15 julho 2011

Atraso de um minuto nos trens já é motivo de constrangimento na Suíça

Atraso de um minuto nos trens já é motivo de constrangimento na Suíça
Pontualidade é obrigação para quem fabrica os relógios mais famosos do mundo. Além disso, os trens podem ser janelas para imagens surpreendentes.


Tanta habilidade com os minutos e os segundos é coisa de quem tem o tempo na mão. Para quem fabrica os relógios mais famosos do mundo, pontualidade é obrigação. Se depender do sistema de transporte, ninguém na Suíça perde a hora.

Uma estudante, quando perguntada se o trem vai sair no horário, responde: “Tenho certeza absoluta”. Uma outra garota conta que já perdeu o trem porque chegou dez segundos atrasada.

A equipe do Jornal testou a pontualidade do serviço. O trem chega à estação às 9h15 e às 9h20 sai o segundo trem. São só cinco minutos pra ir de uma plataforma a outra. A equipe torce pra que o segundo trem atrase, senão vai ser bem corrido.

Com toda a correria eles conseguem embarcar. O trem sai um minuto atrasado. Atraso de mais de um minuto já vira constrangimento. Uma professora brasileira, que mora na Suíça, mal acreditou no que ouviu logo que chegou. “Fui pegar o trem na estação e eles informaram que atrasaria dois minutos. Eles se deram ao trabalho de avisar, escrever no placar e pedir desculpas”.

Além de pontuais, os trens podem ser janelas para imagens surpreendentes. Sejam as boas vindas na chegada ao aeroporto ou as paisagens dos alpes suíços.

“O lugar é um das mais lindo que já vi”, derrete-se uma turista australiana. A amiga dela diz que é tudo tão bonito que até as vacas parecem felizes.

Como em qualquer viagem, a gente costuma ir conversando, para passar o tempo. Mas nos trens da Suíça, pelo menos em alguns vagões, isso não é possível. É o chamado vagão do silêncio. Quem vai lá não faz barulho e não gosta de barulho. É cada um na sua.

A Suíça tem mais de cinco mil quilômetros de ferrovias. Nas cidades, elas e as linhas de ônibus se conectam. Todos os dias, o equivalente a 12% da população do país anda de trem. Para que todos entendam, os comunicados são feitos em três línguas diferentes.

Em Zurique, a cidade mais populosa do país, metade dos moradores nem tem carro porque prefere usar o transporte público, diz o gerente das ferrovias. Uma mulher conta que tem, sim, um carro em casa, mas prefere andar de ônibus. Carro, só uma vez por semana, quando tem que fazer compras e carregar as sacolas.

A pontualidade vira até atração para turista. Um casal de turistas do Rio de Janeiro contam o que acharam da experiência. "Essa placa indica exatamente quanto tempo falta para que o ônibus chegue. Esse horário é seguido rigorosamente", diz o advogado Felipe Rocha. "Pontualidade é certa, sem dúvida. Eu acho que tem a ver com a fabricação de relógios, sim", comenta a advogada Carolina Martins.

http://www.jornalfloripa.com.br/mundo/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=9263

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