Com o objetivo de discutir e pensar a mobilidade do Distrito Federal,
professores, decanos e alunos da UnB e mais 15 especialistas em áreas e meios de
transporte diversos, reuniram-se na manhã do último sábado, em frente ao
Conjunto Nacional, na plataforma superior da rodoviária do Plano
Piloto.
O grupo pretendia convidar aproveitar o local com grande fluxo
de pessoas para convidá-las a refletir sobre o tema. Ciclistas também estavam
mobilizados e curiosos se aproximaram da tenda montada para acompanhar os
debates. A iniciativa foi do grupo de estudo da UnB “De Olho no Trem, Ônibus
Elétrico e Tarifa Única”, coordenado pela professora Maria Rosa Abreu.
As quatro principais frentes de defesa do grupo são a construção de ferrovias
para trens urbanos e revitalização de trens regionais, a implementação de
micro-ônibus elétricos de vizinhança, a tarifa única e cartões mensais, semanais
e diários para passageiros do transporte público distrital e do entorno, além da
prioridade pedestre e acessibilidade.
Além da UnB, estiveram presentes
representantes da ONG Rodas da Paz, da Associação Amigos dos Deficientes Visuais
(AADV) e da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCD).
De acordo com Maria Rosa, melhorias no transporte urbano são garantia de
melhoria da qualidade de vida, beneficiando milhares de pessoas no Distrito
Federal. “Aproveitamos o Dia Mundial Sem Carro, celebrado nesse sábado, e a
Semana da Mobilidade e do Transporte para iniciar um grande abaixo-assinado para
que essas lutas sejam atendidas”, explicou.
“Apenas com a criação de um trem que ligasse a região sul do DF, de
Valparaíso a Brasília, cerca de 80 mil carros poderiam deixar de circular”,
disse Benjamin Soares, coordenador do grupo De Olho no Trem.
SOLUÇÕES
Um dos especialistas convidados do encontro foi Lucio Gregori, ex-secretário
de transporte da prefeitura de São Paulo durante a gestão de Luiza Erundina, no
início dos anos 1990.
Para ele, a atual forma de operar o sistema de ônibus no
DF, a concessão a empresários, poderia ser substituída pela municipalização, na
qual o governo “fretaria os serviços”.
Segundo Lucio, os governantes teriam mais autonomia para definir trajetos e
tarifas. “Assim, evita-se o monopólio.
Quantos mais empresários alugarem esses
veículos, melhor”, afirma. De acordo com o gestor, foi dessa forma que, em 1991,
a cidade de São Paulo deixou de ter 7.600 ônibus para ter 9.600, após seis
meses. “Baixamos as tarifas em 77 centavos de dólar e diminuímos a densidade de
12 passageiros por metro quadrado para cinco”.
Oviromar Flores, decano de Extensão da UnB (DEX), acredita que a união dos
especialistas no assunto no DF poderá educar e mobilizar a população local.
“Temos um potencial incrível e um compromisso ecológico que devemos assumir”,
afirmou.
O professor Paulo Cesar Marques, do programa de Pós-Graduação em Transportes,
entende que é preciso investir em transportes ferroviários e desconstruir a
idéia de liberdade que a indústria automotiva sugere.
“As ferrovias são caras
para implantar, mas baratas de manter.
Quer liberdade maior que não se preocupar
com estacionamento e trânsito, por exemplo?”, questionou o docente.