em função do uso da bicicleta por seus habitantes é estimada em 621 mil
euros.
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