Entre as ações que tornaram as cidades europeias ‘lugares verdes' estão a meta de eliminar o consumo de combustíveis fósseis
Entre as ações que tornaram as cidades europeias ‘lugares verdes' estão a meta de eliminar o consumo de combustíveis fósseis e reduzir as emissões de CO2 em 80% até 2050, a alta qualidade do ar, grande quantidade de áreas verdes e recreativas, planos de preservação da água e excelência em transporte público, além das ciclovias e ciclo faixas por todas as cidades. Enfim, o nosso estilo de vida pode afetar a vida do planeta de forma aguda.
O EXÉRCITO DOS INVISÍVEIS
O estímulo ao transporte não motorizado ajuda a proteger o meio ambiente e ainda melhora do condicionamento físico da população. A bicicleta é um ‘veiculo de bairro', ‘dona' de um território de seis quilômetros de raio. Nestes curtos trajetos, a segurança de circulação é fundamental.
O importante nas nossas cidades é ter ruas ‘amigáveis', não necessariamente dotadas de ciclovias, infraestrutura que depende de poder-se dispor de espaços cada vez mais escassos, senão indisponíveis no viário - quase nunca dotadas de condições de abrigar ciclo faixas, mas nas quais a baixa velocidade das bicicletas (15 a 20 km/h) não deveria ser ameaçada pela velocidade do tráfego, nos limites permitidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, de 30 km/h em vias locais.
VER E SER VISTO
A segurança no trânsito se baseia fundamentalmente no ‘ver e ser visto'. Três pontos devem ser considerados como prioritários na discussão da segurança:
Fazer valer a proibição do uso de insufilme nos carros. Ciclistas e pedestres devem ter certeza que os motoristas os estão vendo, o que pressupõe que pedestres e ciclistas possam enxergar para onde os motoristas estão olhando.
A eliminação da ‘direita livre' nos cruzamentos (direita livre é a permissão de que os carros possam virar à direita com o sinal fechado para o trânsito ‘à frente'; nestas condições, os carros mantêm o direito de passar pelas faixas de pedestres, tanto as que cruzam a via ‘direta' como as que existem na via lateral). Nos países ‘civilizados', virar à direita nestas condições está condicionado à imposição de que o motorista respeite a passagem de pedestres e ciclistas por estas duas faixas, só avançando quando as duas travessias estiverem desimpedidas. No Brasil, infelizmente isso não ocorre.
É inaceitável o argumento de que o ciclista não foi visto ‘por estar no ponto cego' do carro. Na época do Big Brother, com câmeras instaladas em todos os locais, que a indústria automobilística ainda se valha de espelhos para dar aos motoristas a visão do que existe no entorno dos carros esta afirmação é um absurdo. Pior, instalaram nos espelhos da lateral direita dos carros, um espelho côncavo que dá, ao motorista uma imagem distorcida da distancia ‘real' que o separa de outros veículos (bicicletas e motos, principalmente).
TREINAMENTO
Não se exige dos ciclistas que tenham conhecimento prévio das regras de trânsito. Por isso é importante a montagem de programas educativos e campanhas permanentes sobre as técnicas do que se chama ‘pedal defensivo'. Os ciclistas em geral, aprendem, ‘na prática', as regras de convivência no trânsito ou como se pode dizer, regras de sobrevivência. O problema é que os motoristas também não têm nenhum treinamento e quase nenhuma tolerância para o ‘trafego compartilhado'.
Finalmente, pedalar é bom para todos. Se tivermos menos carros nas ruas, teremos mais espaço, mais qualidade de vida, um ar mais respirável e menos barulho, menos acidentes, menos estresse no trânsito. É preciso desenvolver um senso de cidadania, no qual cada um tenha consciência de seu papel no futuro do planeta.
É preciso ter a ousadia de implantar novas formas de se deslocar. Vamos ousar fazer diferente, fazer outro tipo de pergunta E achar outro tipo de resposta.