18 novembro 2012

Trem-bala entre Rio e SP deve custar R$ 30 bilhões

O projeto trem-bala vai ligar as cidades do Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas. É o único projeto de trem de alta velocidade em andamento no país.

Imagine uma viagem por terra do Rio a São Paulo a 350 quilômetros por hora em uma hora e meia de travessia.

Abandonado há décadas, o transporte ferroviário de passageiros parece estar a um passo do futuro. Ainda no papel, a linha de trem de alta velocidade estima 511 quilômetros entre as duas capitais. 

De São Paulo, sairia uma segunda linha de 97 quilômetros até Campinas, um percurso com nove paradas no total.

A antiga estação de trens da Leopoldina, perto do centro do Rio, foi construída nos anos 20, e está fechada há 11 anos. Hoje, o terminal abriga um depósito de locomotivas. 

Mas o projeto do trem bala prevê que a estação volte a receber passageiros: será o ponto de partida e de chegada do trem de alta velocidade.

A previsão do governo de pleno funcionamento é em 2020, bem depois da Copa e das Olimpíadas. E um dos pontos mais discutidos entre especialistas é o custo da obra, estimada em mais de R$ 30 bilhões, mas que pode dobrar de valor ao longo da construção.

Para o consultor Maurício Lima, há outras prioridades à frente do trem bala. De acordo com o Instituto Ilos, da UFRJ, o Brasil ocupa a lanterna no ranking de infraestrutura ferroviária, quando comparado a outros cinco países, entre eles, China, Índia e Estados Unidos.

“Outra possibilidade seria investimento do governo no transporte mais ligado à mobilidade urbana, onde se gasta uma parte do tempo para ir e voltar do trabalho”, afirma.

Já o economista Riley Rodrigues Oliveira, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, acredita que o projeto trará para o país uma tecnologia inédita e um incentivo para pesquisadores e para o surgimento de parques industriais que vão abastecer o setor.

“A tecnologia criada em um trem de alta velocidade pode ser aplicada em vários outros setores, desde o setor automobilístico à ampliação do próprio sistema ferroviário para carga e passageiros, que é incipiente para passageiros no Brasil, e até para setores de mobilidade urbana”, explica.

“Se não tiver o trem vamos ter que fazer mais aeroportos nas duas cidades. O diagnostico do trem de alta velocidade é porque não existe forma mais adequada de atender a demanda, não é possível construir nos 40 anos mais dois ou três aeroportos no Rio e em São Paulo. Termos tráfego na magnitude que demanda vai exigir, a melhor solução é ferroviária, que é a solução que se adota em todos os lugares do mundo”, afirma Bernardo Figueiredo, presidente da ELP.

O projeto do “Trem do futuro” exige uma tecnologia inovadora, defende o professor Richard Stephan, da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O sistema previsto para o trem bala é o roda trilho, usado no Japão há 50 anos.

O professor diz que trens de levitação magnética, como o que liga o aeroporto de Xangai, na China, até o centro da cidade, são ainda mais rápidos e seguros: chegam a 500 quilômetros por hora. E, além da tecnologia de ponta, oferecem mais vantagens, como uma alternativa mais barata.

“O que abre perspectiva de inovação é levitação magnética, não o roda trilho de alta velocidade. É claro que tem vantagens, mas já conhecida há mais de 50 anos no Japão, país que já está visando a tecnologia de levitação. Se queremos inovar vamos para a levitação , não acho justo dizer que o trem de alta velocidade será inovação. Vai ser a implantação de algo já consolidado em vários países do mundo”, diz.

A discussão sobre o transporte de passageiros sobre trilhos ganha destaque no país pouco antes do novo edital de licitação do trem bala, marcado para o fim deste mês.
 

Arquivo INFOTRANSP