Intenção do Estado é utilizar infraestrutura existente para viabilizar o transporte de passageiros | ||
Primeira concorrência para instalação de trem metropolitano na RMBH é anunciada. Governador assina acordo com Agência Nacional de Transportes Terrestres e Empresa de Planejamento e Logística para viabilizar transporte ferroviário de passageiros
Por
muitos anos um metrô que ligasse diversas cidades
da região metropolitana de Belo Horizonte foi apenas
um sonho.
Agora, aquilo que era um projeto poderá
se tornar realidade por meio de um trem metropolitano. Poucas
pessoas sabem, mas existem diversas linhas em toda a extensão
da região que hoje servem para o transporte de cargas.
A intenção do Governo de Minas é utilizar
a infraestrutura existente nessas linhas para viabilizar
também o transporte de passageiros.
O governador
Antonio Anastasia anunciou nesta sexta-feira (26), no Palácio
Tiradentes, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte,
que entre o final deste ano e o início de 2014 será
lançado um edital de concorrência para adequação
dessas linhas para o transporte de passageiros.
Para viabilizar
o projeto do TREM – Transporte sobre Trilhos Metropolitano,
o governador assinou um Acordo de Cooperação
Técnica entre o Governo de Minas, a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Empresa de
Planejamento e Logística (EPL), do Governo Federal,
para eliminar as lacunas regulatórias existentes
no tráfego ferroviário de passageiros.
“Fico
muito satisfeito de termos assinado esse convênio.
Na realidade é mais um passo dentro de uma quase
epopéia de devolver a Minas Gerais aquilo que nós,
mineiros, temos, uma grande vocação que é
o transporte ferroviário.
No momento atual por que
passa o Brasil, com grande clamor público para a
melhoria dos transportes coletivos que é uma grande
necessidade, nós precisamos inovar e sermos criativos.
A nossa intenção é utilizar uma infraestrutura
já existente que pode ser otimizada e aprimorada
para que também, além da carga que é
tão importante, para o transporte de passageiros,
diminuindo o número de veículos, de ônibus,
de emissão de gás carbônico, facilitando
a mobilidade das pessoas”, afirmou Anastasia.
O projeto
da primeira linha está em fase final de elaboração
e deverá ter investimentos de cerca de R$ 1,8 bilhão.
A linha sairá de Betim, passando por Contagem e Ibirité
e chegará até a região de Águas
Claras, no Belvedere, em Belo Horizonte.
Pela proposta inicial,
a ser discutida ainda com os municípios, serão
21 estações e 60 quilômetros de linha
que poderão atender cerca de 150 mil pessoas por
dia.
O projeto já foi apresentado ao Governo Federal
e aguarda aprovação e transferência
de recursos.
No caso de a União não viabilizar
o projeto, o Governo de Minas fará uma parceria público-privada
(PPP) para assegurar a realização das obras.
“Eu
encaminhei, hoje, ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro,
a solicitação formal para que dentre um conjunto
de medidas da ordem de R$ 7 bilhões para Minas Gerais,
este programa tenha prioridade com a possibilidade de nós
recebermos esse recurso o que vai agilizar, e muito, essas
obras. Do contrário, vamos fazer a parceria público-privada”,
afirmou Anastasia.
O presidente
da Empresa de Planejamento e Logística, Bernardo
Figueiredo, elogiou o pioneirismo de Minas Gerais no assunto
e disse que é um exemplo a ser levado para todo o
Brasil. “Eu fico muito feliz de estar aqui, porque
esse é um projeto que acho que pode ser modelo para
vários outros.
O Governo Federal está lançando
até dezembro a contratação da reconstrução
da malha ferroviária brasileira. A gente tem uma
janela de oportunidades que temos que explorar”, destacou.
Mais
linhas
No total, o projeto do TREM contempla ainda mais duas linhas, Horto – Nova Lima e Horto – Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, chegando até Sete Lagoas, em um total de mais de 190 quilômetros de linhas férreas.
Essas duas linhas ainda estão com os projetos em
andamento que deverão ser finalizados até
outubro.
A seguir
será feita consulta pública e, posteriormente,
a publicação do edital, que conterá
os prazos para implantação dos serviços
e início das atividades.
Os estudos sobre a viabilidade
dos projetos começaram em 2011.
O secretário
de Gestão Metropolitana do Governo de Minas, Alexandre
Silveira, explica como se desenvolveu o projeto.
“A
Universidade Federal foi contratada para estudar mais de
1,5 mil quilômetros de malha ferroviária na
Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Nós
apresentamos à iniciativa privada, através
de um procedimento de manifestação de interesse,
toda essa gama de patrimônio nacional que é
a nossa malha ferroviária, para que ela estudasse
a viabilidade e nos apresentasse pré-projetos de
engenharia daquilo que seria, do ponto de vista social e
econômico, viável.
Temos que respeitar aquilo
que era possível compatibilizar, o que hoje foi apresentado
aqui, que são esses quase 200 quilômetros de
malha ferroviária que já podem ser compatibilizado
com o trem de passageiro”, explicou.
Para
o prefeito de Betim e presidente da Associação
dos Municípios da Região Metropolitana de
Belo Horizonte (Granbel), Carlaile Pedrosa, o projeto do
Governo de Minas vai melhorar muito o transporte coletivo
na região.
“Hoje, essa é a solução,
sem dúvida nenhuma, do transporte de massa. Eu quero
parabenizar o governador Anastasia por esse importantíssimo
passo em busca da mobilidade urbana tão fundamental
atualmente quando temos rodovias sobrecarregadas e obstruídas”,
afirmou.
“De
todo o modo, é decisão do nosso governo colocar
avante esse projeto.
Porque o que precisamos fazer em termos
de transporte é planejamento. Se nós tivéssemos
feito um planejamento décadas atrás no Brasil,
certamente teríamos hoje uma situação
muito mais tranquila”, destacou Anastasia.
Ferroanel
Nesta sexta-feira ainda foi assinado um Convênio de Cooperação com a MRS Logística.
A empresa
vai elaborar um estudo de viabilidade técnica, econômica
e ambiental para implantação do Ferroanel
da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Se
for viável, o Ferroanel poderá tirar a maior
parte do transporte ferroviário de cargas que hoje
passa pela Região Metropolitana, criando uma alternativa
definitiva para o fluxo dessas cargas e liberando as linhas
existentes dentro da RMBH para transportes de passageiros.
As linhas são hoje ocupadas pela própria MRS
e pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA).
Esses estudos
devem durar cerca de um ano.