10 julho 2011

Turista conectado quer hotel com web e celular vira item indispensável

Internet se transforma em necessidade básica de hotéis; em meio a turistas tão conectados, os hotéis brasileiros começam a se adequar a essa nova realidade

Viajar de férias e se desconectar dos problemas é uma realidade do passado. Hoje, o celular se tornou um item tão básico em uma mala de viagem quanto a escova de dente. Além de acessar redes sociais e o e-mail, o celular pode servir como mapa, GSP e guia de viagem, basta estar conectado à internet.

Nos EUA, por exemplo, mais de um terço dos entrevistados em pesquisa da Osterman Research admitem que não conseguem ficar sem checar o e-mail diariamente, mesmo durante as férias.

Em meio a turistas tão conectados, os hotéis brasileiros começaram a se adequar a essa nova realidade. No dia 21 de junho, uma portaria publicada no Diário Oficial da União apontou como exigência para hotéis entre três e cinco estrelas a obrigatoriedade de fornecer acesso à internet no quarto.

“Acredito que a internet hoje é como água quente. Tanto o hóspede corporativo quanto o turista querem ter internet no quarto”, disse Greetje de Haan, gerente do site Booking.com no Brasil. Ela conta que nos últimos anos a demanda por reservas feitas por celular está aumentando. “Temos exemplos de pessoas que chegam pelo Aeroporto Santos Dumont, no Rio, e fazem a reserva do hotel dentro do táxi, pelo smartphone”.

Ter internet no hotel não é mais um diferencial. "Toda hotelaria hoje entende que isso é uma necessidade básica”, explica Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. “A internet no passado era cara, por isso o serviço era cobrado. Hoje, os equipamentos e a instalação estão mais acessíveis. O hotel está deixando de ver isso como um custo”.

No entanto, turistas no mundo todo ainda encontram hotéis que cobram tarifas pelo acesso wi-fi, ou que nem sequer dispõe de internet. Larissa Milesi, de 27 anos, e Otacílio Neto, 35, viajaram para a Europa na Lua de Mel em maio. Com um iPhone em mãos, eles pretendiam acessar a web todos os dias. Porém, encontraram algumas dificuldades.

“Eu sempre usava a internet wi-fi do hotel. Alguns cobravam e eu me recusava a pagar, o que era uma droga”, conta Larissa, que procurava sinal em lugares públicos, como aeroportos e shoppings.

Outra decisão do governo que tenta colocar a internet no Brasil no mesmo patamar dos países desenvolvidos é a implementação de internet sem fio de graça nos principais aeroportos brasileiros. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, anunciou que a presidente Dilma Rousseff quer internet gratuita nos aeroportos até o final de julho.

CELULAR MULTIUSO
O pesado guia de viagem foi substituído pelo smartphone, que funciona como GPS, notebook e câmera fotográfica. No caso de Larissa, o iPhone foi útil para “atualizar” os livros. “Muitas vezes, os guias não mostravam os horários certo de funcionamento de alguns locais”.

Como estavam recém-casados, os amigos de Larissa e Otacílio queriam saber as novidades da viagem. “Comecei a levar meu iPhone para tirar fotos e postar no Facebook. Meus amigos conseguiam acompanhar tudo em tempo real”, conta Larissa, que conversava com a família pelo iPhone sem gastar nada, por meio do programa Viber. “Acho que seria impossível ter feito a viagem sem o iPhone”, conclui.

Emilly Villodre, de 25 anos, e Camillo Borges, 28, foram para os Estados Unidos por três semanas em fevereiro deste ano. Como Camillo tinha um iPhone, eles optaram por não levar guias de viagem. “Usávamos a internet para saber como chegar, onde almoçar ou para procurar lugares que tínhamos visto em filmes”, conta Emilly. Para não enfrentar problemas com a falta de wi-fi, eles decidiram comprar um chip pré-pago pela operadora T-Mobile. Por US$ 50, eles tinham ligações e mensagens SMS ilimitados para os Estados Unidos e 100 MB de internet.

Nos planos de viagem de Emilly e Camillo estava alugar um carro para ir a Los Angeles e Las Vegas. Um aplicativo de GPS no iPhone ajudou o casal a se localizar no país estrangeiro. “Meu irmão mora em San Diego, no sul da Califórnia, e nos deu as primeiras coordenadas. Depois, usamos o GPS e as placas para nos guiar”, conta Emilly.

A máquina fotográfica do iPhone é uma das principais vantagens do aparelho em viagens, segundo Leonardo Pereira, de 33 anos. “Sempre levo minha câmera digital, mas ela perdeu espaço”, conta.

Ele ganhou um iPad da mulher no último Natal e, agora, o tablet da Apple se tornou o principal gadget usado nas suas viagens. Leonardo levou o iPad para a Europa – França, Bélgica e Suíça – nas suas férias no início do ano. “Usei nos hotéis que disponibilizavam wi-fi para mandar e-mails e compartilhar fotos”, conta. Ele também verificou passagens de trem na Suíça pelo aplicativo da empresa de transporte local (DB Navigator e SBB Mobile) e, antes de viajar, montou um roteiro pelo iPad. “E, claro, usei para ver a previsão do tempo".

Sobre as diferenças de se usar um tablet ou um smartphone nas viagens, Leonardo acredita que o iPad é mais cômodo. No entanto, o celular tem sua importância. “Se o intuito é usar aplicativos e armazenar fotos, o iPad é melhor. O iPhone tem a vantagem da máquina fotográfica e filmadora, além de cumprir sua função essencial de celular. No fundo, quando levei os dois, eles se complementaram. Bati muitas fotos com o iPhone e descarreguei no iPad”.
 

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