Competição entre empresas da área financeira e setores tradicionais, como a construção civil, fica mais acirrada
Salários nos setores de petróleo e gás subiram 20% mais que a média no último ano
Salários nos setores de petróleo e gás subiram 20% mais que a média no último ano
O engenheiro Carlos Grazina foi 'fisgado' pela empresa ainda na faculdade |
O engenheiro civil Danilo Oliveira, 27, escolheu sua graduação já
pensando em ir para área financeira.
Sabia que o setor gostava de
contratar profissionais com essa formação.
Ao terminar a faculdade, em
2010, foi trabalhar em um fundo de compra de participações em empresas
de Angola.
"Passei a lidar com fluxo de caixa, em vez de lajes.
Porém, o meu chefe
sempre ressaltava para os clientes que eu era engenheiro, como uma coisa
positiva", conta.
Quando voltou ao Brasil, recebeu proposta para trabalhar na área de
finanças de uma construtora, mas resolveu participar de seleções para
trainee.
No início deste ano, começou o programa de treinamento do
Itaú-Unibanco. "Durante a seleção, pelo menos 50% dos candidatos eram
engenheiros."
O setor financeiro é um dos favoritos desses profissionais.
Segundo
pesquisa do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças feita em 2010
com 350 associados, 20% dos associados com até 35 anos de São Paulo se
graduaram em engenharia.
A área foi a segunda principal origem dos
profissionais, atrás de administração, curso concluído por 29% dos
entrevistados.
Estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta que
apenas dois em cada sete formandos em engenharia atuam em carreiras
típicas da formação.
Mas, diferentemente das décadas de 1980 e 1990, quando o Brasil tinha
dificuldade de investir em infraestrutura e empurrava os engenheiros
para outras ocupações, hoje existem oportunidades para os que querem se
manter trabalhando em sua área de formação original.
"Vivemos outros tempos e, agora, o engenheiro qualificado não fica sem
emprego. As empresas o disputam ferozmente", afirma o presidente do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, José Tadeu da Silva.
A superintendente de gestão de talentos do Itaú-Unibanco, Maria Carolina
Lourenço Gomes, diz que está mais difícil contratar esse tipo de
profissional.
"A tendência do mercado é que os engenheiros busquem oportunidades nas
quais possam aplicar tecnicamente os conhecimentos adquiridos na
graduação."
BATALHA
A disputa das empresas é ótima para a remuneração do profissional, mas é
difícil dizer se ele ganha mais trabalhando em sua área ou buscando
outras oportunidades.
O gerente da área de engenharia da consultoria de
recursos humanos Hays, Roberto Coltro, faz a estimativa com base no Guia
Salarial 2012, pesquisa anual elaborada pela consultoria em parceria
com o Insper.
"O setor financeiro oferece ótimos salários, mas existem segmentos com
muita demanda, como petróleo e gás, que tiveram alta nas remunerações de
até 20% acima da média no último ano." Outros fatores, como experiência
e formação, também contam na composição de salários.
Segundo ele, o que é possível afirmar com certeza é que existe uma
espécie de "encantamento" pelo profissional, mesmo em áreas que não
necessitam da formação.
"Muitas vezes, temos de explicar para os clientes que existem
alternativas para as vagas e que ele não necessita especificamente de um
engenheiro. Alguns ficam frustrados e fazem questão do funcionário com a
formação", diz o consultor.
O diferencial do engenheiro seria o raciocínio lógico, conhecimento
matemático e abordagem sistemática para qualquer tipo de problema. "Eles
têm facilidade para aplicar seus conhecimentos em outras áreas e
domínio de cálculo complexo, o que lhe dá uma vantagem para lidar com
números", explica.
PROCURADOS
Para conseguir encontrar engenheiros, a construtora Cyrela tem uma política agressiva de recrutamento.
"Sabemos que existe uma deficiência no mercado, por isso fazemos
investimentos para encontrar estagiários que se formem e sigam crescendo
na empresa", destaca Celso Alves, gerente-geral de RH da Cyrela São
Paulo.
Atualmente a companhia tem 366 estagiários de engenharia e 190 profissionais formados atuando no Brasil.
Carlos Grazina, 32, foi um dos que foram "fisgados" ainda na faculdade.
Começou a trabalhar para a companhia quando ainda faltavam dois anos
para terminar o curso de engenharia civil na Universidade Camilo Castelo
Branco.
Passou os anos aprendendo o ofício nas obras e se aprimorando, até se formar em 2006 e ser contratado.
"Eu tinha o desejo de trabalhar na área e vi que a empresa permitia crescimento, o que contou muito para mim", diz Grazina.
Ele fez um curso de MBA de gestão e tecnologia de construção, financiado
pela construtora, e foi promovido ao cargo de gerente de obras da
Cyrela São Paulo em 2010. "Sei que o mercado está aquecido e já recebi
propostas tentadoras de concorrentes, mas preferi apostar no plano de
carreira da empresa."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/carreiraseempregos/73152-guerra-por-engenheiros.shtml
Guia Salarial 2012 - PESQUISA SALARIAL:
http://www1.hays.com/jobs/salaryguide2012/br/eng_1.html