Projeto já apresentado por companhia sugere modelo econômico com integração ao transporte coletivo
Do mesmo modo como se despediu da
rotina da cidade, há 12 anos, como o BOM DIA recordou, na abertura desta
série sobre a ferrovia, sábado passado, os trens de passageiros podem
reaparecer na rotina do bauruense, de volta à antiga gare da estação
central.
Desta vez, para servir à população na
própria cidade, por VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), como este aí ao
lado, que já parece estar pronto para receber seus futuros passageiros
por aqui.
O projeto do futuro trem, aliás, já
desembarcou na cidade, no ano passado, apresentado pela principal
empresa nacional do setor, a Bom Sinal, com sede fabril em Fortaleza
(Ceará). “Bauru é uma cidade privilegiada para esse produto porque já
tem os trilhos disponíveis, o que economiza muito mais em sua
implantação”, afirmou o diretor de suprimentos e comercial da empresa, o
bauruense Ricardo Fanton.
Custos
Mas, para entrar nos trilhos, o VLT demandaria um investimento razoável. De acordo com os cálculos da empresa, o quilômetro do sistema sairia entre R$ 3 milhões e R$ 12 milhões.
Entende-se por
“sistema” o conjunto de operação - sinalização, passagens de nível,
cancelas, centro operacional, oficina e material rodante. “O modelo
ideal para Bauru, ao meu ver, seria o investimento público na via e nas
oficinas e a concessão do serviço para a empresa que venha a adquirir os
VLTs “, sugeriu Fanton.
Ele disse ter tido o
último contato com a prefeitura para tratar sobre o assunto em novembro
do ano passado. Desde então, aguardaria um pré-projeto para análise da
demanda.
Subvenção
O prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) avaliou bem a possibilidade de Bauru vir a contar com o VLT, mas fez algumas ressalvas em relação às condições para operação e sobrevivência do serviço.
“Hoje não teríamos
condições de tráfego em nossos trilhos. Não há segurança . E o VLT só
consegue se manter se houver subvenção do governo do estado ou federal.
Só com o dinheiro da passagem, não dá”, avaliou.
Mesmo
assim, o setor produtivo da cidade vê com bons olhos a possibilidade de
contar com o VLT como um esforço para diminuir o intenso tráfego de
veículos da cidade. “É uma ideia que precisa estar integrada com o
transporte coletivo urbano e que agregue mais qualidade”, afirmou o
presidente da Acib (Associação Comercial e Industrial de Bauru),
Reinaldo Cafeo.
Bauru teve ‘tentativa de subúrbio’ em 1988
A
interligação de bairros por trilhos não é uma novidade em Bauru. Entre
1988 e 1990, a extinta Fepasa ofereceu o Trem de Subúrbio.
A composição
era formada por dois carros de passageiros e duas locomotivas elétricas.
Fazia o trajeto entre a estação central e o núcleo Octávio Rasi, com
algumas paradas.
Mas, sem uma integração com os ônibus, acabou esquecido
e desativado.
6 Milhões de reais é o valor médio de um VLT da Bom Sinal
Apenas um VLT tira dez ônibus das ruas
Com
capacidade para até 766 passageiros, apenas um modelo com quatro carros
seria suficiente para desafogar o trânsito de Bauru de dez ônibus ou
mesmo 62 vans.
Além disso, a versão elétrica – assim como a por
biodiesel – desses veículos têm durabilidade de até 30 anos e manutenção
quase que 100% de produtos feitos no Brasil.