23 junho 2012

Governo de sp cria plano ambiental com ações até 2020

Entre as medidas há a intenção de reduzir em 20% a emissão de CO2 e aumentar para 69% o uso de energia renovável

Um dia após o Planalto ter anunciado seu pacote ambiental, o governo paulista publicou ontem, no Diário Oficial, um plano de ações sustentáveis até 2020. Reiterando uma série de medidas anunciadas anteriormente, o decreto manteve metas ousadas para as áreas de saneamento, emissão de gases e uso de energias renováveis em todo o Estado, além da ampliação da rede de metrô e trem na capital.

Na área ambiental, as propostas incluem a redução de 20% da emissão de dióxido de carbono e um aumento do uso de energias renováveis, de 55% para 69%.

O documento também inclui a universalização do fornecimento de água e a coleta e tratamento de esgoto no território paulista.

Consideradas audaciosas pelos ambientalistas, as estimativas são vistas com ceticismo até dentro do próprio governo. Trabalhamos com ela (meta de emissão de carbono) como algo possível e real, mas, se não houver mudanças, é utópica, diz Oswaldo Lucon, assessor da Secretaria do Meio Ambiente para Economia Verde e Mudanças Climáticas.

A expectativa de queda de 20% na emissão de carbono é parte da Política Estadual de Mudanças Climáticas, criada em 2009. Desde então, admite Lucon, os níveis só aumentaram. Não se baixa lei e acaba com problema. É preciso convencer diversos setores, e isso demora. Segundo o assessor, as medidas que terão maior impacto são aquelas que envolvem o aumento do uso de etanol no setor de transportes.

Para Ricardo Baitello, coordenador de Clima e Energia do Greenpeace, a proposta estadual baseada no aumento do uso de etanol tem boas intenções, mas carece de ações efetivas. As metas têm números positivos, mas fico curioso sobre como o governo vai fazer para colocá-las em prática. Ainda não vimos as emissões estacionarem, a primeira missão é essa.

No cenário atual, dizem os ambientalistas, o planejamento do governo está defasado. Oito anos é muito pouco tempo. As metas, superiores às do governo federal, são positivamente ambiciosa, mas, em dois anos, não serão mais possíveis, diz o consultor e ex-deputado Fábio Feldman. É preciso começar com metas específicas para os setores da indústria.

No setor de saneamento, os níveis de fornecimento de água e coleta de esgoto em todo o Estado estão próximos dos 100% almejados pelo governo paulista. O principal problema, no entanto, está relacionado à proposta de universalização da rede de tratamento. Atualmente, apenas 63% do esgoto que é coletado passa por estações adequadas.

Universalizar isso é um desafio muito grande por causa das áreas de invasões e mananciais, que não estão sob domínio do Estado, especialmente na região metropolitana da capital, afirma o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. Não é preciso só vontade política, isso depende de recursos. É possível, mas temos de resolver essa questão. Também é preciso convencer os prefeitos, diz.
Outra proposta apresentada pelo governo se refere à ampliação dos atuais 17,5% de vegetação nativa no território paulista. Nos próximos oito anos, a meta é chegar a 20%.

Para Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento SOS Mata Atlântica, o tempo é curto e exige altos investimentos. É uma meta ambiciosa e espero que consiga atingir, mas o esforço de restauração florestal é caro. Poderia ser uma regeneração natural, mas neste prazo é difícil, diz Hirota. É necessária uma boa articulação envolvendo vários setores, pois a meta depende de esforço coletivo.
Metrô.

O governo colocou no plano a proposta, também já anunciada, de ampliação de metrô e trem na capital. O objetivo é estender o metrô dos 74,2 km atuais para 244,2 km e o trem, de 260,7 km para 369,0 km.

Arquivo INFOTRANSP