Com o avanço da tecnologia, o controle de diversos recursos eletrônicos tem
migrado do painel para o volante, que deixou sua função de apenas operar a
trajetória do veículo para tornar-se uma espécie de joystick do motorista.
Modelos mais acessíveis, como o VW Gol, e até picapes, como Ford Ranger e
Chevrolet S10, oferecem essa solução. O objetivo é manter a atenção do motorista
na direção.
Desviar os olhos da estrada para procurar o botão de volume do rádio, por
exemplo, pode tomar até dois segundos. Com o carro rodando a 100 km/h, isso
equivale a percorrer mais de 55 metros.
Entre as funções operadas por botões e aletas no volante estão câmbio,
sistema de som, ar-condicionado e telefone.
O Ford Edge, que traz o recurso
multimídia Sync, desenvolvido em parceria com a Microsoft, possibilita a
navegação por várias funções, tudo por meio das teclas no volante.
A BMW está
desenvolvendo um sistema que permitirá compor oralmente mensagens de texto e/ou
e-mail para envio pelo celular.
O excesso de informação concentrada no volante, no entanto, pode mais
atrapalhar do que ajudar. Algumas fabricantes, como a Porsche, alertam que
operar os equipamentos com o carro em movimento é perigoso.
Para o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Dirceu Alves
Junior, alterar funções do sistema de som ou o computador de bordo em nada afeta
a direção. Mas recursos mais aprimorados, como telefone celular, são
perigosos.
“Apesar de estar em viva-voz, o motorista volta sua atenção ao interlocutor e
passa a dirigir mecanicamente. Se alguém lhe perguntar detalhes do trajeto, ele
não vai saber responder.”
Conforme Dirceu, apenas 2% da população consegue desenvolver, com atenção e
foco, duas atividades ao mesmo tempo.
É bem diferente do que ocorre na Fórmula 1, por exemplo.
Com cerca de metade
do diâmetro de um volante “normal”, o de um carro da categoria tem mais de 20
botões, para funções que vão desde o “neutro” do câmbio à operação do rádio para
falar com a equipe, passando pelo balanço dos freios, funcionamento do
diferencial e do Kers. E o piloto deve operá-los durante a corrida, entre as
curvas, e até a mais de 300 km/h.
http://blogs.estadao.com.br/jornal-do-carro/volante-funcao-demais-atrapalha/